sábado, 14 de maio de 2016

CARTA AO EX-PRESIDENTE DA FUNCEF CARLOS ALBERTO CASER

CARTA ABERTA AO EX-PRESIDENTE DA FUNCEF - FUNDAÇÃO DOS ECONOMIÁRIOS FEDERAIS - CARLOS ALBERTO CASER



Falta-me um vocativo para referir-me a você.

O ano era 1982. Vários jovens ingressando na Caixa Econômica Federal, no Espírito Santo e, entre eles, você Caser. Eu já estava lá e fui uma a dar as boas vindas a todos, acreditando que os valores e preceitos que nos guiavam também os guiariam. Sim, tenho que registrar, a maioria levou muito a sério a questão de que cuidar da Caixa era tão ou mais importante do que cuidar do próprio patrimônio. A Caixa é (ou era) do povo e o respeito à coisa pública era o que nos regia, mesmo porque os valores da ética, honradez, etc. eram intrínsecos a todos nós - os mesmos valores que, com certeza, seus pais, pessoas simples, honestas e trabalhadores devem ter lhe ensinado. Oportunidade para fazer o "errado" tivemos, e muita, mas nunca passou pela nossa cabeça fazermos nada que pudesse prejudicar a Caixa, nosso bem maior. Aqueles que ousavam eram severamente punidos.
O tempo passou. Fomos saindo, aposentando e vocês, os "jovens" foram assumindo e levando em frente o que ajudamos a construir.
Juro que fiquei alegre quando seu nome foi indicado para a FUNCEF, achei que era o coroamento de um bom trabalho. Quanto arrependimento e decepção.
Eis que hoje recebo uma carta avisando que pagarei à FUNCEF (A Fundação que deveria cuidar de mim) 2,78% do meu salário, por 17,4 anos.
Tudo isso por conta de "investimentos mal sucedidos". Quem quiser que acredite.
Não posso acusá-lo de ter-se apropriado indevidamente do que não lhe pertencia, nem de qualquer ação de natureza legal ou criminal, não tenho provas para tanto.
Mas posso sim, e com fartas provas, acusá-lo de três coisas: DESLEALDADE, CONIVÊNCIA E COVARDIA.
Você foi DESLEAL para conosco, Caser, você poderia ter pensado nos milhares de aposentados, colegas seus, que teriam que arcar com essa imensa dívida que não deveria nos caber. Você foi desleal ao aceitar fazer-nos passar por essa situação tão difícil. Sabe, Caser, que eu deixo 1/3 do meu salário, mensalmente, em farmácias? Esse dinheiro me faz muita falta. Você foi desleal para comigo para ser leal a outros ideiais.
Você foi CONIVENTE. Nunca ocupei cargos tão altos como o seu, mas ocupei vários cargos de chefia (por concurso interno, ou seja, por mérito) e nunca, nunca mesmo, eu aceitei qualquer ordem que colocasse em cheque os meus valores pessoais. Se você agiu obedecendo ordens, você foi, no mínimo, conivente. Você poderia ter dito não porque, partindo do pressuposto que você não é ignorante (aqui no Stricto sensu da palavra), você aceitou participar de ações que nos levaram a esse rombo descomunal. Mas não o fez. A ascensão a cargos elevados vem sempre acompanhada de muitos "amigos", mas creia, a queda é solitária. Você verá ao final de tudo...
Você foi COVARDE. Não teve coragem de vir aqui, no Espírito Santo, Filial onde tudo começou, para nos olhar frente a frente e nos explicar acerca do que estava ocorrendo. Marcou, desmarcou, remarcou, e não veio. Pior ainda, mandou um "preposto" arrogante e prepotente que cria que estava lidando com um "bando de idiotas", que nos disse que se entrássemos na Justiça contra a FUNCEF, pior seria para todos nós, que fez escárnio do poder legislativo ao dizer que não tivéssemos esperança em qualquer ato vindo do Congresso Federal, "porque CPI no Brasil não dava em nada". Acho que agora ele deve estar começando a pensar diferente. Nós não íamos agredi-lo, mesmo falando "as verdades" tão bem decoradas por seu representante, o respeito ainda é a regra mestra da maioria de nós, você, se quisesse realmente, poderia ter vindo, preferiu se omitir.
Sinto informá-lo que talvez alguns de vocês tenham que pagar a minha parte, porque  diante dos graves problemas de saúde que enfrento não sei se continuarei contribuindo por mais 17 anos e quatro meses.
Mas, para não ser desleal nem omissa, alguns alertas preciso dá-lo:
- Reze, reze muito, para que não adoeça, esse "dinheirinho" vai fazer muita falta na hora do tratamento;
- A não ser que você tenha um bom patrimônio (não sei, quem sabe alguma herança?) dê adeus a bons restaurantes, viagens, passeios, etc., seu salário de aposentado não comporta essas despesas;
- Pelo que me consta você não tem descendentes, então, dê um jeito de economizar para o final da vida, seu salário não dará para pagar uma boa casa de repouso.
Quanto a mim, pedirei aos homens que façam todos as investigações e que os culpados sejam punidos; pedirei a Deus que lhe dê vida longa, não por vingança, mas para que você tenha tempo de se arrepender de tudo que fez (isso se ainda lhe sobrou um pouco de consciência).
É o que tenho a dizer,

KÁTIA MARIA CORRÊA DE CARLI RAMOS

Matrícula - 550738-2

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

MUDANÇAS (OU LEGAL COMIGO, LEGAL CONTIGO)




Passei muito tempo da minha vida pensando que não aprovava, embora não falasse, algumas atitudes das pessoas em relação às outras pessoas, relacionamentos, amores, amizades.
Achava que não queria perto de mim pessoas que descartavam pessoas. Tipo assim: você fica na minha vida enquanto for conveniente para mim, depois, bye-bye...
Achava que fazia minha parte tentando agregar todos que foram importantes em minha vida, em determinada época ou circunstância.
Não é porque um amor terminou que a pessoa deixou de ser legal, inteligente, bom papo (embora alguns amores mereçam que se ferrar em outra galáxia).
Não é porque, sendo amigos, vivemos em cidades diferentes que não podemos continuar tendo os mesmos laços de afeto, respeito, companheirismo (embora algumas amizades, mesmo na mesma cidade, tenham se apresentado como oportunistas e também mereçam ir para a mesma galáxia dos ex-amores).
Existem atitudes que independem de presença física.
E assim ia levando a vida, quebrando a cara de vez em sempre, mas achando que estava certa...
Pura ilusão!
Existem sim pessoas que merecem ser descartadas sem dó nem piedade.
Isso não quer dizer que preciso carregar comigo as mágoas, a raiva, a decepção, a tristeza que essas pessoas me trazem... não! Só não querer mais a convivência, a presença.
Tenho, na vida, pessoas por quem eu tenho uma imensa gratidão, que fizeram de mim, em determinado tempo, o ser humano mais feliz do planeta, que me trouxeram grandes alegrias... mas que passaram... como passa a chuva de verão, o vento forte, o cheiro da flor.
Pessoas que não querem permanecer em minha vida. E elas têm todo o direito de fazer essa opção.
Às vezes eu corria atrás escrevendo um e-mail, uma carta (daquelas de papel), deixando uma mensagem no facebook... mas cansei! Cansei de ser sempre a que procura, cansei de querer ter no meu círculo todos os que foram importantes, cansei de ser a que ama...
Hoje quero que me queiram a seu lado, que me procurem, que também me amem.
É claro que toda regra existe exceção. Existem aquelas pessoas que eu posso passar meses sem trocar uma palavra, mas seus lugares no meu coração e nas minhas preces permanecem intactos, pois sei que a recíproca é verdadeira.
Existem pessoas que nunca vi e que, no entanto, são mais importantes do muitas com as quais convivi toda a vida.
E eu sou grata. Sou grata às amizades verdadeiras, ao afago, ao telefonema só "para saber como estão as coisas", à presença nas minhas horas mais difíceis e ao regozijo nas minhas vitórias.
Sou grata a Deus pelos anjos que espalhou em minha vida.
Mas agora perdi totalmente a paciência com as pessoas que não me agregam (e quem quiser pode até considerar egoísmo, não tenho pretensão de ser Madre Tereza)... virei adepta à máxima "Legal comigo, legal contigo"!
Cansei de só eu ser "a legal"!
Dessas pessoas que não me agregam só quero uma coisa: distância!


(Kátia Corrêa De Carli)