sábado, 19 de novembro de 2011

UMA COISA LEVA A OUTRA, QUE LEVA A OUTRA, QUE LEVA...

Vista do meu cantinho... a névoa não é eterna...

Dedico este post à Kátia GV, ela sabe os motivos; ao Mauricio, por sabê-lo sempre presente mesmo distante e à Vanuza Pantaleão, por não desistir de mim.

Depois que postei a respeito dos buracos negros da minha alma, fiquei, por muito tempo, pensando qual seria o motivo escondido sob esse manto de esquecimento, qual lição deveria aprender.

Estava tão incomodada com a situação que só escrever não bastava. Precisava ir além. Precisava que alguém me ajudasse a entender. Por isso levei o assunto para o meu terapeuta (na verdade mais um anjo que Deus colocou na minha vida). Verbalizando tudo que me ia à alma ele me fez as perguntas perfeitas:

- O que você quer colocar nesses buracos?

- Com o que você vai preencher essas lacunas? A decisão é sua.

Pensei bastante e cheguei à conclusão que estava diante de uma verdadeira oportunidade de aproveitar para deixar fluir todo o meu lado espiritual, deixar aflorar meu sexto-sentido, minhas intuições. Deixar espaço para que meus Anjos falassem através de mim...

Logo depois, em conversa com a minha amiga querida Kátia, sobre assuntos que não vêm ao caso, eu falei a frase “Meu coração está dizendo que você vai ser muito feliz”, daí ela me respondeu que ficava “em suspenso” toda vez que eu começava uma frase com o tal “Meu coração está dizendo...” porque desde que me conhece, por tudo que passamos juntas, meu coração nunca tinha errado, nem nas coisas boas, nem nas más.

Talvez eu precisasse desses buracos para deixar meu coração falar.

E como uma coisa leva a outra, lembrei-me de uma história (ou lenda) que na oportunidade mandei para a Kátia e hoje compartilho com vocês. Essa história me acompanha a tanto tempo que não sei mais se li em algum lugar ou se fui eu mesma que inventei. Mas vamos lá:

Quando nascemos, Deus (ou a Força Superior, Alá, Jeová) nos dá três grandes presentes - a vida, uma estrada e uma carroça. Assim começamos nosso caminho percorrendo nossa estrada, que sempre será só nossa, embora em alguns momentos tenhamos outras estradas ao lado da nossa. E vamos em frente, colocando coisas, pessoas, sentimentos, recordações, alegrias, tristezas, mágoas, ressentimentos... e seguimos enchendo nossa carroça. Em alguns momentos da vida a estrada é reta e asfaltada, em outros há muita lama, buracos, em algumas épocas parece apenas uma trilha... A carroça, com o tempo, vai se enchendo e as rodas começam a ranger, fica pesado puxar, mas a gente não desiste e vamos em frente, até que um dia aparece uma grande pedra (seja uma doença, a perda de um ente querido, uma separação, uma mudança, uma decepção, etc.) e a roda da carroça se prende e ela vira. Tudo que carregamos cai! Sentamos desolados no meio do caminho... choramos, nos entristecemos, até nos desesperamos, mas a estrada é nossa responsabilidade e ela está à nossa espera, então, mais cedo ou mais tarde, temos que retomar o caminho e começamos a colocar nossas coisas na carroça. Mas, à medida que vamos pegando nossas coisas, pessoas, sentimentos, etc. descobrimos que estamos carregando muito peso inútil: são mágoas passadas, recordações tristes, energias negativas, dores desnecessárias... daí começamos a selecionar o que realmente merece ser carregado por nós. Recarregamos nossa carroça e descobrimos o quanto ela está mais leve, mais bonita, arrumada!!! e vamos em frente enquanto a vida existir, carregando nossa carroça, seguindo na nossa estrada... até a carroça começar a ranger novamente e aparecer outra pedra... e tudo começa outra vez. Essa dádiva, de escolher o que colocar na carroça, é o maior presente que Deus nos deu.

Minha carroça virou outra vez! Estou no processo de recolocar nela o que realmente vale à pena... deixar o que não me serve para trás. Deus está me dando uma grande oportunidade de arrumar novamente minha carroça!

Tenham certeza que deixarei para trás muitas culpas, ressentimentos, tristezas... mas as pessoas que carrego no coração, essas não, seguirão comigo eternidade afora.

Descobri que sou do tipo que não descarta gente! (ainda bem!)



quinta-feira, 17 de novembro de 2011

USINA BELO MONTE

Até quando vamos nos calar?



É a Gota D' Água +10 from Movimento Gota d' Agua on Vimeo.

domingo, 6 de novembro de 2011

FALTAM ALGUMAS PÉTALAS


Li, em algum lugar, que Deus é extremamente piedoso para com as mulheres, pois, à medida que vai nos dando rugas, pés-de-galinha, vai tirando, aos pouquinhos, a visão... acho que é verdade uma vez que já sinto dificuldade em enxergar a sobrancelha por fazer, algum “cravinho” mais escuro ou mesmo as rugas, inevitáveis na minha idade. (poderiam ser descartadas com um bom bisturi, mas evitadas, nunca!)
Só que nenhuma leitura, nenhuma advertência, nem mesmo Ele, preparou-me para a perda da memória.
Pode ser efeito colateral dos medicamentos, da doença, pode (ou não) ser recuperável, mas é difícil conviver com essa situação.
Sempre tive uma memória privilegiada. Nunca precisei de agenda telefônica, trazia todos os números na minha agenda “memorística” e ela não me faltava. Lembrava-me de fatos ocorridos na mais tenra idade, com exatidão de detalhes, cores e odores.
Conhecia de cor todas as normas e regras que regiam nossas tarefas no serviço. Sabia onde estava arquivado cada documento, a ponto de, mais de ano depois de aposentada, ainda me telefonarem para perguntar sobre determinado assunto: e eu lembrava!
Comecei a perceber que as coisas não iam muito bem quando fui telefonar para uma das minhas melhores amigas (o mesmo número há mais de 20 anos) e liguei, diversas vezes, para o número errado.
Alguma coisa realmente estava fora do lugar.
Muita coisa se perdeu nos labirintos dos neurônios mortos.
Quero me lembrar de nomes e não consigo. De pessoas com as quais convivi, e é inútil. De situações e elas simplesmente desapareceram.
É triste constatar que perdi parte da minha história.
Há algum tempo, um amigo querido me escreveu e narrou um fato acontecido conosco e eu não consigo recuperar esse fato. Não sei em que curva do caminho do esquecimento ele ficou.
Sei que perdi muita coisa... só não sei onde procurar!
Sinto-me meio morta sem as minhas memórias. Onde antes havia uma colcha de retalhos, muito bem costurada, de gente, amores, lembranças, sentimentos, gostos, cheiros e sabores, agora existem buracos negros. Profundos. Minha alma não é mais inteira.
Faltam-me pedaços de mim. Como uma flor de quem foram tirando as pétalas.
É claro que muita coisa ainda carrego comigo: o primeiro beijo (argh!!!), os passeios com o meu primeiro e grande amor, as brincadeiras da infância... mas muitos desses acontecimentos estão povoados de fantasmas.
Diz a Gabi (minha filha) que agora eu fiquei normal... não concordo, mas é mais confortável aceitar.
Só queria mesmo era lembrar o sabor da água de um mar, numa manhã de sol, com o meu amado... esse, o sabor, acho que perdi para sempre, o amor, porém, esse vai comigo para a eternidade.

(imagem retirada da internet, sem indicação de autoria)