1 - Tudo aqui narrado fez parte do meu Caminho, do que passei, não é liberdade poética, embora em algumas ocasiões bem que eu gostaria que fosse!
2 – A Cris fala, literalmente, com todos os animais, e eles respondem, só não descobri ainda se ela compreende o que eles respondem, mas tenho uma séria intuição que sim!
3 – O romano me empurrou porque os romanos são sacanas mesmo! Vá a Roma e descobrirá que é verdade o que eu digo. Só não sabia, naquela época, que romano desencarnado também sacaneia... vai ver eu era cristã... e como não tem mais leão, resolveram me jogar pirambeira abaixo.
4 – O Mauricio não é coitadinho coisa nenhuma, tá! Está certo, adoro ele, mas ele vendia caro o uso do travesseiro e do creme, até cuecas e meias tive que lavar (e diz a Cris que lavo roupa pior que homem - rs)!
5 – Contrariando as normas, nós ficamos com peninha dele e jogamos fora a água de um cantil e levamos um pouquinho de vinho para ele... que perdeu mesmo o caminho da fonte... Mas foi castigo, ele já estava pensando em nos abandonar, por isso ficou para trás. Mas a Justiça Divina não falha! Ele chegou a Los Arcos antes da gente, quando chegamos já tinha até lavado roupa! (essa noite não teve como dormir de travesseiro – rs)
Era 23 de maio de 2000. Foi neste dia, em Los Arcos, que eu parei para pensar sobre uma das lições do Caminho. Sobre a transitoriedade das pessoas em nossas vidas. Como disse, tenho algumas anotações que fiz nas beiras do guia, são palavras chaves e é só lê-las que tudo volta instantaneamente...
Quando eu fui para a Espanha, estava saindo de uma crise muito intensa, minha cabeça era um turbilhão só, eu precisava de um tempo para me reencontrar, para descobrir, depois de tudo que havia passado: perdas, escolhas, renúncias, doença, etc. o que havia sobrado da Kátia que eu conhecia. Se ainda existia, ou se era outra, e se era, precisava conhecer essa outra na qual havia me transformado. Se era melhor ou pior, ou apenas diferente...
Pensando assim cheguei à conclusão, não sem sofrimento, que não podemos reter as pessoas em nosso Caminho a menos que elas queiram caminhar o mesmo caminho que nós, e nem sempre isso é possível ou fácil.
Quantas pessoas trilham juntos caminhos distintos!
Cada um tem o seu caminho e quando mais cedo aceitamos isso, menos sofremos. Um dos meus grandes erros, durante a vida, foi crer que poderia deter o tempo, detendo as pessoas na minha vida. Mas não tem como deter nada nem ninguém.
A vida passa rápido demais e as pessoas se vão rápido demais e acaba ficando, quando não se sabe lidar com isso (o meu caso) um vazio muito grande.
Não tem como preencher o vazio deixado pelas pessoas, eu precisava aprender a preencher meus vazios com o que existe dentro de mim, só assim aprenderia a viver mais feliz.
Parece que a dor é uma companheira constante e inseparável, e eu precisava aprender a viver sem ela. E naquele momento estava sendo muito difícil. Foi tanto tempo alimentando dores diversas que eu já não sabia mais viver sem elas.
Eu substituía minhas dores, do corpo e da alma, por outras e ficava a me perguntar se algum dia seria feliz por mim mesma.
Naquele momento só tinha questões, mas já tinha dado um grande passo, pois já conseguia enfrentar essas questões de frente.
A gente carrega as coisas tempo demais, sejam dores, amores não resolvidos, perdas, desafetos, raiva e acaba não sabendo viver sem elas.