sábado, 31 de dezembro de 2011

OBRIGADA, ANO VELHO!



Muitas vezes, quando chegamos ao final de um ano, cantamos: Adeus ano velho, feliz ano novo...
Desta vez recuso-me a dizer adeus ano velho, prefiro, mil vezes, dizer: Obrigada! Obrigada ano velho!
2011 foi um ano inesquecível.
Quando a gente passa por momentos de aflição, de risco de vida, algum trauma... é impossível sair da situação sem que algo mude em nossa vida.
Então, nesse ano que se finda, quero fazer um balanço das coisas maravilhosas que 2011 me proporcionou:
- Retomei (ainda que de forma lenta) as rédeas da minha vida. A dor não mais me imobiliza;
- Voltei a dirigir (Viva eu!!!!);
- Venci o medo de sair sozinha;
- Aprendi a valorizar as pequenas coisas, como o raio de sol que me aquece e a chuva que me molha, estou viva e não sou feita de açúcar;
- Voltei a viajar;
- Não tenho mais a pretensão de ser perfeita;
- Não tenho mais o medo de parecer ridícula;
- Ganhei novos amigos, sem nunca me descuidar dos antigos. A amizade é para ser cultivada.
- Amo, hoje, muito mais que ontem. Amo a vida, a mim mesma, ao próximo, a natureza... amo!!!
Então... não, não vou dizer adeus a 2011, vou carregá-lo comigo como dádiva Divina...
E que venha 2012, com muita saúde e amor (o resto a gente aprende com o tempo que é só resto).
Obrigada meus amigos, presentes e ausentes, conhecidos e ainda por conhecer, por estarem comigo em todos os momentos, por fazerem da minha vida uma vida mais valiosa, por me aturarem... obrigada!
Ah! E a neve? Tem gosto sim... só não sei dizer qual é! Acho que preciso voltar a comer, sem medo de parecer louca ou ridícula!
Um grande beijo a todos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

VITÓRIA, DO ESPÍRITO SANTO



Prometi, no post passado, contar um pouquinho da "minha" cidade: Vitória.
Muitos perguntam: na Bahia? Por isso quando apresento-a, sempre falo, Vitória do Espírito Santo, com muito orgulho.
Por isso resolvi transcrever parte da apresentação do meu livro "Vitória, a cidade que (não) conhecemos" para que vocês se situassem no "meu universo" porque, nas próximas semanas, irei apresentar-lhes alguns pontos da Cidade Presépio:

“Por que teriam apelidado a nossa capital de cidade presépio? Pelo seu tamanho? Pela sua apresentação completa, em que há pedaços de oceano maravilhosos, montanhas encantadoras e casas pequeninas trepando pelas encostas? Ou porque, na sua formação tudo se aglomera, acotovela, espremidamente, entre um braço de mar e contrafortes altivos, dando, de fato, a idéia de um presépio armado por mãos caprichosas? Na pequena ilha de Vitória há trechos de todos os tipos. Uns caracteristicamente modernos, onde se erguem prédios ousados, trazendo-nos em miniatura, lembranças de cidades americanas, cheias de edifícios gigantescos. Há trechos, também, evocando o nosso passado de terra colonizada por gente lusa vinda do velho Portugal.
Apenas nós, assoberbados por preocupações e afazeres, não temos tempo ou paciência suficientes para observar com olhos calmos e prazerosos, as belezas que as nossas ruas oferecem.”

 Jornal A Gazeta, edição de 29 de janeiro de 1950

APRESENTAÇÃO

Por que escrever sobre Vitória?
Principalmente, por que escrever sobre lugares que as pessoas mal conhecem?
Se tantos escritores já descreveram, e bem, as maravilhas dessa cidade, por que, então, fazê-lo?
Eu respondo: é para realizar um antigo sonho.
Há muitos anos, desde que aqui cheguei, não me canso de admirar a beleza das paisagens, dos monumentos, das construções. E, mesmo com todas as transformações pelas quais passou, para mim não existe, no mundo, cidade mais bonita.
O grande problema é que ou por força da modernidade ou do avanço da tecnologia ou das descobertas científicas, as pessoas de hoje são treinadas a olhar sempre em frente. Ideais? Lá na frente... O futuro? Siga em frente... Sucesso? Está logo ali, na frente... e com isso esqueceram de olhar para os lados, para cima... Tudo vêem, mas nada enxergam. Não conseguem enxergar por além das aparências, não têm tempo para descobrir as histórias escondidas atrás de cada monumento, cada construção e com isso perdem o que de mais belo existe no mundo: a beleza da natureza, a magia dos lugares... a dádiva de se morar em Vitória.
Foi por pensar assim que para meu projeto de conclusão do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, resolvi fazer um livro sobre alguns pontos de Vitória que normalmente não fazem parte do roteiro turístico (excetuando Camburi, que é um caso de amor à parte). A partir da hipótese de que os moradores da cidade de Vitória não conhecem, não reparam, não observam os lugares, monumentos, paisagens e construções da cidade em que vivemos, bem como desconhecem sua história, busquei validar o trabalho realizando uma pesquisa junto aos estudantes da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Através dessa pesquisa pude constatar que a grande maioria dos moradores de Vitória não conhecem a nossa cidade.
O resgate histórico, o registro fotográfico e minha visão acerca desses pontos seriam o meu presente à cidade que tão bem me acolheu e uma forma de perpetuar parte da história desta cidade.
Se eu conseguir, com esse livro, mostrar quão bonita, abençoada e mágica é nossa cidade e com isso tocar o coração de uma pessoa que seja, então todo o trabalho terá valido a pena.
        Apresento-lhes: Vitória !

                         Kátia Corrêa De Carli


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Então é Natal...



Hoje pela manhã, ao sair para alguns afazeres, deparei-me com dezenas (juro! não é exagero!) de funcionários da limpeza pública a cortar matos e ervas dos canteiros, a pintar de cal os postes e meios-fios, a varrer todas as ruas e avenidas... Então me pergunto: onde estiveram durante todo o ano em que nossos canteiros não receberam cuidados, nossas ruas se mantiveram sujas, nossa cidade abandonada?

Vi um senhor a doar alguns pacotes às crianças no semáforo. Onde esteve esse senhor durante o ano? Ajudou em alguma creche? Contribuiu de alguma forma para que essas crianças não estivessem, hoje, na rua?

Vi muitas pessoas a entrar e sair de lojas carregadas de embrulhos de presentes. Com certeza para presentear parentes e amigos... E durante o ano? Lembraram-se de dar um telefonema? Um abraço? Foram presentes?

Vi uma senhora (muito chique, por sinal) a comprar caixas de bombons e dizer para a funcionária que a atendia que eram para os porteiros e funcionários do seu edifício. Será que essa senhora lembra, todos os dias, de dar bom dia a esses mesmos funcionários? Será que tem um pouquinho de tempo para apenas perguntar se está tudo bem? Será?

Vi a minha cidade (Vitória - ES) conhecida nos meios literários como Cidade Presépio (toda uma história que um dia ainda contarei aqui) enfeitada para o Natal de acordo com o poder aquisitivo dos moradores dos bairros. Bairros mais humildes as praças parecem que foram enfeitadas para o carnaval (talvez tenham feito um contrato do tipo "2 X 1") com profusão de lâmpadas fluorescentes das mais diversas tonalidades, verdes, amarelas, vermelhas roxas, etc. Nos postes, Papais Noéis estilizados parecendo Saci Pererê (uma só perna). Porém nos bairros de classe alta, há árvores envolvidas em luz, lágrimas luminosas a cair de seus galhos... Natal da igualdade... Será?

Por isso e mais uma porção de coisas esse ano não vou deixar nenhuma mensagem de Natal.

Mas encontrei resposta para algumas perguntas... as pessoas ainda mudam no Natal! Quiçá um dia chegará que viveremos como se fosse Natal todos os dias do ano, pois cada dia a mais é uma dádiva de Deus.

Então... é Natal!

(Sim, a foto não tem nada a ver com Natal, mas tem a ver com amizade, com esperança, com certeza de que ainda temos muito caminho pela frente... não porque é Natal, mas porque ainda acredito que o mais importante e a quantidade de amor no coração)

sábado, 17 de dezembro de 2011

MARIA ZULEIKA HADDAD FAFÁ

DONA ZULEIKA



Existem pessoas que nascem para brilhar.
Algumas ficam famosas e todos reconhecem.
Outras aproveitam sua luz para brilhar as vidas dos outros.
Tive o privilégio de conhecer uma pessoa assim: Maria Zuleika Haddad Fafá ou apenas Dona Zuleika.
Quando tento defini-la, só me vem um termo: Lady.
Dona Zuleika, sem perceber ou mesmo sem querer, mudou a vida de muita gente. Inclusive a minha.
Foi minha professora de história e despertou na criança pobre o sonho de correr mundo. Com certeza ela ficou orgulhosa das minhas peripécias mundo afora.
Depois se tornou diretora no antigo Ginásio Estadual Afonso Cláudio.
À época a minha turma era a mais encapetada da face da terra. Aprontávamos todas. Uma vez resolvemos que não iríamos cantar o Hino Nacional, então ficamos só mexendo os lábios, fingindo cantar. Ela não deixou por menos, com a maior educação chamou um a um para o “elevado” onde ficavam os professores e as bandeiras e diante de todos os alunos fez um pequeno discurso sobre o uso da voz, sobre respeito, patriotismo e convidou-nos a cantar o hino na frente de todos (como se diz hoje, maior mico).
Quando mandada para a “Diretoria” (terror para qualquer um, claro!) o que eu mais sentia era vontade de sumir do mapa. Dona Zuleika usava de toda sua cultura e sabedoria para fazer-me ver que a mais prejudicada era eu mesma, sem nunca, nunca mesmo, elevar o tom de voz ou desferir algum impropério.
Teve uma ocasião que resolvemos fugir. Matar aula. Bater perna. Subimos um baita morro atrás do Ginásio, passando por entre laranjeiras, mato, capim e descemos a ladeira todas serelepes... quando chegamos à cabeça da ponte (ligação com a cidade, ponte de madeira, linda... a enchente levou...) quem vinha do outro lado? A própria! Ela só nos olhou com aquele olhar cor de céu ou de mar, e sem fazer uma só pergunta nos indicou o caminho de volta... Precisava mais? Quanta vergonha... (nada que nos impedisse de, dias depois, aprontar mais alguma).
Agradeço a Deus de ter tido a oportunidade de, depois de adulta, estar com ela várias vezes e agradecer pela grande parcela que ela tinha na construção da pessoa que sou. De dizer o quanto a amava...
Dia 29 de novembro ela partiu... foi encontrar-se com os espíritos elevados que, com certeza, são como ela.
Deixou-nos lembranças lindas e uma saudade imensa.
Deixou também a certeza de que um dia, quando eu finalmente crescer, gostaria de ser igualzinho a ela.

sábado, 19 de novembro de 2011

UMA COISA LEVA A OUTRA, QUE LEVA A OUTRA, QUE LEVA...

Vista do meu cantinho... a névoa não é eterna...

Dedico este post à Kátia GV, ela sabe os motivos; ao Mauricio, por sabê-lo sempre presente mesmo distante e à Vanuza Pantaleão, por não desistir de mim.

Depois que postei a respeito dos buracos negros da minha alma, fiquei, por muito tempo, pensando qual seria o motivo escondido sob esse manto de esquecimento, qual lição deveria aprender.

Estava tão incomodada com a situação que só escrever não bastava. Precisava ir além. Precisava que alguém me ajudasse a entender. Por isso levei o assunto para o meu terapeuta (na verdade mais um anjo que Deus colocou na minha vida). Verbalizando tudo que me ia à alma ele me fez as perguntas perfeitas:

- O que você quer colocar nesses buracos?

- Com o que você vai preencher essas lacunas? A decisão é sua.

Pensei bastante e cheguei à conclusão que estava diante de uma verdadeira oportunidade de aproveitar para deixar fluir todo o meu lado espiritual, deixar aflorar meu sexto-sentido, minhas intuições. Deixar espaço para que meus Anjos falassem através de mim...

Logo depois, em conversa com a minha amiga querida Kátia, sobre assuntos que não vêm ao caso, eu falei a frase “Meu coração está dizendo que você vai ser muito feliz”, daí ela me respondeu que ficava “em suspenso” toda vez que eu começava uma frase com o tal “Meu coração está dizendo...” porque desde que me conhece, por tudo que passamos juntas, meu coração nunca tinha errado, nem nas coisas boas, nem nas más.

Talvez eu precisasse desses buracos para deixar meu coração falar.

E como uma coisa leva a outra, lembrei-me de uma história (ou lenda) que na oportunidade mandei para a Kátia e hoje compartilho com vocês. Essa história me acompanha a tanto tempo que não sei mais se li em algum lugar ou se fui eu mesma que inventei. Mas vamos lá:

Quando nascemos, Deus (ou a Força Superior, Alá, Jeová) nos dá três grandes presentes - a vida, uma estrada e uma carroça. Assim começamos nosso caminho percorrendo nossa estrada, que sempre será só nossa, embora em alguns momentos tenhamos outras estradas ao lado da nossa. E vamos em frente, colocando coisas, pessoas, sentimentos, recordações, alegrias, tristezas, mágoas, ressentimentos... e seguimos enchendo nossa carroça. Em alguns momentos da vida a estrada é reta e asfaltada, em outros há muita lama, buracos, em algumas épocas parece apenas uma trilha... A carroça, com o tempo, vai se enchendo e as rodas começam a ranger, fica pesado puxar, mas a gente não desiste e vamos em frente, até que um dia aparece uma grande pedra (seja uma doença, a perda de um ente querido, uma separação, uma mudança, uma decepção, etc.) e a roda da carroça se prende e ela vira. Tudo que carregamos cai! Sentamos desolados no meio do caminho... choramos, nos entristecemos, até nos desesperamos, mas a estrada é nossa responsabilidade e ela está à nossa espera, então, mais cedo ou mais tarde, temos que retomar o caminho e começamos a colocar nossas coisas na carroça. Mas, à medida que vamos pegando nossas coisas, pessoas, sentimentos, etc. descobrimos que estamos carregando muito peso inútil: são mágoas passadas, recordações tristes, energias negativas, dores desnecessárias... daí começamos a selecionar o que realmente merece ser carregado por nós. Recarregamos nossa carroça e descobrimos o quanto ela está mais leve, mais bonita, arrumada!!! e vamos em frente enquanto a vida existir, carregando nossa carroça, seguindo na nossa estrada... até a carroça começar a ranger novamente e aparecer outra pedra... e tudo começa outra vez. Essa dádiva, de escolher o que colocar na carroça, é o maior presente que Deus nos deu.

Minha carroça virou outra vez! Estou no processo de recolocar nela o que realmente vale à pena... deixar o que não me serve para trás. Deus está me dando uma grande oportunidade de arrumar novamente minha carroça!

Tenham certeza que deixarei para trás muitas culpas, ressentimentos, tristezas... mas as pessoas que carrego no coração, essas não, seguirão comigo eternidade afora.

Descobri que sou do tipo que não descarta gente! (ainda bem!)



quinta-feira, 17 de novembro de 2011

USINA BELO MONTE

Até quando vamos nos calar?



É a Gota D' Água +10 from Movimento Gota d' Agua on Vimeo.

domingo, 6 de novembro de 2011

FALTAM ALGUMAS PÉTALAS


Li, em algum lugar, que Deus é extremamente piedoso para com as mulheres, pois, à medida que vai nos dando rugas, pés-de-galinha, vai tirando, aos pouquinhos, a visão... acho que é verdade uma vez que já sinto dificuldade em enxergar a sobrancelha por fazer, algum “cravinho” mais escuro ou mesmo as rugas, inevitáveis na minha idade. (poderiam ser descartadas com um bom bisturi, mas evitadas, nunca!)
Só que nenhuma leitura, nenhuma advertência, nem mesmo Ele, preparou-me para a perda da memória.
Pode ser efeito colateral dos medicamentos, da doença, pode (ou não) ser recuperável, mas é difícil conviver com essa situação.
Sempre tive uma memória privilegiada. Nunca precisei de agenda telefônica, trazia todos os números na minha agenda “memorística” e ela não me faltava. Lembrava-me de fatos ocorridos na mais tenra idade, com exatidão de detalhes, cores e odores.
Conhecia de cor todas as normas e regras que regiam nossas tarefas no serviço. Sabia onde estava arquivado cada documento, a ponto de, mais de ano depois de aposentada, ainda me telefonarem para perguntar sobre determinado assunto: e eu lembrava!
Comecei a perceber que as coisas não iam muito bem quando fui telefonar para uma das minhas melhores amigas (o mesmo número há mais de 20 anos) e liguei, diversas vezes, para o número errado.
Alguma coisa realmente estava fora do lugar.
Muita coisa se perdeu nos labirintos dos neurônios mortos.
Quero me lembrar de nomes e não consigo. De pessoas com as quais convivi, e é inútil. De situações e elas simplesmente desapareceram.
É triste constatar que perdi parte da minha história.
Há algum tempo, um amigo querido me escreveu e narrou um fato acontecido conosco e eu não consigo recuperar esse fato. Não sei em que curva do caminho do esquecimento ele ficou.
Sei que perdi muita coisa... só não sei onde procurar!
Sinto-me meio morta sem as minhas memórias. Onde antes havia uma colcha de retalhos, muito bem costurada, de gente, amores, lembranças, sentimentos, gostos, cheiros e sabores, agora existem buracos negros. Profundos. Minha alma não é mais inteira.
Faltam-me pedaços de mim. Como uma flor de quem foram tirando as pétalas.
É claro que muita coisa ainda carrego comigo: o primeiro beijo (argh!!!), os passeios com o meu primeiro e grande amor, as brincadeiras da infância... mas muitos desses acontecimentos estão povoados de fantasmas.
Diz a Gabi (minha filha) que agora eu fiquei normal... não concordo, mas é mais confortável aceitar.
Só queria mesmo era lembrar o sabor da água de um mar, numa manhã de sol, com o meu amado... esse, o sabor, acho que perdi para sempre, o amor, porém, esse vai comigo para a eternidade.

(imagem retirada da internet, sem indicação de autoria)



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

EU NÃO MEREÇO, NEM VOCÊ!


Não quero entrar no mérito de quem é situação, quem é oposição, quem é de Deus, quem é do diabo, quem é quem...
Mas uma coisa temos que concordar com a minha falecida mãe: "Quem não tem bunda, não se senta", mas nesses tempos de Jogos Pan Americanos, somos obrigados a uma leve alteração no ditado = "Quem não tem bunda, não deveria se sentar".
Os amantes de esportes, como eu, não mereciam passar o que estamos passando com as transmissões da TV RECORD.
Fato 1 - A Record provou que tem dinheiro para disputar com a Globo.
Fato 2 - Provou que pode mais, que pode comprar os direitos de transmissão de Jogos como o Pan de Guadalajara e as Olimpíadas.
Fato 3 - Falta-lhe apenas competência para cobrir tais eventos.
Quando a transmissão era realizada pela Globo tínhamos a opção de não ouvirmos as asneiras do Galvão, na TV aberta, e mudarmos de canal para a TV paga (e hoje todo mundo tem, se não oficialmente, muitos com "aquele jeitinho" - condenável) - SporTV 1, SporTV2 e em eventos dessa magnitude o SporTV3 - 24 horas de esporte.
Com a transmissão pela Tv Record somos obrigados a ouvir o "jornalista" (tenho minhas dúvidas quanto à formação) dizer, quinhentas vezes "Hándenbol", dizer que o "Mister Pan" - para nós, mortais, o nadador Thiago Pereira - estava entrando na piscina para mais um ouro e vê-lo ganhar, sem desmerecê-lo (o nadador), medalha de bronze, chamar (e provavelmente pagar) por comentários do Romário... (será que ele está de licença da Câmara?!).
Ouvir uma narração de jogo de vôlei como se estivesse em uma corrida de cavalos.
Não, eu não mereço!
Tenho a opção de tirar o som da TV e assistir apenas as imagens , mas aí, no auge da prova (seja ela de ginástica rítmica, tae kwon do, natação, vôlei de areia, etc.) eles resolvem mostrar a imagem da "câmara exclusiva" instalada na Vila Olímpica.
Como se não bastasse, durante a programação ouvimos inúmeras vezes a chamada para o grande evento: a novela Rebeldes! E eles interrompem a transmissão dos jogos para passar isso que eles chamam de campeão de audiência!
Sinceramente, o povo brasileiro amante de esporte não merece!
Fica registrado meu repúdio e minha revolta.
Ninguém merece (ou merece?)!

sábado, 13 de agosto de 2011

LINHAGEM OU PAIS, TANTO FAZ

Meu pai - Manoel
Meus avôs - João e Adão
(Ao som de Tristesse - Chopin)

Pais!

Tem gente que tem árvore genealógica que remonta "priscas eras" (sempre quis usar esse termo aqui! rs).

Tem gente que não conhece o próprio pai.

Eu não me incluo em nenhum dos dois grupos. Conheci meu pai e meus avôs. É sobre eles que quero falar hoje.

Vovô Adão - Descendente de italianos do norte, povo curtido pela lida na roça, nascido já no Brasil, um homem à frente do seu tempo. Sem cultura, era formado pela escola do caráter. Nasceu, viveu e morreu na roça. Não podia visitar os filhos e netos por mais de um dia porque tinha que cuidar da "criação" (meia dúzia de galinhas, um cavalo e se não me falta à memória algumas poucas cabeças de gado). Quando minha mãe era jovem, anos 1940, ela trabalhava na roça seis meses, juntava dinheiro e vinha para a Capital, onde uma tia possuía uma pensão e aproveitava os outros seis meses. Dá pra imaginar uma mulher sozinha fazendo isso naquela época? Meu avô era porreta! Nunca foi dado a demonstrações de afeto, mas, ao morrer, deixou-me uma gravura de Adão e Eva (Adamo ed Eva escrito em dourado no rodapé) pela qual fui apaixonada toda a infância. Exemplo de retidão criou não sei quantos filhos de outras pessoas, viúvo no auge da virilidade veio a ter outra companheira, que nunca assumiu perante a família, mas a quem deixou amparada quando da sua partida.

Homem justo... eu poderia ter puxado a ele!

Vovô João – Descendente de negros (a quem puxei o nariz “delicado”), índios e todo tipo de gente que por essas bandas aportou. Não se conhece sua história porque era difícil separar o que era verdade do que era mentira das coisas que contava. Maratimba (pelo dicionário significa indivíduo que vive na roça, de pouca instrução e traquejo social; matuto, roceiro, caipira – para nós, capixabas, significa nativo de beira-mar que vive basicamente da pesca). Marinheiro de profissão (como dizia), cozinheiro de navio (suposta verdade). Vivia mundo afora e a cada dois anos aparecia, fazia filho e sumia. Fanfarrão, bom (até demais) de um copo, brigão. Nunca se preocupou com o sustento de esposa e filhos. Na velhice foi viver na nossa casa. Passava o dia sentado num banco na calçada do vizinho. Nunca foi dado ao trabalho pesado (nem leve). Depois de mais de uma década começou a levantar, cada dia, mais tarde. Até que não levantou mais. Se não tivesse tido uma queda no hospital, poderia dizer que morreu de preguiça.

Mais imperfeito, impossível!rs... eu poderia ter puxado a ele.

Meu pai Manoel – Tudo que foi meu avô João ele foi o avesso. Começou a trabalhar ainda criança para ajudar no sustento da família. Como buscava meu avô nas portas de bar, nunca provou bebida alcoólica. Dedicou sua vida à família. Nós éramos sua vida. Trabalhava em três períodos para que pudéssemos ter o mínimo indispensável. Não era perfeito. Não era carinhoso (nunca aprendeu), mas nos deu mais amor que todo o amor do mundo. Jogava sinuca muito bem, apostado. Precisava do dinheiro. Quando melhorou um pouquinho de vida, nunca mais jogou. Emotivo, não se envergonhava de chorar quando emocionado ou decepcionado com as coisas que nós, as filhas, fazíamos. Mas, como diz o Pequeno Príncipe “Eu era jovem demais para saber amar”. Ensinou-nos sobre dignidade, caráter, bondade, caridade, amor ao próximo, honestidade. Foi o melhor pai que alguém poderia desejar.

Homem bom, no mais estrito significado que essa palavra possa ter. Unanimidade... eu poderia ter puxado a ele.

Esses foram os três exemplos de pai que tive (porque do meu esposo como pai só nossos filhos podem falar).

Acho que por isso sou essa mistura que acabou dando certo. Justa, meio preguiçosa, às vezes boa, outras má...

Os pais que passam na nossa vida acabam, de uma forma ou outra, nos forjando.

Pensem nisso, Pais!

E Feliz Dia!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Enfim, MANAUS!



Eu tardo e também falho!
Prometi postar sobre a viagem a Manaus e fui enrolando, enrolando, e agora, que já estou de partida novamente, estou me sentindo culpada.
Então... vamos ao que interessa!
Manaus é uma cidade que, num bom capixabês – língua falada pelos oriundos do Espírito Santo (rs) – é “esparramada”! Tirando o centro da cidade, tudo é muito amplo, muito verde.
Gente gentil, bem humorada, alegre.
Para vocês terem uma ideia, fomos informados que o Palácio Rio Negro não funcionava aos domingos (erroneamente), daí deixamos para ir na segunda, nosso último dia. Chegando lá estava fechado. Fiquei muito triste. Tinha uma senhora saindo e perguntei se estava realmente fechado, ela me respondeu que sim; disse da minha tristeza de não conhecer e que provavelmente não teria nova oportunidade. A senhora, que pelo visto trabalha lá, chamou um funcionário e pediu que nos mostrasse o Palácio. Fiquei encantada! Acredito que são poucos os lugares em que fazem isso.
Eu achava que a Zona Franca de Manaus fosse um lugar delimitado, onde tivessem lojas que venderiam produtos (principalmente eletrônicos) a preços menores. Ilusão! Isso não existe. Nem vale a pena comprar porque é mais caro do que aqui.
Eu sempre classifico os lugares que conheço em três categorias:

- Lugares que volto quantas vezes puder: Paris, São Paulo, Assis, Firenze, Toledo, Lisboa e arredores...

- Lugares que não volto nem se me pagarem: Roma, Roma, Roma

- Lugares que precisamos conhecer mas não precisamos voltar: Veneza, Brasília, São Luis, Madri, Manaus.

Acho que todos que puderem devem conhecer Manaus e tudo que a cidade e entorno proporcionam.

Nós compramos os passeios e tours numa agência de viagem, antes de irmos. Besteira! Podem deixar para comprar lá que sai mais barato e ainda tem a vantagem de adaptar o passeio ao clima do dia.

Calor – é quente! Muito quente! E as pessoas ainda diziam que a temperatura estava amena porque era inverno (março).

Outra coisa interessante é a quantidade de camelôs. Nunca vi tanto! Nem na 25 de Março (SP). Só que eles são organizados, é tudo setorizado por produto! rs

Manaus não é só o que listei abaixo. Tem muita mais... é só sair passeando... a pé!

PONTOS TURÍSTICOS

- Teatro Amazonas

Construído na época do Ciclo da Borracha, em plena Floresta amazônica. Imperdível! Um dos teatros mais lindos que já visitei. À noite, à sua volta, tem umas ruas só para pedestres, com barzinhos, lojas, quiosques, etc.

Não deixe de experimentar o Tacacá da Gisela, o melhor de Manaus, que fica ao lado do Teatro.

-Praia da Ponta Negra

É o local onde há maior presença de jovens, lá é possível encontrar apresentações de dança e música. No calçadão é possível praticar diversos esportes.

- Porto de Manaus

Foi inaugurado em 1902, é uma das obras mais interessantes, pois oscila com a subida e descida das águas do Rio Negro.

- Prédio da Alfândega

Inaugurado em 1906 e utilizando matéria-prima da Inglaterra, foi um dos primeiros prédios a ser construído no Brasil com blocos em pedra.

- Bosque da Ciência ou Parque do INPA

Localizado na sede INPA, possui uma grande área rica em vegetação e animais da Amazônia.

- Centro de Artes Chaminé

No passado foi uma importante estação de tratamento de esgotos, responsável por toda a cidade. Hoje, representa um importante espaço para apresentações e exposições de arte.

- Palácio Rio Negro

Por muitos anos, foi sede do Governo Estadual. Atualmente é palco de exposições, shows musicais e teatro. Mas ainda acontecem reuniões oficiais do Governo.

- Centro Cultural dos Povos da Amazônia

Área destinada ao conhecimento, exposições, artes, peças teatrais, reuniões, festivais.

- Igreja de São Sebastião

Construída em 1888, faz parte da Praça São Sebastião e do Teatro Amazonas.

- Igreja Matriz Nossa Sra da Conceição

Foi a primeira igreja construída na cidade de Manaus, no ano de 1695, é a primeira igreja construída em Manaus. Em 1850 sofreu um incêndio e em 1878 teve finalmente sua conclusão. Possui 6 sinos de origem portuguesa.

- Mercado Municipal Adolfo Lisboa

Uma réplica do mercado em Paris "Les Halles". Principal porta de entrada na cidade da produção pesqueira e rural do estado. (em reforma)

- Centro Cultural Palacete Provincial

No local é possível encontrar o Museu de Numismática, Museu da Imagem e do Som do Amazonas, Pinacoteca do Estado, Museu de Arqueologia e Museu Tiradentes.

PASSEIOS

- ENCONTRO DAS ÁGUAS

Fenômeno natural provocado pelo encontro das águas dos rios Solimões e Negro. É aquilo que estudamos e vimos nos livros de geografia. Muito bonito. Além disso, no mesmo passeio, conhecemos parte da floresta Amazônica, Vitória-régia, e se derem sorte, como nós, poderão até ver alguns animais.

- CACHOEIRAS DE FIGUEIREDO

Presidente Figueiredo é um destino certo pra quem quer fazer um passeio turístico na região de Manaus. A cidade fica a cerca de 110km da capital amazonense. Conhecida como "A Terra das Cachoeiras". Opção de banhos, Rafting, etc. Mais importantes são a do Santuário, de Iracema e da Suframa, além do Parque Urubuí, no centro da cidade.

- HOTEL ARIAÚ

Está localizado a 60 quilômetros de Manaus, ao longo da margem direita do Rio Negro, no Parque Estadual do Rio Negro e no começo do Arquipélago das Anavilhanas. Suas instalações ficam suspensas, o que permite a observação de flora e fauna da região. O hotel oferece o exclusivo programa de terapia com botos (golfinhos de água doce), a chamada "Bototerapia". Você pode ir só visitar.

terça-feira, 19 de julho de 2011

AMIGOS E ANJOS

Quem me conhece sabe que a vida nem sempre foi a mãe carinhosa que desejei. Em muitos momentos ela esteve mais para madrasta da Cinderela! Mas chega um momento que a gente pára para pensar sobre o que vivemos e percebemos que deixamos de aproveitar inúmeras oportunidades de crescimento porque estávamos ocupados demais em nos sentirmos culpados, tristes, com pena de nós mesmo, etc.

Queria aproveitar essa semana em que se comemora o Dia do Amigo e que recebemos inúmeras mensagens sobre esse tema para refletir sobre os meus amigos.

Tenho amigos de todos os tipos, cores, espécies, credos, nacionalidades, idades, etc.

Sou mesmo afortunada:

- Tenho amigas que foram amigas da minha mãe e que ela me deixou como herança valiosa;

- Tenho amigas da mesma faixa etária e que poderiam ser minhas irmãs, ou melhor, são minhas irmãs, de coração;

- Tenho amigos que poderiam ser meus filhos;

- Tenho amigos que conheci mundo afora e que nunca mais perdi;

- Tenho amigos que posso passar anos sem ver, mas é como se nunca tivéssemos nos separado, tamanho o amor que nos une;

- Tenho amigos que amo de paixão e que nunca vi (porque conhecer é outro departamento);

- Tenho amigos distantes fisicamente, mas eternamente dentro do meu coração;

- Tenho amigos me esperando em cada estação, daqui e do lado de lá.

Na verdade, tenho é muitos, muitos amigos.

Parece até que tenho o dom de agregar pessoas, então, não perco amigos.

Assim sendo, descobri que Deus – que não canso de repetir – é muito generoso comigo e Ele, em todas as minhas dificuldades, nos tropeços da vida, nas curvas e encruzilhadas que eu tive que enfrentar, foi semeando ANJOS na forma de AMIGOS para que a vida não fosse tão cruel comigo.

Por isso, a todos os ANJOS da minha vida: Feliz Dia do Amigo!

Esse post eu dedico a todos os meus amigos, mas, em especial, ao Maurício, Vanuza e Kátia (eles sabem o motivo)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

MEU FILHO, VOCÊ NÃO MERECE NADA

(Talvez um dos artigos mais lúcidos que li nos últimos tempos, não carece de mais delongas...)

por ELIANA BRUM

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada


Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

Autora: ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê(Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua(Globo).
E-mail: elianebrum@uol.com.br
Twitter: @brumelianebrum


Fonte: Revista Época

Link http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00.html

segunda-feira, 27 de junho de 2011

CORPUS CHRISTI – CASTELO/ES

CORPUS CHRISTI – CASTELO/ES

Os tapetes da festa de Corpus Christi da cidade de Castelo – Espírito Santo tiveram origem no início da década de 60, por iniciativa da irmã de caridade Zuleide Vicenza (conhecida como Vicência) que, com a ajuda de fieis da Igreja Católica, confeccionou um tapete com desenhos geométricos próximo a um pequeno altar em frente à Capela de Nossa Senhora das Graças, que fica na Santa Casa de Misericórdia.

Em 1964, com o apoio de Frei José Oséas, então pároco local, um grupo de fieis confeccionou vários tapetes pelas ruas do centro da cidade. A aceitação foi unânime e, no ano seguinte, mais ruas receberam tapetes que eram percorridas, em procissão, no encerramento dos festejos, dando origem ao evento que está entre os mais bonitos do Espírito Santo.

Com o passar dos anos, mais e mais ruas foram sendo acrescentadas e hoje, são muitos os milhares de metros enfeitados nessa atividade que reúne artistas, população local, crianças e visitantes.

Na confecção dos tapetes são utilizados diferentes tipos de material, principalmente reciclados, como copos de plástico, caixas de fósforo, borra de café, pó de serragem, casca de café, tampas de refrigerantes, areia, pedras, etc.

A festa de Corpus Christi de Castelo ganhou notoriedade nacional e hoje o município recebe, em média, 80 mil visitantes de toda parte do Brasil e exterior.

As fotos foram feitas durante a noite/madrugada do dia 22/06 e na manhã do dia 23/06/2011.

No próximo post um pouquinho da história de Castelo e mais fotos (se pudesse postava todas, pois é um evento fantástico).