sexta-feira, 26 de outubro de 2007

IMPRESSÕES DE VIAGEM IV


ROMA


Sonho acalentado desde que, na infância, fui apresentada às primeiras civilizações, nas aulas de História Geral. Numa época em que os livros escolares passavam de irmão para irmão, vizinhos, amigos, etc. e só continham gravuras ou figuras em preto e branco. Não sou tão saudosista para dizer: Bons tempos aqueles! Mas que a gente aprendia mais do que os pobres coitados das escolas públicas de hoje, isso é verdade... mas não estou aqui para falar de políticas educacionais...
Pois é...
Eu sonhava com o Coliseu, sonhava literalmente: ora era cristã sendo devorada pelos leões, ora era aristocrata que a tudo assistia com ar de enfado, só não me lembro de ter sido leão.
Sonhava com Júlio César, cambaleando entre as imensas colunas de mármore, teatralmente dizendo: "Tu quoque, Brutus, fili mi!" (Até tu, Brutus, meu filho!).
Quando católica via-me no Vaticano, a receber a comunhão das mãos do Papa e transcender... voar... tornar-me santa!
O tempo foi passando, fui descobrindo novos tesouros em Roma na forma de esculturas, pinturas, etc.
Houve um tempo em que daria tudo para ser Anita Ekberg (com seus enormes seios – e nem havia silicone - seus cabelos loiros e todo seu potencial) saindo da “caverna” à direita da Fontana di Trevi para onde havia atraído, nada mais, nada menos que Marcello Mastroianni, na antológica cena de La Dolce Vita, de Fellini.
Portanto Roma foi sonhada, calculada, seu roteiro pormenorizado... e?
Só contando...
Roma é uma cidade abundante.
Abunda cultura, mas também abunda japonês (está bom, não vou ser parcial), abunda oriental, abunda sujeira, abunda romano mal educado.
Que decepção!
Tudo bem, estão lá: O Coliseu, o Fórum, o Senado, a Fontana di Trevi (que ainda não havia recebido corante), La Boca Dela Veritá, o Vaticano, até o Papa... mas tem que se pagar um preço elevado para apreciar tais belezas (e não estou dizendo só monetariamente).
Romano é mal educado mesmo. Eles gritam com eles mesmos, vivem xingando, saindo aos tapas no meio da rua, xingam os turistas (somos pragas, na língua de um senhor no ônibus), dão todas as informações erradas que puderem e te roubam na cara, e ai de você se quiser falar alguma coisa, ainda será obrigado a ouvir grandes impropérios em tom de voz que daria para fazer denúncia ao disque-silêncio.
O metrô, além de pequeno e restrito, é imundo e todo pichado.
Informações confiáveis nós tivemos de..., nossa! Tenho que puxar bem a memória... e só me lembro dos Carabineres (os policiais).
Uns danados de uns motoristas de ônibus, na rodoviária, nos indicaram um ônibus que nos levaram para a zona sul quando queríamos ir para a zona norte...
Roma é rica em patrimônio histórico? Sim! Mas haja disposição!
Vale a pena, apesar de tudo? Sim... Andar num museu ao ar livre, pisar em lugares que pisaram tantos vultos históricos, saber que ela já estava lá antes mesmo de tudo que minha pobre e limitada compreensão abrange... é relíquia que se leva por toda encarnação.
Mas, parafraseando Júlio César no famoso "Veni, vidi, vici" (Vim, vi e venci) eu digo:
Fui, Vi e Não volto!


DICAS:

- Não peça informações na rua, invariavelmente lhe darão informações erradas. Procure um policial (tem bastante)

- Tickets de metrô e ônibus - compre um uma tabacaria ou banca de jornal, as máquinas do metrô nunca funcionam, nos pontos de ônibus não vendem, nem nos ônibus

- Numa loja, quitanda, camelô ou seja lá o que for que estiver vendendo algo, não toque em nada a não ser que tenha permissão (se você for comprar uma fruta, eles escolherão a fruta que você irá comer! E faça cara boa!)

- Nas barracas da rua nunca pague o primeiro preço que eles pedem, regateie, você levará a mesma coisa até pela metade do preço e se não for o caso, deixe o vendedor falando sozinho e vá a outra barraca.

- Esteja preparado para enfrentar filas (intermináveis!)

- Veja os preços das comidas antes de se sentar em algum restaurante, você paga caro para sentar (no mínimo 2 Euros por pessoa) nem que seja para tomar somente uma água, e eles não têm vergonha de roubar na sua cara (e vale aquela máxima – não reclame, mesmo certo, você sempre estará errado, entendeu praga?)

- Troque um dia em Roma por um dia em Assis!

- Em Roma não faça como os romanos. Tente manter-se educado.

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