sábado, 16 de fevereiro de 2008

SÉRIE MÃOS

Esta série foi feita originalmente em preto e branco.

Saí pelas ruas buscando trabalhadores que tivessem como principal ferramenta as mãos...
Um beijo grande
Kátia

MÃOS DADAS
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.
(Carlos Drummond de Andrade)

1 comentários:

Jacinta Dantas disse...

Mãos.
Com elas se faz um afago, escreve poesia, aponta o outro, cuida, recebe, mata, doa-se.
Adorei a oportunidade de reflexão que a foto e o poema me proporcionam.
Beijo Kátia