domingo, 25 de janeiro de 2009

SARRIA – PORTOMARÍN


CHEGANDO AO MARCO 100 KM.

Caminho Sarria - Brea

Vocês lembram que o homem havia dito que seu amigo roncava? Brincadeira... roncava não... ele tinha era engolido uma britadeira que ficou ligada a noite toda, incomodando o albergue inteiro. Felizes os que resolveram caminhar à noite. Eu passei a noite praticamente em claro. Não havia silicone no ouvido que desse jeito. E o dito cujo estava bem na cama abaixo da do pobre do Mauricio. Lá pelas cinco e pouco da manhã, uma espanhola que não lembro o nome, levantou, acendeu a luz, começou a arrumar suas coisas e fazer barulho, daí houve quem reclamasse, ela retrucou dizendo que o sujeito havia incomodado todo mundo que reclamassem com ele, tudo isso aos berros... A maior baixaria!
Bom, não teve jeito, levantamos e preparamo-nos para seguir adiante.
Como Deus e Santiago não abandonam os seus, a Rosa – mãe de Angeles, estava com a perna machucada e iria de táxi até Portomarín e se ofereceu para levar minha mochila. Então foi um alívio saber que enfrentaria os 22 km. que me esperavam sem ter que levar peso.
Apesar de tudo foi uma boa caminhada. Muitos bosques, atoleiros, poucos povoados e muito, muito sol.

Atoleiro Brea - Portomarín

Fomos devagar, parando quando dava, ou quando eu cansava, e assim passamos por Barradelo, Rente, Brea.

Brea - Mauricio e Lua

Em Brea paramos num pequeno bar para comer alguma coisa e tinha uma cadela – “Lua” – que caiu de amores pelo Mauricio. Era a coisa mais linda, a gente sentada e ela buscava um bicho de pelúcia e ia até o Mauricio e ficava mexendo com ele até ele levantar e ir atrás dela fingindo que ia pegar o bichinho... Foram momentos agradabilíssimos e inesquecíveis. Uma alegria quase infantil. São momentos assim que me faziam esquecer as dores, as bolhas, infecção, antibiótico, o escambau!

Marco 100 km (tem gente mal educada em todo lugar)

Passamos pelo marco de 100 km. e deu um aperto no coração. Estávamos chegando ao final da nossa “epopéia”, mas ao mesmo tempo não queríamos chegar, pois chegar representava deixar de ser peregrino, assumir outra vez nossos papéis na sociedade, separar-nos.
Meu coração era uma total contradição e eu ainda não conseguia digerir o que estava acontecendo...

Portomarín

Chegamos a Portomarín com o sol a nos cozinhar os miolos. Depois da rotina de peregrino (lavar roupa, banho, arrumar mochila, etc.) fomos para um parque vizinho ao albergue. Deitamos na relva, à sombra de grandes árvores e ficamos ali, madornando e filosofando. Segundo lembranças da Cris, havíamos reunido tudo o que tínhamos para comer: 3 pêssegos, 2 Toddynhos, requeijão, torradas e 1 barra de cereal, dividimos irmanamente e fizemos nosso lanche. Mauricio estava com dores no pé e Cris fez uma massagem caprichada.
Saímos para conhecer a cidade.

Parêntesis 1: Portomarín é uma cidade recente. Embora antiga. Foi um importante povoado do Caminho no período medieval. O povoado original, formado por dois bairros, San Nicolás e San Pedro, ficava às margens do rio Miño e hoje jazem debaixo do grande lago, resultado da represa que construíram. O povoado que vemos hoje foi construído em 1960 para abrigar os antigos moradores. Porém nem tudo foi perdido. A grandiosa Igreja-fortaleza de San Nicolás, erguida pelos monges-cavalheiros da Ordem de San Juan de Jerusalén, no século XII, foi desmontada pedra a pedra (ainda hoje se pode ver a numeração na lateral de cada pedra) para ser reedificada na praça central do novo povoado, junto com o frontispício do antigo “Ayuntamiento” (prefeitura) e a fachada românica da Igreja de San Pedro.


Iglesia-Fortaleza de San Nicolás

O calor estava insuportável. Paramos num bar, tomamos uns refrigerantes e depois fomos jantar. Entupi-me de Torta de Santiago (um doce fantástico, e eu nem gosto de doce, que eles servem com uma bebida alcoólica por cima, delicioso!).

Detalhe das pedras numeradas

Combinamos de sair cedinho no dia seguinte para não termos que enfrentar o sol escaldante. E fomos dormir... ou melhor, pensamos que dormiríamos! Foi só a gente deitar que começou uma fuzarca no bar em frente, com gente rindo alto, falando alto, música alta. A Cris estava na cama de cima do beliche e havia deixado a janela aberta porque o calor estava insuportável, dava para ver a lua cheia, linda... Mas juro, nem a beleza da lua conseguia me acalmar. Nós já tínhamos passado uma noite em claro por causa da britadeira, agora passar outra noite sem dormir por conta daquele povo... Não sei qual vontade prevalecia dentro de mim, se era matar ou morrer.
No fim, acabei adormecendo, de exaustão.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

TRIACASTELA – SARRIA

FALTAVAM-NOS 132 QUILÔMETROS

Caminho San Xil - Calvor


Em Triacastela, remoendo meu complexo de inferioridade, minha culpa, minha dor e tudo o mais que me fez sentir a pior das criaturas, sem contar a vergonha, sem saber como encarar as pessoas, fiquei ali, naquele bar, por horas, remoendo... Mas uma coisa eu tinha certeza, não me esconderia nem fugiria do inevitável.
Então, à medida que os amigos peregrinos chegavam e me enchiam de carinho, compreensão, afeto, fui, aos poucos, percebendo que todos esses sentimentos estavam realmente somente dentro de mim.

Parêntesis 1: A gente passa tanto tempo na vida julgando com rigor as ações dos outros que não se dá conta que o que a gente mais condena são justamente onde estão nossos pontos fracos. Condenamos porque nos vemos na possibilidade de cometer os mesmos atos.

Quando a Cris e o Mauricio chegaram eu me joguei em seus braços e foi emocionante o reencontro. O modo como eles me receberam, o carinho com que cuidaram de mim... ultrapassa qualquer palavra que eu possa buscar, em qualquer idioma.
Dali, do bar, fomos ao albergue para cumprir as tarefas cotidianas, descansar um pouco e depois resolvemos ir à missa.
Foi a primeira vez que eu vi uma igreja cujo cemitério fica na entrada. Ou seja, para chegar até a igreja tem que atravessar por entre túmulos centenários, uma coisa meio mórbida. O Mauricio quando viu disse que não ia entrar... mas como eu não estava com espírito para brincadeira nem fiz onda com ele...
O Padre, ao final da cerimônia, veio cumprimentando um a um, todos os peregrinos que estavam na igreja (eu disse que peregrino é reconhecível em qualquer lugar! rs) e foi muito simpático conosco quando dissemos que éramos brasileiras.
Voltamos ao albergue e eu fui cuidar do meu pé. Estava horrível! Dava para ver o acúmulo de secreção por baixo da pele. Mesmo os antibióticos (oral e local) não estavam fazendo efeito. O Jorge (o da carona) havia dito que era necessário abrir, mas que teria que ser feito em hospital. Ou seja, eu tinha que dar um jeito de chegar até Santiago, nem que fosse voando na minha vassoura de bruxa.
No dia seguinte, eu e Micheline mandamos nossas mochilas de táxi até Sarria. Decidi que me pouparia ao máximo.

Parêntesis 2: Existem dois caminhos que levam a Sarria. Um passa pelo Monastério de Samos e é só trilha, sem nenhum povoado. Outro, apesar de ter mais subidas e descidas, passa por San Xil e Calvor. Optamos pelo segundo.

Fonte San Xil

O caminho é lindo, várias partes repletas de árvores centenárias, canto de pássaros... o ruim foi que tinha uns atoleiros e uma danada de uma catinga de “mierda de vaca” (eu tampava o nariz com um lenço e saía correndo, dentro do possível, para não fazer vômito).

Parêntesis 3: Acho que se tivesse que viver naquelas condições eu morreria! As pessoas moram no segundo andar das casas e o abrigo dos animais é embaixo... insuportável! Acho que eles nem sentem mais o cheiro!

Chegada a Sarria

Chegamos a Sarria. É uma cidade pequena, mas linda! Tem uma ruazinha para pedestres, chamada “Paseo dos Peregrinos” que fica às margens do Rio Sarria, com sua ilha, cachoeira artificial, cisnes, gansos... uma maravilha!
Isso sem contar com as pessoas nas suas melhores roupas, as mamães e suas filhinhas vestidas de bolo de casamento, os jovens paquerando...
Passamos por um restaurante e vimos as fotos dos pratos que eles serviam. Cada paella mais bonita que a outra. Fomos ao supermercado, fizemos nosso abastecimento para o dia seguinte, voltamos ao albergue, colocamos nossas melhores roupas (tentando disfarçar, claro!) e voltamos ao restaurante!
Comemos feito reis!
Voltando ao albergue encontramos a Angeles que convidou-nos a caminhar à noite. Era lua cheia. Tinha uma turma que ia fazer o percurso à luz da lua. O guia dizia que o trecho era úmido e escorregadio. Eu nem cogitei a hipótese, não poderia correr mais riscos. A Cris ficou muito tentada, mas como estava ainda meio gripada desistiu.
Ficamos sentados na porta do albergue conversando, quando um peregrino que não conhecíamos disse que seu amigo, que também estava no grupo, roncava muito... eu pensei que roncava como todos os outros... e, tentando não dar muito na vista, entabulei uma conversa perguntando de onde eles eram, qual o trecho que fariam no dia seguinte. Daí o cara, que de bobo só tinha a cara, virou para mim e perguntou se eu queria saber para não ficar no mesmo albergue que eles. A Cris quase desmaiou de vergonha quando respondi:
- Acertou em cheio! Estou fugindo de incômodos. Se vocês ficam, eu vou!
Ainda bem que ele levou na brincadeira, mas refizemos nossa programação para ficarmos bem longe deles.

Sarria - Albergue

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

RETOMANDO A SAGA - DE O CEBREIRO A TRIACASTELA

DOR, HUMILHAÇÃO, DERROTA


O Cebreiro - descida (e mais subias, descidas, subidas...)

De O Cebreiro até Triacastela, nossa próxima parada, seriam 20,5 km., uma caminhada considerada, pelo guia, fácil na sua maior parte, isso se descontarmos todas as subidas e descidas e a pior de todas: a descida do Cebreiro (toda descida é pior, exige muito mais esforço físico, atenção redobrada por conta das pedras soltas, e ainda ficar escolhendo onde pisar!), mas, por precaução, resolvi mandar minha mochila de carro, conseguir seguir adiante já era uma decisão difícil, carregar peso seria estupidez.
Saímos cedo... e começou o sobe e desce incontáveis vezes.
Ver no mapa é uma coisa. Percorrer é outra!
Meu pé começou a doer muito. Tentei disfarçar para não preocupar meus amigos, assim passamos por Limares, Alto de San Roque, mas a certa altura eu já mancava tanto que não dava mais para esconder meu tormento.
Quando chegamos a Hospital (também conhecido como Hospital La Condesa) eu sentei no meio fio do acostamento da estrada, desandei a chorar e disse que para mim não dava mais. Eu não tinha como continuar.
Ali, naquele chão, eu me senti a pior das criaturas. Era uma mistura de sentimentos: dor física, dor moral, humilhação, derrota.
Cristina, embora nervosa, tentou manter-me calma e disse que “Chavakiah” (seu anjo protetor) não nos abandonaria.
Nós estávamos na parte da Galícia em que o próprio guia diz: La Galicia más rural y desconocida surge ahora detrás de cada bosque... o junto a cada uma de las docenas de aldeas de piedras, sin apenas gente ni servicios... Ou seja não poderíamos esperar encontrar nada... mas a esperança é sempre a última que morre. E, mesmo humilhada e derrotada, na hora que eu mais precisava, Santiago não iria abandonar-me (esse pensamento me confortava um pouquinho).
Eu queria muito que a Cristina e o Mauricio decidissem por mim, talvez assim a derrota não fosse tão vergonhosa a meus olhos, mas eles, sabiamente, me fizeram ver que a ação tinha que partir de mim.
Então decidi pedir ajuda.
Cristina viu uma senhora passando e foi conversar com ela, que mostrou onde era a casa de sua filha que teria o telefone do motorista de táxi da cidade vizinha. Cris voltou até nós e disse que iria à casa indicada em busca do número de telefone.
Ficamos eu e Mauricio e eis que de repente, do nada, aparece um carro branco, tipo furgão, devagarzinho, vindo pela estrada. Pedi a Mauricio que fizesse sinal, ele se recusou, disse que eu teria que agir. Vocês não imaginam o quanto me custou levantar o braço e acenar para o carro, que parou...
Conversamos com o motorista e ele disse que me levaria até Triacastela.
Cris viu quando o carro parou e voltou correndo.
Daí não deu mais para segurar. Caí num pranto convulsivo.
Jorge, o motorista, era médico e fazia parte de um grupo de peregrinos ciclistas que se alternavam na direção do carro com os suprimentos e peças de bicicletas.
Ele foi o anjo que Santiago mandou-me. Falou-me que eu não tinha que envergonhar-me, que eu não estava falhando, que estava sim, aprendendo sobre limites, respeito ao corpo, que não era nenhuma humilhação, etc. e tal.
Ele foi fantástico. Levou-me até a porta do albergue, que fica afastado do pueblo, examinou meu pé, orientou que buscasse ajuda médica para fazer uma punção pois havia muita secreção interna... mas isso era impossível até chegarmos a Santiago.
Descansei um pouco, arrumei minhas coisas, peguei meus papéis (meu caderno eu tinha deixado para trás, então eu tinha umas folhas de caderneta, papel de embrulho, tudo que servisse para escrever) e fui para o barzinho que ficava na chegada da trilha para esperar Cris e Mauricio.
Foi lá que eu fiz as seguintes anotações:

Triacastela - Refúgio ou Albergue

“Foi uma das decisões mais difíceis do Caminho. Aceitar que minha vontade não é soberana, que acima de tudo há a vontade de Deus, avisando-nos quando é necessário parar. Ao subir no carro foi como parte de mim se rompesse, como se eu estivesse violentando todas as regras por mim mesma impostas. Foi como se, ao fazê-lo, eu deixasse de merecer o título de Peregrina. Como se isso me tornasse uma pessoa menos capaz que as outras, inferior. Senti-me ré e algoz. Eu, juíza da minha própria consciência, sentenciava-me: Culpada, culpada, culpada! Ainda não sei bem descrever esse sentimento, é uma confusão muito grande dentro de mim. Enquanto, racionalmente, eu sei que a decisão de preservar minha integridade física foi a mais acertada, a outra metade de mim não aceita eu ter rompido as regras. Gostaria de não me sentir assim...
No fundo eu sei que o aparecimento daquele carro, com uma pessoa tão maravilhosa como o Jorge, foi uma bênção de Deus, ainda mais que a Angeles me disse que era bem provável eu ter que esperar muito tempo até aparecer um carro de polícia ou algo parecido, porque naquela estrada quase não há movimento. Ele me consolou dizendo que temos que aprender a ler as lições que Deus nos passa e que era para eu não me sentir tão mal por estar fazendo aquele percurso de carro, era para eu “dar um tempo” e tentar “ler”.
Creio o que o que aconteceu foi para eu deixar de ser tão prepotente, achando que minha vontade é suficiente para as coisas acontecerem. Para eu parar de julgar as pessoas que, diante de alguma dificuldade, buscam ajuda em algum percurso, indo de carro, achando-as fracas. Cada qual sabe a dor que carrega.
Que Deus me ajude a compreender, aceitar e mudar.
Que eu aprenda essa lição.
Que esta dor (apenas mais uma do Caminho) sirva para eu me tornar uma pessoa melhor, mais compreensiva para com as outras pessoas e menos exigente para comigo mesma.
Foi difícil partir e deixar meus amigos para trás. Senti-me traidora, menor e este é um sentimento que dói tanto quanto a dor física.
Mais difícil será encará-los novamente, carregando essa vergonha imensa!

Alto de San Roque

Andar, andar,
Seguir sempre adiante.
Este é o lema.
Subir, subir,
Tentar encostar a mão nas nuvens.
Este é o sonho.
Descer até não mais poder
Este é o intento.
Superar os próprios limites.
Este é o desafio.
Parar,
Contra a vontade,
Violentando nosso querer,
Quando Deus assim determinar.
Se isso não é compreender o Caminho.
Pelo menos é tentar.

Triacastela – Espanha – 15/Junho/2000

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

PORQUE É SEU ANIVERSÁRIO!

Sempre digo que Deus espalha anjos no meu caminho.
Mas Ele, não sei por qual motivo, também deu-me anjos como filhos...
E hoje é aniversário do meu anjo Gabriela (ou Gabi, ou Bi, ou Bizinha, ou Estrelinha...).
Acho que Deus, por saber-me frágil, insegura, inconstante (tudo isso muito bem ocultado sob a capa da mulher maravilhosa e forte) resolveu mandar-me alguém para acompanhar minha tragetória e ajudar-me nos momentos mais difíceis.
E assim veio a Gabi!
Minha amiga, companheira, confidente.
Companheira de viagem que topa as maiores loucuras e os melhores micos! (como esse da foto!)
Não que tudo seja um mar de rosas em nossas vidas. Também brigamos, temos nossas diferenças, ela insiste em seguir caminhos que não aprovo, eu insisto em seguir trilhas que ela não concorda, mas quando pensamos nas pessoas que mais amamos, creio que somos sempre uma e outra.
Bi, aproveito este momento de catarse para pedir-lhe perdão.
Perdoe-me por não ser a mãe perfeita que talvez você merecesse.
Perdoe-me por não conseguir compreendê-la em sua plenitude.
Perdoe-me por, às vezes, ser egoísta e pensar primeiro em mim.
Perdoe-me por querê-la sempre junto de mim...
Em troca, dou-lhe de presente meu colo, meu ombro, meu ouvido.
Não prometo dar-lhe toda minha aceitação e compreensão, pois, por também ser humana, é difícil aceitar os filhos sendo diferentes daquilo que projetamos. É difícil vê-los crescer e não ser a continuidade de nós mesmos.
Mas mesmo imperfeita, cheia de defeitos, o amor por você transborda em mim.
Por isso desejo-lhe um ano Novo em todos os sentidos. Novo em aprendizagem, em conhecimentos, em amores, em realizações, em sonhos, encontros...
Novo na esperança do vir a ser que Deus reserva para Seus escolhidos.
E você é um dos escolhidos!
Com todo meu amor,
Feliz Aniversário!
PS. Queridos amigos, sigo sem poder visitá-los pois preciso preparar a festa surpresa que não é mais surpresa! (rs)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

COISAS QUE SÓ ACONTECEM COMIGO!


Nada como começar o ano rindo da gente mesmo... porque dos outros a gente está sempre rindo! Eu havia planejado seguir a Saga de Compostela, mesmo porque estou devendo a muita gente a continuação da viagem, mas parece que Janeiro resolveu começar como se fosse continuação de dezembro, e eu sigo correndo, sem tempo nem para escrever aos amigos... o que prometo fazê-lo assim que puder, com a devida dedicação.
Mas essa não poderia passar em branco!
Dia 29 de dezembro, toda essa história de limpar a casa, desfazer-se das velharias, porcarias, etc. resolvi juntar uns cacarecos para colocar no lixo.
Obs.: embora meu bairro não tenha coleta seletiva, eu faço a separação porque existem os catadores que passam antes do caminhão do lixo e pegam o que lhes servem.
Pois é, juntei luminária usada, reator, lâmpada, garrafa pet, garrafas long neck, latas de alumínio e uma infinidade de coisas. Como não cabia tudo nos sacos de lixo, eu peguei uma sacola grande de loja, daquelas de plástico que faz barulho, e coloquei as coisas maiores.
À noite, juntamos a sacolada toda e colocamos para fora...
Daí ficamos assistindo TV, meu marido dormiu, filhos foram dormir e minha companheira, Dona Insônia, nada de ir embora.
Passava das duas da manhã, eu incomodada em ficar na cama que nem hambúrguer na chapa, ora de um lado, ora do outro, resolvi levantar e ir para a varanda.
Cabe aqui uma explicação: moramos num bairro estritamente residencial, super tranqüilo, rodeado de mata, silêncio absoluto e minha casa tem dois andares, sobre pilotis, então eu estava numa altura equivalente ao terceiro andar e tem um poste de energia elétrica bem do outro lado da rua que ilumina lateralmente a varanda.
Porém lá pelas tantas começou um ventinho frio e eu peguei um lençol, me cobri e segui a admirar as estrelas, a pensar na vida, a não fazer nada... até que de repente começo a ouvir um barulho estranho...
Agucei minha percepção para identificar de onde vinha o barulho.
Era a sacola! A da loja! Pensei: - Deve ser algum bicho!
Levantei quietinha, o lençol sobre os ombros, os cabelos em pé, pior do que bruxa desvairada e cheguei ao parapeito.
No mesmo instante vejo um homem (que depois identifiquei como sendo o vigia do bairro) com a sacola nas mãos buscando os objetos que lhe interessavam.
Ato contínuo ele olha para cima, dá de cara comigo, assusta-se, solta a sacola, dá um passo para trás e grita:
- Valei-me meu Jesus Cristo! E sai em disparada...
Eu, para não assustá-lo ainda mais dou também um pulo para trás, segurando o riso.
Só sei que até hoje ele ainda não voltou a apitar na frente da minha casa... Acho que daqui uns tempos correrá a história da casa mal-assombrada que tem uma mulher que fica vagando na madrugada...