segunda-feira, 24 de agosto de 2009

E O QUE JÁ ERA FEIO...

Existem vários ditados populares para descreverem nossos próprios infortúnios e os infortúnios alheios:
- Urubu quando está de azar o de baixo “caga” no de cima;
- Não há nada tão ruim, que não possa piorar;
- Uma desgraça nunca vem só;
E daí por diante...
Como disse, fomos eu, minhas dores e meu marido ao Rio de Janeiro em busca de um dos melhores especialistas em doenças da medula do Brasil.
Fomos muito bem recebidos, ele quis ouvir-me (viva! Um médico que ouve o paciente!), olhou os exames que eu havia levado (uns cinco quilos, todos os que fiz desde fevereiro), examinou-me quase virando-me ao avesso e daí... o primeiro veredito:
- Dona Kátia, tenho 90% de crença que seu diagnóstico está equivocado!
Quase caí da cadeira! E tudo que passei? E as agonias com o medo das seqüelas? E a possibilidade de desencarne? Tudo isso tinha sido em vão?
O susto foi tão grande que só consegui murmurar:
- O que o senhor acredita que seja?
O homem disparou a falar uma lista de doenças cujos nomes, alguns até em francês, eu nunca havia ouvido. Não consegui decorar nenhum, mas há males que vêm para o bem, assim não fico pesquisando o que é campo de possibilidade.
Durante a consulta ele telefonou para uma médica daqui de Vitória (que por sinal é minha amiga) e orientou-a para fazer aquele exame maravilhoso: eletroneuromiografia! Ai Jesus! Não desejo nem a inimigo (se os tivesse).
Pediu mais um monte de exames, trocou toda a minha medicação, mandou-me de volta com a ressalva para retornar com os exames prontos.
Resumo da ópera: Eis-me aqui, cheia de dor (já que não posso tomar nenhum analgésico porque é preciso chegar a uma dose precisa do novo medicamento) novamente inválida, sem saber o que tenho, cheia de exames para fazer e reiniciando a maratona.
É mesmo como diz o ditado:
Não há nada ruim que não possa piorar!

sábado, 15 de agosto de 2009

MINHA ÍTACA

Qual Ulisses em busca da sua Ítaca (vale a pena conhecer o poema do grego Konstantinos Kaváfis referindo-se à Odisséia, de Homero), acredito que a vida é como uma viagem até Ítaca, a Ítaca de cada um, não um lugar específico; acredito que a vida está na caminhada, não na chegada. O último porto é a morte.
Como ainda não estou preparada para chegar ao último porto e tenho tantos portos onde sei, um dia, ainda ancorarei o barco da minha existência, sigo em busca de algo ou alguém que possam ajudar a tornar minha caminhada mais amena.
Tem gente que acredita em coincidências, acaso, destino.
Outras crêem em milagres (eu creio na fé absoluta que nos leva ao melhor).
Uns buscam ajuda nos santuários: Lourdes, Fátima, Jerusalém.
Outros fazem promessas.
Alguns sacrifícios.
Como eu não sou de ferro e já sofri uma cota suficiente (pelos meus cálculos), vou buscar ajuda num lugar mais prazeroso.
Estou indo pro Rio...
“Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara....”
Até a volta!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

E A VIDA O QUE É? DIGA LÁ MEU IRMÃO...


Esse reencontro com meu amigo “perdido” levou-me a uma série de reflexões.
Como narrar quase uma vida inteira em uma carta ou e-mail?
O que é importante numa vida?
O que vale mais?
Será que interessaria saber os amores que tive e perdi pelo caminho?
Será que ele gostaria de saber como foi meu casamento ou teria mais importância as dificuldades que enfrentamos para continuarmos juntos?
Tirando os nascimentos dos filhos, que creio, nada vale mais, o que valeria contar? O meu sucesso como executiva ou o que aprendi lidando com as diferenças das pessoas?
Vale mais as bolhas que ganhei no Caminho de Santiago ou descrever minha casa, jardim, quintal e cachorro?
O que importa mais, a quantidade de livros que li, ou a frase que carrego desde a adolescência do único livro que sei de cor: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”?
As pessoas que perdi, pai, mãe, amigos queridos que partiram para outra vida ou as amizades que ainda carrego, desde a infância?
O que vale mais, as lágrimas que derramei a cada tropeço, doença, queda ou as lições que tirei de cada dificuldade?
O que importará mais nesta vida?
O que ele gostaria de saber?
Das viagens que fiz, alimentando a alma, ou das cirurgias que enfrentei para manter vivo o físico? Será que lhe interessaria saber que houve um dia um pôr do sol rosa e dourado que eu fotografei e nunca mais vi outro igual?
Ou lhe agradaria ver a parte o mundo que vi, através do meu olhar?
Será que lhe interessariam os livros que escrevi, as tatuagens que carrego no corpo, as rugas e quilos que ganhei?
Teria valor saber que coleciono pedrinhas dos lugares por onde andei ou que já tenho paciência para cultivar flores?
Teria isso importância na vida de outra pessoa?
O que importa mais?
Sinceramente, a resposta? Não a tenho...
Penso na vida e só me vem à mente a música do Gonzaguinha:

E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...
... Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...