sexta-feira, 4 de julho de 2008

RAIO X

O Encontro era perfeito

Duas almas que se reencontravam
Que se compreendiam num olhar
Onde desnecessárias eram as palavras.
Cada qual deu o que de melhor tinha
Para o engrandecimento do outro
Uma música, um filme, livro
Poesias, rosas, conversas,
Passeios, exposições,
Energia nas palmas das mãos,
Tudo era oportunidade de crescimento
(até mesmo num ditado banal).
Mas ele amou com mais urgência
(já que amor não tem como medir)
Abriu mão de casa, família, emprego
Para sua amada seguir.
Ela mais lenta, covarde
Demorou muito decidir...
Daí seus caminhos se afastaram
Até não sobrar nem vestígio ao olhar.
Ele seguiu, cresceu, progrediu.
Ela ficou, também progrediu, mas não cresceu.
Ele se ateve às coisas grandes
Ela se apegou (nas palavras dele) às ninharias
Ele alçou novos vôos.
Ela ficou presa na calmaria
Ele se tornou homem melhor, brilhante
Ela? Mesquinharia...
Quando os caminhos tornaram a se encontrar
Para ela ainda era o mesmo amor
Para ele era passado
Para ela ele ainda era o herói
Para ele, ela era nada.
Mas ela não compreendia
E só quando em palavras
Tudo foi colocado
E ele falou em desamor
Em estorvo, incômodo,
Até insultos usou...
Em ela não ser quem havia imaginado
Que tudo não passou de um grande engano
Reduzindo-a a pouco mais que nada
Foi que ela chorou lágrimas secas
(anos de prática haviam-na preparado).
Haviam explicações para algumas atitudes
Mas agora eram desnecessárias
E ela, ainda com seu amor "menor"
(porque amor só sabe quem sente)
Dormiu algumas horas
(ou teriam sido minutos?)
E levantou ao alvorecer na manhã seguinte
Pronta para nova batalha
Triste, mas sem mágoa
Pois mágoa é sentimento de quem não ama.
E se algum dia seus caminhos voltarem a se encontrar
(há tanto mistério nos desígnios maiores)
Será maravilhoso,
Se não, não há nada a fazer.
Só terá nascido mais uma encruzilhada
Neste labirinto chamado viver.

Autoria: Kátia Corrêa De Carli - inédita
Imagem: Momunento ao Holocausto - Berlim - Alemanha

8 comentários:

Tell Aragão disse...

dá um aperto no coração... um medo!

meus instantes e momentos disse...

lindo teu post, lindo teu blog. Muito bom vir aqui. Vai virar mania.
maurizio

RENATA CORDEIRO disse...

Muito lindo, Kátia querida, que tanta força me deu nesse momento crítico que atravesso. Vim agradecer-lhe e só posso retribuir à minha maneira. Enquanto fico de resguardo, fiz um novo post, As pontes de Madison. Apareça:
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um beijo,
Renata Cordeiro

Paula Barros disse...

O amor não se mede. Quem evoluiu? Para que crescer se não pode sentir o amor? A esperança ainda alimentada. As vezes alimentamos sentimentos que não devem ser alimentados...Fico por aqui pensando, refletindo.
Fantástico a forma que você escreve e expressa os sentimentos. (será q. já disse isso? mas repetirei toda vez que sentir o que sinto agora)
abraços e um belo sábado

Dry Neres disse...

Nossa!!! Que bom que você apareceu no meu espaço, para que e pudesse conhecer o seu..
Fiquei por algum instantes em silêncio e era como se eu pudesse escutar sua voz contando cada letra dessa..
Entre os encontros e desencontros da vida, realmente perdemos muitas coisas amiga, mas também ganhamos outras. Tesouros invisíveis que se fazem grandes: o aprendizado!
Sou nova ainda, mas sei do poder que essas palavras tiveram em mim!! Penetrantes!!
Artista, você é uma, sem dúvida alguma..
Um grande beijo.

Dry Neres

Jacinta Dantas disse...

É Kátia,
esses desencontros vão nos pegando no caminho do amor. e se o encontro acontecer de novo, que bom! Do contrário, a gente busca um novo encontro, que também é muito bom.
Beijos e bom domingo

layla lauar disse...

muitas vezes, olhamos para trás e verificamos o tanto que fomos medrosos em determinadas ocasiões. Vimos, então, que perdemos tempo para gozar verdadeiros momentos, que perdemos tempo de vida. Umas vezes, esquecemos tudo e passamos a viver o presente com intensidade; outras, quando acordamos da letargia, verificamos que já não temos hipóteses de ter um futuro como gostaríamos, porque perdemos uma parte de nós e ficamos amputados na alegria de viver.

muito, muito lindo seu conto..poetivamente triste e emocionante. É realmente um prazer ler você.


beijos, uma semana iluminada

Chellot disse...

Não há como medir o amor nem ao menos entendê-lo. Apenas senti-lo.

Beijos de sol e de lua.