segunda-feira, 16 de novembro de 2015

CARTA ABERTA AO PREFEITO DE AFONSO CLÁUDIO - ES



ACERCA DA ESCOLA MUNICIPAL AUGUSTA LAMAS D'ÁVILA

A poucos dias fui surpreendida com a notícia de que a Prefeito Municipal de Afonso Cláudio-ES havia decidido pelo fechamento da Escola Municipal Augusta Lamas D'Ávila.
Busquemos na história dados sobre este estabelecimento. Fundada em 1961 recebeu a alcunha de "Escolinha" por ser, originariamente, Escola de Aplicação, onde os alunos do Curso Normal exerciam e praticavam a arte de ensinar. Desde então vinha formando novos mestres até a extinção da Escola Normal. Por suas salas passaram milhares de alunos que receberam a melhor base possível para vencerem nas mais diversas áreas do saber: professores, médicos, engenheiros, advogados, escritores entre outras. Estudar na Escolinha era motivo de orgulho para todos. A própria Prefeitura, em 2011, por ocasião do seu cinquentenário, publicou reportagem ressaltando a importância da escola, do seu modelo de gestão,da interação com pais e alunos, como podemos confirmar no site http://www.afonsoclaudio.es.gov.br/site/index.php/archives/853 .
Então, me pergunto, o que mudou nestes quatro anos?
De repente a Escola não serve mais?
Num país onde a crise política em todos os níveis é assunto constante, não posso concordar com decisões ditatoriais, sem a discussão pública, sem se ouvir a opinião de todos.
Nossa Carta Magna, em artigo 1º, é direta: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição", para ser mais sucinta, busco na Constituição de 1934, que já preconizava " Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido", então, como aceitar decisões unilaterais? Se o poder é do povo a decisão não caberia, também, a esse mesmo povo?
Indagado a respeito dos motivos que levaram o Sr. Prefeito e seus assessores a tomar tal atitude, a resposta que me chegou, através de amigos é de que há a necessidade, por motivos econômicos, de se instalar a Secretaria de Educação em prédio que não demande pagamento de aluguel. Louvável atitude, mas por que não buscar outras alternativas que não seja o fechamento de uma escola, num país já tão carente de educação?
Alega-se que há alguns meses, "autoridades" especializadas em educação e seus índices, em conversa com a diretora daquele educandário, disse que o referido não mais atendia à demanda de atendimento qualificado a seus alunos, principalmente no que dizia respeito ao calor, luminosidade, poeira, segurança dos alunos no tocante ao trânsito, edificação mal estruturada... mas se não serve aos alunos, serve então à Secretaria?
Alega-se, também, que com a reinauguração da Escola José Cupertino, que passou a contar com salas de aula mais amplas e adaptadas, os alunos remanejados poderiam utilizar o Ginásio de Esportes como apoio e uma quadra que seria construída. Que o Ginásio também poderia fornecer salas do andar térreo que encontram-se ociosas e que são bem estruturadas, gerando, assim, menos gastos com aluguel.
Que a Escolinha, além de receber a Secretaria Municipal de Educação, também passaria a funcionar para outras atividades, tais como Escola de música, artes, teatro (o que muito duvido uma vez que até as Bandas Marciais já foram extintas).
Nada do alegado me convence. Parece-me tratar, mais uma vez, de descaso para com o patrimônio e a história do município, que uma vez já teve clube social, cinema, escola técnica de contabilidade, mercado municipal, centro social, entre outros que acabaram ficando no esquecimento.
Vejamos as questões que são colocadas e as alternativas possíveis:
1 - Se o barulho externo atrapalha o funcionamento da escola, também atrapalhará o funcionamento da secretaria, não seria o caso de se buscar alternativas de isolamento acústico, nem que seja fechando as janelas e colocando cortinas e ventiladores?
2 - Se o trânsito é considerado perigoso, por que não remanejar um agente de trânsito para o local já que se trata de apenas um portão de entrada e saída de alunos e apenas 4 horários definidos?
3 - Alega-se falta de espaço para a prática de esportes. O que foi feito do pátio? Por que o gasto recente com a cobertura da quadra? Muitas escolas funcionam com muito menos.
Vamos aos números: A Escolinha possui um total de 380 alunos assim distribuídos - 250 no turno matutino e 130 no vespertino. O José Cupertino possui 364 alunos - 294 no matutino e apenas 70 no vespertino. A ideia das autoridades municipais é que todos os alunos da Escolinha passariam a estudar pela manhã e todos do José Cupertino, à tarde. E onde entram as necessidades individuais? Pais que trabalham em turnos diferentes teriam que mudar, também, de empregos? E o direito inalienável de escolha, onde fica?
Outra questão que se impõe é que desde a sua criação a Escolinha tem como público alvo alunos de 1ª a 5ª séries, ou seja, crianças na primeira infância, possuindo móveis que atendem a essa demanda. O José Cupertino atende a crianças de 5ª a 8ª, ou seja, maiores, que demanda um mobiliário adequado à idade.
O que me parece que é existe uma ociosidade de espaço no Grupo Escolar José Cupertino e isso seria solucionado com a transferência dos alunos da Escolinha. Será que as "autoridades" em índices e educação não pararam para estudar o motivo dessa ociosidade? O problema não estaria no José Cupertino? Se pensam tanto em oferecer Escola de música, artes, etc, por que não o fazer nas dependências do José Cupertino, aberta a toda a comunidade?
Normalmente, desde sua fundação, os alunos da Escolinha são crianças que residem no centro da cidade, que vão à escola a pé, acompanhadas dos irmãos mais velhos, sem a vigilância explícita de pais, o que dá a essas crianças, além de educação, valorização de autonomia, responsabilidade, poder decisório, que irão ajudá-las na sua formação futura.
Se a questão é economia de custos, várias são as soluções que se apresentam para a instalação da Secretaria de Educação, como, abaixo:
- Existe o prédio onde funcionava a CIRETRAN e que hoje encontra-se vago;
- O prédio da antiga Policlínica já é alugado pela prefeitura e só funciona no período noturno com curso de extensão da UFES, durante o dia é totalmente ocioso;
- O prédio onde existia a Cooperativa e a casa que pertenceu ao Sr. Aguilar Azeredo são, hoje, de propriedade do Governo do Estado e ambos encontram-se vazios, não seria a oportunidade de Governos Estadual e Municipal entrarem em acordo e darem uma boa destinação a esse patrimônio, que reafirmo, é também, independente de instância, do povo?
Ou seja, soluções existem!
Talvez falte vontade política, disposição em ouvir, dialogar, voltar atrás.
Quero ressaltar que voltar atrás não representa retrocesso e, sim, evolução para mentes abertas ao novo, ao coletivo.
Quanto ao aspecto histórico, tão esquecido, há que se ressaltar do valor arquitetônico do prédio enquanto escola, de suas paredes impregnadas de sonhos e realizações de seus alunos atuais e passados, de suas lembranças e histórias.
Fechar a Escolinha é matar, mais um pouco, o nosso passado.
É tirar-nos a possibilidade de mostrar a gerações futuras nossa história.
É deixar Afonso Cláudio um pouco mais pobre.

Kátia Maria Corrêa De Carli Ramos
Aluna da Escolinha de 1963 a 1966
Jornalista e Escritora

terça-feira, 6 de outubro de 2015

DESPEDIDA

A pedido dos alunos da Escola de Primeiro e Segundo Graus Afonso Cláudio, em especial para Vicente Eutrópio.



DESPEDIDA
(Autora: Kátia Corrêa De Carli)
(Para Roberto Corrêa De Carli Ramos)

"Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa..."

Busco em dores já cantadas
Para ver se encontro como definir
Essa coisa nova que estou a sentir.
É orgulho misturado com tristeza
Satisfação bem batida com angústia
Certeza de dever cumprido costurado numa dor sem definição,
É muito difícil descrever o que passa no meu coração.
Chegou o momento da despedida.

"Nada será como antes, amanhã..."

Nunca mais à distância de um chamado
Nunca mais ao alcance diário da minha mão,
Então, vocês que não conhecem essa dor
Não tentem me consolar com definições
Ou fazendo comparações,
Dizendo que há dores maiores e irreversíveis.
Nestas horas de separação, só quero ocupar-me de mim mesma
Por isso me perdoem o egoísmo,
Só eu conheço o rombo da minha própria solidão
Que arde qual álcool em ferida aberta,
Que tira a paz do meu coração.

"A dor é minha, a dor é de quem tem"

Sei que é hora de se lançar,
Quanto a isso não me preocupo,
Há tempos te ensinei a voar.
Mas esqueci de me preparar para esse voo solo
Onde não há mais espaço para mim.
Como pude cometer tal desatino?
Esqueci que cada qual tem seu destino...
Vai menino querido,  voa alto, voa grande,
Vá certo da vitória merecida
E deixe em cada coração que posou
Um pouco de amor espalhado,
Saudade só salpicada,
Certeza do espaço especial que ocupou.
Voa meu menino passarinho
É hora de deixar o ninho. 


sábado, 5 de setembro de 2015

DIA DO IRMÃO


Irmão é aquela pessoa que existe (ou não) na sua vida, desde sempre, para sempre (ou não).
Pode ser consaguíneo e também por adoção.
Pode estar perto ou longe.
Pode pensar como você ou ser completamente diferente.
Pode parecer fisicamente e pode ser distinto em todas as formas.

Quando você o conhece, reconhece e daí torna-se irmão também.
Pode estar distante, mas nunca ausente.
Mas irmão que merece esse título é aquele que, apesar das diferenças, dos embates, etc. está ao seu lado sempre, para o que der e vier, te defende, te protege, te guarda no lugar mais especial do coração.
Irmão é dádiva de Deus para nos dar suporte na caminhada.
Eu tenho uma irmã maravilhosa (embora muito diferente de mim) que amo muito!
E você? Já aceitou seu irmão como ele é?

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Cansaço

(Autora: Kátia Corrêa De Carli)

Ando cansada...

Cansada da desfaçatez de governantes
Cansada da falta de ética
Da falta de caráter
De educação, de confiança.

Ando muito cansada...

De nadar contra a corrente
De ser a do contra
De ver as mesmas notícias
E nenhuma trazer esperança

Cansada demais...

De tentar mostrar a minha verdade
De lutar contra as adversidades
Da falta de saúde
De estar sempre na contradança.

Ando tão cansada...

De não enxergar perspectiva futura
Desta vida sempre tão dura
Não encontrar nada que me guie
E, ainda assim, sobreviver cada dia.

Cansada...

Por isso peço-lhe, oh Guardião das almas antigas
Desperta meu coração cansado
Coloca luz no meu caminho,
Dá-me um pouco de alegria.


domingo, 9 de agosto de 2015

AOS ÓRFÃOS DE PAI VIVO



Hoje, dia dos pais, dia de tantas homenagens e tantas saudades, pego-me pensando naqueles filhos que não convivem com seus pais, seja por divergências, ausências, mágoas ou qualquer outro motivo.
Jesus nos ensinou a reconciliar com nossos irmãos quando ainda compartilhamos a mesma caminhada terrestre.
Então, meus amigos, se você se encaixa nessa categoria, procure seu pai, hoje, amanhã, o dia é o que menos importa... importa procurá-lo e agradecer pela vida. O ideal seria perdoá-lo, mesmo que o equívoco não seja dele, que importância tem ter razão diante de tantas coisas mais importantes como a paz de espírito?
Vá, meu amigo, reconcilia enquanto é tempo. Porque o tempo passa rápido demais e o amanhã pode não existir, daí vão sobrar muitas coisas, e nenhuma delas é boa de carregar.
Sobrarão os "eu te amo" não ditos,
Os abraços não dados,
Os beijos reprimidos,
A convivência negada,
O amor não compartilhado,
A vida não dividida.
E isso sim, é buraco negro na alma que se carrega por toda eternidade.

Vai, pega o telefone...

sábado, 11 de julho de 2015

CARTA PARA MINHA FILHA SILVIA



Minha querida, desde ontem, às 03:10 h que venho te escrevendo... dentro da minha cabeça rs.
Tem tanta coisa que queria te dizer, mas nada é novidade, nada que ainda não tenha sido dito; porém, mesmo assim, quero deixar registrado o que me vai na alma.
Primeiro, parabéns pela chegada do Henrique, cheio de saúde, forte, lindo, especial.
Você não saiu do meu corpo, mas é minha filha desde o positivo do exame.
Não te carreguei nove meses, mas te amei todos eles.
Acompanhei seus primeiros passos, sua infância, adolescência, suas vitórias e seus fracassos. 
Estive aqui para rir e chorar com você todas as vezes que precisou (e isso traz um conforto muito grande para meu coração, saber que você confia em mim e que comigo seus maiores segredos poderiam ser compartilhados - e nem eram tão grandes - mas um gesto, na adolescência, tem o tamanho do mundo).

Porém, agora, você já experimentou a melhor "droga" (lícita!) que Deus inventou: Amor materno! E nunca mais você saberá viver sem ela!
Haverá momentos em que você, apesar de exausta, se sentará ao lado do berço do Henrique só para vê-lo dormir!
Outros, você chorará com o choro dele...
Em alguns a felicidade de tê-lo nos braços é tão grande que parece que seu coração vai explodir!
Em outros você se sentirá impotente e revoltada por não poder sentir as dores que são dele.
Mas saiba que, em todos os momentos, você estará protegida pela Mãe das Mães, Nossa Senhora, que não nos abandona jamais.
Minha linda, se existe conselho a ser dado, siga essas regrinhas:
- Pegue no colo quantas vezes quiser... isso não traz problema psicológico, é só demonstração de amor.
- Chore com ele... somos mães, não super mulheres...
- Converse com ele, cante para ele, sua voz é música aos seus ouvidos.
- Não hesite em nos ligar quando tudo parecer difícil (isso vai acontecer), uma palavra de conforto é, às vezes, o que mais precisamos.
- Não, meu amor, você não vai acertar sempre... mas isso também faz parte do pacote de Mãe, que chega sem instruções e fórmulas, mas carregue no seu coração a certeza de que fez tudo o que lhe era possível em cada momento.
- Quando não souber o que fazer (e isso também vai acontecer) ouça a voz do seu coração, é o caminho mais seguro.
No mais, siga em frente, com esse sorriso lindo, ao lado do seu amado Rafael, que tenho certeza que Deus confiou o Henrique às melhores mãos.
Fique com Ele!
Fique também com a certeza de que do mesmo modo que a escolhi como filha, acolho Henrique como meu neto, com lugar cativo em meu coração.

Beijos


Mãe-Avó Kátia

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

DE PERDA, DE DOR, SAUDADE



Passei muito tempo da vida, quando perdi um grande amor, acreditando que talvez estivesse preparada para perdê-lo pra morte, mas nunca para a vida... mentira... a gente nunca se prepara para a perda, nem para a vida, nem para a morte.

Com todas as minhas crenças e convicções, nada me prepara para a despedida de alguém a quem amo. Sim, tudo bem, eu creio em reencarnação, em que existe uma Lei Maior a reger tudo e todos, que não existe acaso... mas a despedida ainda me atinge qual ferro em brasas e queima, arde, dói.

As lágrimas da despedida - seja de um amor, de um amigo, de pai, de mãe, de filho - em qualquer circunstância, são mais salgadas, deixam um rasgo na pele qual ácido que escorre.

Toda despedida traz em si um nunca mais que não conhecemos...

Se deixamos o filho em outra cidade, cada despedida é marcada pelas lágrimas da incerteza de se haverá outra vez, se nos encontraremos de novo, quando poderemos abraçar novamente nossa cria.

Se perdemos um amor - porque amor tem dessas coisas de só acabar de um lado - a despedida é marcada pelo nunca mais e nunca mais é tempo demais quando se ama demais...

Se enterramos mãe, pai, afilhado, amigos queridos, bate o medo de não termos como nos encontrar novamente, seja em outro plano, em outra vida, pois cada um segue seu rumo e o tempo não pára, em nenhum plano, em nenhuma vida.

Hoje, obrigada que sou a me despedir de uma amiga querida que foi trabalhar do outro lado, a dor mais uma vez vem bater à minha porta me impelindo a verter lágrimas ácidas de saudade.


Parta em paz, Ieda Brasileiro, e prepare o caminho para nós!