Minha mãe sempre dizia que depois de certo tempo de vida, quando os filhos dos amigos já casaram (na época em que se ainda casava) as pessoas só se encontravam em velórios. E ela tinha uma maneira toda especial de avaliar os velórios: se encontrava muitos amigos, se o falecido era pranteado como merecia, ela dizia que o velório estava “muito animado”. Com o tempo fui entendendo o que ela queria dizer com isso, embora ainda não saiba explicar bem. Não é falta de respeito, nem ausência de dor pela partida... é uma coisa diferente.
Mas isso é só para dizer que estava num velório de uma pessoa muito, muito querida, quando me deparei com meu primeiro e grande amor.
Não que não tivessem existido outros namorados antes dele... existiram, fui uma adolescente “namoradeira”... mas amor mesmo, “sem a qual a vida é nada, sem a qual se quer morrer”, ele foi o primeiro. Acreditava que seria o único, daí o luto e o trauma terem demorado tanto tempo.
Uma amiga “daqueles tempos” foi logo sussurrando ao meu ouvido: “E aí? As pernas ainda tremem?” com aquele sorriso maroto que só grandes amigas compreendem.
Isso me fez pensar sobre o que perdi e o que ganhei com esse amor.
Por muito tempo pensei que só houve perdas. Perdi a esperança, a fé no sexo oposto, a crença que nunca mais amaria outra vez um amor do tipo “os seus olhos têm que ser só dos meus olhos, os seus braços o meu ninho”.
Na adolescência vive-se tragicamente. Tudo toma proporções maiores que as devidas. Talvez por isso, por ele eu lutaria contra tudo e todos. Faria qualquer sacrifício. Seria até submissa.
Mas ele não quis. E terminou comigo.
Quis morrer. Chorei por muito, muito tempo. Os cabelos, que iam até as costas, foram cortados curtinhos, como forma de vingança. Só não joguei para Iemanjá porque na minha terra não tem mar, nem Iemanjá.
A partir daí passei a namorar só três meses.
Tempo exato para aproveitar o que de melhor tem um relacionamento e também exato para não me apaixonar.
O tempo passou. Conheci outras formas de amar. Menos trágicas. Outras mais intensas. Mas o mais importante é que descobri que não se ama só uma vez.
Porém, naquele dia, quando o vi novamente, depois de décadas, devo confessar: sim, as pernas tremeram! Enxerguei o príncipe pelo qual eu havia sido apaixonada (que pela avaliação da minha irmã só existiu na minha cabeça). Mas meus olhos haviam mudado. Talvez lavados pelas lágrimas que a vida me impôs consegui ver que não teria dado certo.
Mas dei-lhe um abraço apertado e em silêncio agradeci-lhe pelas emoções boas e ruins que me fez conhecer.
Agradeci por aquele primeiro amor cheio de planos, desejos reprimidos, descobertas, coração acelerado, pureza de alma...
É o primeiro amor... Único...
De tudo, o que mais sinto é a falta da pureza da alma que perdi, não sei onde, nem como, nem com quem... mas trago a certeza de que uma parte de mim ficou, lá atrás, junto com aquele primeiro amor e refaço o percurso dos versos:
“Você tem que me fazer um juramento, de só ter um pensamento, ser só minha até morrer”.
A parte de mim que ainda é sua, jura.
Mas isso é só para dizer que estava num velório de uma pessoa muito, muito querida, quando me deparei com meu primeiro e grande amor.
Não que não tivessem existido outros namorados antes dele... existiram, fui uma adolescente “namoradeira”... mas amor mesmo, “sem a qual a vida é nada, sem a qual se quer morrer”, ele foi o primeiro. Acreditava que seria o único, daí o luto e o trauma terem demorado tanto tempo.
Uma amiga “daqueles tempos” foi logo sussurrando ao meu ouvido: “E aí? As pernas ainda tremem?” com aquele sorriso maroto que só grandes amigas compreendem.
Isso me fez pensar sobre o que perdi e o que ganhei com esse amor.
Por muito tempo pensei que só houve perdas. Perdi a esperança, a fé no sexo oposto, a crença que nunca mais amaria outra vez um amor do tipo “os seus olhos têm que ser só dos meus olhos, os seus braços o meu ninho”.
Na adolescência vive-se tragicamente. Tudo toma proporções maiores que as devidas. Talvez por isso, por ele eu lutaria contra tudo e todos. Faria qualquer sacrifício. Seria até submissa.
Mas ele não quis. E terminou comigo.
Quis morrer. Chorei por muito, muito tempo. Os cabelos, que iam até as costas, foram cortados curtinhos, como forma de vingança. Só não joguei para Iemanjá porque na minha terra não tem mar, nem Iemanjá.
A partir daí passei a namorar só três meses.
Tempo exato para aproveitar o que de melhor tem um relacionamento e também exato para não me apaixonar.
O tempo passou. Conheci outras formas de amar. Menos trágicas. Outras mais intensas. Mas o mais importante é que descobri que não se ama só uma vez.
Porém, naquele dia, quando o vi novamente, depois de décadas, devo confessar: sim, as pernas tremeram! Enxerguei o príncipe pelo qual eu havia sido apaixonada (que pela avaliação da minha irmã só existiu na minha cabeça). Mas meus olhos haviam mudado. Talvez lavados pelas lágrimas que a vida me impôs consegui ver que não teria dado certo.
Mas dei-lhe um abraço apertado e em silêncio agradeci-lhe pelas emoções boas e ruins que me fez conhecer.
Agradeci por aquele primeiro amor cheio de planos, desejos reprimidos, descobertas, coração acelerado, pureza de alma...
É o primeiro amor... Único...
De tudo, o que mais sinto é a falta da pureza da alma que perdi, não sei onde, nem como, nem com quem... mas trago a certeza de que uma parte de mim ficou, lá atrás, junto com aquele primeiro amor e refaço o percurso dos versos:
“Você tem que me fazer um juramento, de só ter um pensamento, ser só minha até morrer”.
A parte de mim que ainda é sua, jura.
9 comentários:
que lindinho!!!
bjobjo
" Em algum lugar, houve um rei, uma rainha, um castelo e o primeiro amor."
Quem disse isso foi Carl Gustav Jung...preciso dizer mais?
Meu primeiro AMOR, meu primeiro Beijo (não falei antes, vai ser agora) foram apaixonadamente dados ao meu primeiro namorado e, depois, marido, pai do meu filhão...como amei aquele Homem! Como ainda me lembro vívidamente dos nossos momentos!
É isso aí, Katinha, nem o tempo pode apagar os Melhores Sentimentos, nem o tempo...
Você escreve assim pra gente chorar, é???Rsssss
Lindooooo final de semana, Amiga!!!Bjssss
O primeiro amor... Ah, que intenso e cheio de sonhos. Dele nunca nos esquecemos realemente. Sim, tão trágico o que sentimos na adolescência. Guria, você chegou a cortar o cabelo?
Kátia, que bom te ler e compartilhar todas estas emoções.
Beijo
Que bonito! Nem precisou de pito pra atualizar aqui! =P
Sobre o post em si, vou nem falar nada sobre o "quase 'primeiro' pai" porque prefiro o de verdade! hahahha
Beijão!
Final de semana chegando e eu aqui, nesse túnel do tempo que só quer me tragar, mas agarradinha estou com esse amor do presente, nem sempre alegre, mas não infeliz... é preciso aceitação.
Misturei todas as rosinhas, Katinha, mas a tua branca tá lá, vibrando um lindo final de semana pra você e sua família!!!
Mil beijinhosssssssss
Como sempre..bela forma de expressar os sentimentos..
qto a velorios..pior que é assim memso..srsr no de meu pai e irmãos... eu ora chorava a perda..ora ria com primos que há mais de 30 anos não reencontrava..lembrando as peripécias da infáncia..
Beijocas!
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