sexta-feira, 6 de agosto de 2010

HANAMI - CEREJEIRAS EM FLOR


A VIDA E AS FLORES SÃO EFÊMERAS


Para Alê Marques, Camila e Daniela Sanches,

Para falar sobre esse filme tenho que voltar no tempo...

Ao me aposentar, já com filhos criados, resolvi prestar vestibular para jornalismo. Não havia dinheiro para faculdades particulares, este estava destinado aos filhos, caso necessitassem. Fui, sem esperança, para a Federal. Passei!

No primeiro dia de aula me apresentei vestida de tailleur, bem maquiada, salto oito, cabelo preso em coque. Deparei-me com 39 adolescentes, jeans, camiseta, bermudas, shorts, profusão de pernas, vozes, energia.

Aos poucos fomo-nos conhecendo. Acho que eu os amei primeiro.

Eu procurava ensinar-lhes da vida, ser a confidente, o colo.

Eles me alimentavam de juventude, ensinaram-me a usar jeans, camiseta e tênis. Rejuvenesceram-me.

Ganhei mais de uma dúzia de filhos espirituais.

Ora filhos, ora irmãos, sobrinhos, pais... e essa troca, quase quinze anos depois, persiste.

Foi Alê Marques (uma filha/mãe/irmã/amiga de faculdade) quem postou no Facebbook a frase “O paraíso é onde a felicidade está”. Vieram os comentários da Camila, da Dani e o desejo de assistir ao filme Hanami – Cerejeiras em Flor. Fui ontem! Valeu cada minuto, cada reflexão, cada emoção.

O filme conta a história de um casal sessentão de alemães, o que poderia levar-nos a esperar algo um tanto enérgico e frio.

Apenas Trudi sabe que seu marido Rudi está sofrendo de uma doença terminal e ela precisa decidir se vai contar a ele ou não. O médico sugere que eles façam algo juntos, como realizar um velho sonho. Trudi decide não contar ao marido sobre a gravidade de sua doença e aceita o conselho do médico.

Ele, metódico, é convencido a visitar os filhos em Berlim. Lá descobrem que não mais conhecem os filhos. Descobrem, também, que os filhos os consideram um estorvo.

Decidem ir rever o mar... É nessa segunda viagem que Rudi aceita fazer com a esposa, que ela morre repentinamente. Rudi fica devastado e perdido. Através do contato com a amiga de sua filha, Rudi compreende que o amor de Trudi por ele havia feito com que ela deixasse de lado a vida que queria viver. Ele começa a vê-la com outros olhos e promete compensar sua vida perdida embarcando em uma última jornada, para o Japão, na época do festival das cerejeiras, uma celebração da beleza, da impermanência e de um novo começo.

É um aviso sobre a efemeridade das moscas, cerejeiras e vidas.

E o paraíso? Ainda acredito que está dentro de nós, na forma de sonhos. Pode ser a Acrópole, Macchu Picchu, Pirâmides ou um beijo apaixonado numa noite de luar.

Só não podemos adiar sua realização.

As cerejeiras duram poucos dias!

Ficha Técnica:

Hanami – Cerejeiras em Flor (KIRSCHBLÜTEN – HANAMI) - 2008 – Alemanha

diretor: Doris Dörrie

roteiro: Doris Dörrie

fotografia: Hanno Lentz

montagem: Inez Regnier, Frank Müller

música: Claus Bantzer

elenco: Elmar Wepper, Hannelore Elsner, Aya Irizuki, Nadja Uhl, Maximilian Brückner, Birgit Minichmayr

produtor: Molly von Fürstenberg, Harald Kügler

produtora: Olga Film GmbH

6 comentários:

Daniella Sanchez disse...

Ai minha querida mamãe Katia!!! Ao começar a ler este post tive um "arrepio"... daqueles bem gostosos, sabe? Tb voltei no tempo... imaginei o qto vc já sabia da vida naquela época de UFES... enquanto a gente ainda engatinhava... Imaginei a sua devoção em tentar nos passar um pouco deste conhecimento todo, mtas vezes em vão...! Consegui "sentir" a troca de energia boa que tínhamos em cada papo, em cada troca de olhar... Enfim! Meu Deus, quantas coisas aconteceram desde então... quanto tempo se passou... e ainda temos tanto a aprender! E vc, tanto a nos ensinar... Vontade de voltar no tempo... Amo vc e tenho orgulho de dizer que sou uma das suas filhas postiças!
Dany

Ilaine disse...

Katia! Obrigada pelo carinho em meu blog... e perdoe a demora. Mas agora voltei. Estava co saudades daqui. Que linda pessoa é você! Beijo

Vanuza Pantaleão disse...

Katinha querida,
Também comecei a minha vida acadêmica já madurinha e com um filho bebê para criar e com um "senão", havia ficado viúva à época. Não tive moleza de lado algum, a faculdade também era do governo. Quanto peso na consciência por deixar meu filhinho em casa! Valeu a pena? Não sei, nunca saberei...
Sua resenha do filme é perfeita e não vi o filme. Vai para a minha lista. Você sabe das coisas...
Carinhoso abraço, amiga!!!

Vanuza Pantaleão disse...

Revi o vídeo: delicado.
Há um diretor japonês (ai, como vou me lembrar dele?) que é artista plástico e fez um filme nessa mesma linha e usando os quadros dele. Muito bom!

Relativo, né amiga?!!
Nossa vida em relação à eternidade só vale um segundo...

Linda essa imagem das cerejeiras em flor!

Um carinho não-efêmero!!!
Saúde!!!

Luzia disse...

Me emocionei muito no filme.
Confesso que chorei...
Talvez pena por constatar que depois de tanta dedicação e amor acabamos sendo mesmo é um peso para os filhos.
Não os culpo.
Tem suas vidas.
Ainda bem que cultivamos e procuramos ocupar nossas cabeças com tantas coisas e tantas lembranças que conseguimos não nos sentir mais dependentes do que já somos.
Mas foi um filme que me fez pensar....e muito!
Gosto de filmes assim.
Beijos saudosos

Ale Marques disse...

Vc é muito amada, Katita! bjokas