E o que fizemos das pessoas que cruzaram nossos caminhos?
Quantas vezes deixamos que elas saiam de nossas vidas por pura falta de tempo, gastamos nosso tempo acumulando coisas, às vezes também pessoas, mas quanto tempo gastamos cultivando e cuidando daqueles que cruzaram nossos caminhos?
A maioria daqueles que me conhecem sabem que agradeço a Deus todos os dias pela graça de ter tantos amigos. Sou abençoada neste aspecto. Mas depois de tudo que me aconteceu eu fiquei imaginando o que teria acontecido com as pessoas que foram importantes na minha vida e que perdi.
Perdi para o tempo, para a distância, alguns pra a morte, para a correria dos anos que passei acumulando coisas.
Quando a “Dona Morte” cismou em querer me visitar, o máximo que fez foi me fazer perceber o quanto a gente deixa de dizer e fazer pelo outro, na suposição de que é desnecessário porque ele já sabe. E assim deixamos de dar aquele abraço de verdade, que abarca o físico e também a energia. Deixamos de dizer “eu te amo” ao amigo querido, aos nossos filhos, aos pais (quem ainda os tem)... o “eu te amo” fica, quase sempre, restrito ao amor físico e, quando muito, o dizemos aos nossos companheiros(as).
“Ela” também despertou em mim o desejo de saber o destino de algumas pessoas que passaram pela minha vida e que eu deixei que se fossem.
Assim, comecei a pesquisar na internet buscando uma pessoa a quem eu tenho um grande carinho, muito embora na última vez que nos vimos eu tivesse apenas 18 anos.
O tempo não conseguiu apagar todos os momentos que passamos juntos, o que crescemos juntos, o que aprontamos...
Ele foi um dos rapazes que fez a minha adolescência ser tão feliz.
Com ele dancei muitos bailes, ele me dava coragem para participar do roubo da “luz negra” – única da cidade - pertencente ao “padre bravo” para fazermos nossas boates no terraço da sua casa no período de férias, por ele eu viajava horas em estrada de chão, sacolejando naqueles ônibus de interior.
Com ele descobri amar longe e que distância é uma questão somente física (embora só viesse a ter consciência disso muito tempo depois).
Com ele eu vivi meu amor adolescente.
Brigávamos tanto que depois de umas três idas e vindas decidimos ser só amigos... e que amigos maravilhosos teríamos sido se a vida (ou o destino) não tivesse nos separado.
Hoje, depois de muita procura, eu o encontrei.
Falamo-nos ao telefone, rimos, brincamos, nos emocionamos... mas era pouco tempo para tanta vida separada.
Sei que muitas pessoas não compreendem como uma mulher casada sai procurando outro homem, ainda mais um ex-namorado. Ainda bem que meu marido tem a cabeça aberta e valoriza as amizades tanto quanto eu.
Por isso, meu querido amigo rencontrado, que você nunca se esqueça: Você é um capítulo muito bonito da minha história e que eu te amo.
PS1: Preservo a identidade do meu amigo porque ele (ainda) não sabe deste post.
PS2: Muito a contragosto estou tentando me adaptar às novas regras ortográficas (mas me recuso a escrever lingüiça sem trema).
PS3: Ele entende a foto... rs