quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

DE AMORES


Porque estava conversando com uma amiga sobre tudo e sobre nada e falávamos sobre um grupo que iria montar uma peça “De Amores” porque ela havia apresentado-lhes a música-texto Vênus, do Paulinho Moska e então eu lembrei do primeiro verso que diz “A religião que nós dois inventamos/Merece um definitivo talvez... pelo menos” e lembrei de um amor perdido, que não teve sequer um talvez, lembrei de todos amores jurados para sempre que descobriram que pra sempre é um lugar que não existe, lembrei de um amor que um dia foi todo meu e, depois de outros amores, diz para outra pessoa "Because I love you... plain and simple as that!", porque eu lembrei que ouço, choro, torno a ouvir, chorar...
Mas é lindo!
Compartilho com vocês o texto:

Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor nos domine?
Minha resposta?
O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,o amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor, não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.





3 comentários:

Carla disse...

Diante do labirinto do amor, precisamos nos transformar em Ariadnes e traçar o fio que aquece a alma e mostra a saída.

Poeta Mauro Rocha disse...

Ola Kátia!! Belo texto e é de amores que o mundo precisa!!

Quero desejar-lhe um Feliz Natal para você e toda sua familia e que tenhamos muito amor e paz nos das que se seguem,estou antecipando pois vou viajar e não haverá internet onde vou,rssrsrr, mas independente diso, gostaria de dizer que estarei ligado a todos na esperança de um Brasil e mundo melhor e no desejo que sejamos muito felizes. Um abraço!!

Vanuza Pantaleão disse...

Nossaaaaa, depois de tudo isso, acabei de perceber que fiz tudo errado e acho até provável que nunca tenha amado...fiquei preocupada, Katinha.
Mas esse post é lindoooooooooo