sábado, 30 de janeiro de 2010

CORREIO SENTIMENTAL

Para Tide,

Meu amigo muito querido, você colocou duas questões que embora pareçam diferentes, traçam um mesmo caminho: o do coração.

Apesar de não ser especialista nestas questões, talvez a vivência de tudo que passei me habilite a tentar analisar e responder.

Você perguntou se é possível sentir saudade de alguém que não se conhece. Devolvo com uma pergunta: existe alguém no mundo que a gente possa dizer que realmente conhece? Não conhecemos nem nós mesmos...

Existem pessoas que a gente já viu milhares de vezes e não conhecemos...

Existem pessoas que a gente nunca viu olho a olho e que conhecemos muito mais que nosso vizinho de porta.

Existem pessoas especiais, que basta uma palavra, uma demonstração de afeto (seja um cartão, uma foto ou um cd caseiro de MPB) e se deixam mostrar escancarando a alma, porque sabem que quem está do outro lado também escancara sua alma, sem pudor. É a confiança construída a cada conversa, a cada “teclada”...

Então, minha tese é que não existem pessoas que não conhecemos, existem pessoas que a gente não encontrou pessoalmente, ainda, mas que conhecemos e amamos.

E o amor gera saudade... qualquer espécie de amor.

Mesmo aquele amor que parte o coração, deixando como “carne moída”.

Depositamos nossa esperança, todo nosso amor, carinho, devotação a uma pessoa. Passamos a viver na espera do retorno - ainda não somos tão evoluídos a ponto de amar por amar, para nós o amor tem que ser pista de mão dupla – e não perguntamos ao outro se ele está colocando na relação todo o seu amor, carinho, etc. também. E na maioria das vezes, a relação é de mão única. E quando acaba, quase sempre de um lado só, sobra um velho coração despedaçado, desesperançado, doído a ponto de se sentir dor física.

Quando isso acontece queremos morrer junto com nosso coração.

Os dias vão passando, a dor vai diminuindo aos pouquinhos... mas não acaba! Nunca! Carregamos no olhar a dor daquele amor perdido. É como queimadura, a cicatriz permanece por todo sempre a lembrar aquele amor não vivido.

Amor perdido é amor eterno!

Todo meu carinho e um poema

Kátia

FIM

Não existe nada mais doído

Do que o fim de amor.

Amor idealizado,

Amor conquistado aos poucos,

Amor!

Num ímpeto de raiva

Tentei apagar os vestígios

De sua passagem pela minha vida.

Queimei cartas, recados, retratos,

Apaguei seu nome da minha agenda,

Não mais passei pela sua rua,

Nunca mais ouvi “nossas” músicas.

As lágrimas vieram uma a uma,

Lavei com elas minha alma,

Minha mágoa,

Minha dor.

Com o passar dos anos a gente consegue

Enganar até mesmo a memória,

Achando que esqueceu.

Achei que tinha esquecido você.

Só muito tempo depois descobri

Que o amor dói mesmo muito depois do seu fim.

Dói a cada encontro,

A cada olhar,

A cada recordação.

O fim de um amor a gente até supera

Mas não esquece não.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

ENCONTROVERSO


Estarei lá apresentando alguns poemas! Estão todos convidados!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

E 2010 CHEGOU...

(Porque existem flores entre espinhos)


Um novo ano começou e eu, só agora, estou me dando conta das coisas que não fiz.
Não teve lista de boas intenções,
Não houve promessas,
Não aconteceu balanços,
O ano passou e eu passei com ele.
Um ano inteiro de doença, dores, tristezas,
Ano de perdas de pessoas queridas sem poder me despedir.
De imobilidade, dependência, instabilidade,
Ano de desencanto, desesperança.
De não saber-se viva nos dias que viriam,
Inteiro de não viver,
Ano de só sobreviver.
Um ano que, olhando para trás, acho que poucos suportariam.
Entretanto, talvez tenha sido o ano mais rico da minha vida.
Rico de bem querer,
Rico de reflexões.
De saber que a dor do outro pode ser maior,
De aprender a olhar para os que estão atrás,
Reconhecer que a vida, em si, não é boa nem má.
Tempo de aprender a valorizar.
Tempo rico de família reunida,
De amigos que me suportaram e me ajudaram na caminhada.
Pessoas que quando eu não aguentava andar,
Andavam por mim.
Quando eu pensava em desistir,
Estavam ao meu lado para impedir.
Pessoas que deixaram suas vidas por algum tempo
Para ajudarem-me a viver a minha.
Tempo rico de cultivar ainda mais a fé em Deus
E aprender a voltar atrás e retomar o caminho
De onde um dia me desviei.
Por ignorância ou talvez desatino.

A todos vocês que, com certeza, estiveram comigo nessa empreitada, seja presentes fisicamente, seja pelas palavras de apoio, telefonemas, visitas, etc. o meu agradecimento mais que sincero e um abraço repleto de luz de voltar a viver, que com alegria divido com vocês.

Kátia 2010!