quinta-feira, 25 de junho de 2009

PRIMEIRO BEIJO


Esta crônica deveria ter sido postada próximo ao dia dos namorados.
Mas ando, a cada dia, mais lenta.
Lenta para raciocinar, para colocar em palavras o que vai à minha cabeça, no ânimo para escrever... daí escrevo, na mente, montes de coisas que, com certeza, estarão esquecidas no dia seguinte.
Mas tudo começou por causa de uma propaganda na televisão sobre “voltar à emoção do primeiro beijo” e apareciam fogos pipocando, sinos tocando, etc.
Logo depois veio uma reportagem no jornal sobre o fato de os jovens estarem trocando o primeiro beijo cada dia mais cedo.
Fiquei pensando na minha experiência. Tudo bem que existem décadas separando as minhas experiências dos dias atuais, mas primeiro beijo será sempre primeiro beijo, concordam?
Eu acho que deveria ser obrigação dos pais, ou constar do currículo escolar (não se fala hoje sobre sexo seguro, cuidado com as drogas, etc.?) ou até mesmo de livros de auto-ajuda. Não sei exatamente como, mas alguém deveria alertar nossos “cada dia mais jovens” para as emoções do primeiro beijo.
A gente lê nos romances, assiste nos clássicos dos cinemas, nas novelas, que todo primeiro beijo acontece num lugar paradisíaco, que é sempre maravilhoso e ninguém ousa dizer o contrário.
Na minha pré-adolescência passávamos horas na frente do espelho ensaiando para aquele momento único em que o príncipe encantado chegaria, nos beijaria e abrir-se-iam as portas de um mundo totalmente novo e iluminado.
As amigas da mesma idade que já haviam passado pela experiência, mesmo que não tivessem gostado, não ousavam confessar para não perderem o status de “já iniciadas”.
Por isso agora me dirijo aos jovens de “BV” (Boca Virgem): Esqueçam tudo o que ouviram e leram até hoje e prestem atenção às minhas palavras. Pode até ser que com um, entre milhares, tenha sido assim, fogos, sinos, luzes... mas não é via de regra.
Lembro-me perfeitamente do meu primeiro beijo.
Que decepção!!!!!
Ansiei tanto por esse momento, sonhei mil situações e nada, nada do que sonhei aconteceu.
Prá começar foi numa escada escura (acho até que cheirava a mofo), com um menino que achava que sabia de tudo (coitado!) e que nem sequer perguntou se eu queria ser beijada por ele.
Não houve aquele olhos nos olhos que a gente vê nos filmes, nem fundo musical, nem nada. Só aquela boca cobrindo a minha, o gosto de chiclete e cigarro, o medo de alguém chegar e uma sensação de nojo tão grande que jurei que nunca mais ia deixar ninguém me beijar.
Não ouvi sinos repicando, nem fui tomada por nenhum arrebatamento de paixão. Só tinha consciência daquele corpo estranho penetrando a minha boca e, ainda agradeço aos céus por, naquele tempo, os aparelhos ortodônticos não serem tão acessíveis como hoje, porque, com certeza, eu ainda teria enfrentado os ganchos a me rasgarem os lábios (bem que ele precisava).
É certo que o juramento de nunca mais beijar só durou até acontecer a primeira paixão (ou seja, bem pouco tempo, rs).
É certo também que beijar é como praticar esporte, com o tempo a gente vai se aperfeiçoando... e hoje, lhes garanto, não há nada melhor do que um bom beijo na boca.
Mas, por favor, não esperem demais das primeiras vezes...
E nunca digam que ninguém tentou lhes avisar.