quinta-feira, 13 de setembro de 2007

ALMA CIGANA

Existe uma inquietude que me acompanha desde que me entendo por gente.
Na infância se traduzia em fugas para casas de amigos e passeios em bandos pelas redondezas (igual em toda cidade de interior).
Mais tarde, já moça, nas viagens para onde o dinheiro permitia.
A permanência, onde quer que seja, incomodava-me.
E eu não sabia explicar. Não tinha co-relação com alegria ou tristeza, satisfação ou insatisfação, bem-estar ou não. Era algo além do aqui e agora. Além de mim mesma e do meu controle (tão rígido e tão desnecessário, descubro agora!).
O tempo passou e aprisionou-me na casa, no matrimônio, nos filhos...
Mas como ele (o tempo) é faca de dois, às vezes até três gumes, ora ele usa seu gume e corta para machucar: quando nos apresenta rugas que não estavam lá no dia anterior, leva gente, desfaz fantasias, faz-nos fisicamente mais fracos e impotentes perante alguns desafios; ora ele corta para libertar: e traz novos amigos, realiza sonhos, desfaz preconceitos; ora nos apresenta a nós mesmos.
Tudo isso o tempo fez comigo.
Começou a incitar-me a realizar alguns sonhos como percorrer a trilha Inca, fazer o Caminho de Santiago, a cortar o México de oeste a leste de carro (viagens que me renderam muitas histórias que ainda serão contadas aqui).
Depois me pôs a publicar meus escritos, ensinou-me a me expor.
Das terapias fez-me relembrar de vidas passadas e entender alguns hábitos que eu julgava inconsistentes com minha vida atual.
E foi assim, passo a passo, que o tempo me revelou o mais importante:
Tenho ALMA CIGANA!
Por isso não paro muito tempo no mesmo lugar, adoro fazer mudança (teve um ano que foram cinco!) e amo viajar.
Mas tudo isso é para dizer-lhes que estou partindo para mais uma viagem (para os que me conhecem há mais tempo, respondo: sim, novamente).
Espero voltar com bastante histórias...
Não me esqueçam e marquem esta data: 14/10/2007 – Juro que mesmo sem desfazer as malas terá postagem nova!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

PERDAS



Na maioria das vezes tenho saudade...
De gente que se foi.
De pai, de mãe.
Do amor que perdi.
Saudade de tanta coisa
Como da boneca de louça, única que tive e que quebrou.
Permanece em cacos na minha memória,
Como a minha infância!


Por Kátia Corrêa De Carli

sábado, 8 de setembro de 2007

SAUDADE















Hoje eu queria te ver.
Longe de tudo e de todos,
Dar-te um abraço apertado,
Falar da vida que não planejamos,
Dos filhos que não tivemos,
Do futuro que não teremos.

Hoje eu queria te ver.
Ancorar minha vida turbulenta
Na segurança do porto dos teus braços.
Dividir contigo minhas angústias,
Meus medos, temores,
Minhas tristezas e minhas dores.

Hoje eu queria te ver.
Mergulhar na profundeza do teu olhar.
Perder-me nas linhas do teu rosto.
Dizer da alegria de rever-te,
Da saudade imensa que senti,
Dizer que em nenhum momento te esqueci.

Hoje eu queria te ver.
Pela última vez, quem sabe?
Saber como têm sido teus dias,
Se, enfim, és feliz.
Quem sabe, saber até,
Da falta que não fiz.

Hoje eu queria tanto te ver...

Livro: Múltiplas Faces
Autora: Kátia Corrêa De Carli

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

ALÉM DO MAR

Fora dos grandes centros tem muita gente boa fazendo música de qualidade.
É o caso do "meu menino" querido Amaro Lima que está com clipe novo na praça.
Simples, belo, contagiante.
Espero que além do mar exista um lugar para todos nós... igualzinho ao que o Amaro idealizou.
Vale conferir.

AMARO LIMA

Fora dos grandes centros tem muita gente boa fazendo música de qualidade.

É o caso do "meu menino" querido Amaro Lima que está com clipe novo na praça.

Simples, belo, contagiante.

Espero que além do mar exista um lugar para todos nós... igualzinho ao que o Amaro idealizou.

Vale conferir.

sábado, 1 de setembro de 2007

VINGANÇA


Engana-se quem se fia no mês de setembro.
Cantado em verso e prosa como o mês das rosas, da primavera, apresenta seus trunfos em uma profusão de tons de verde e flores mil desabrochando e com isso desvia a atenção de todos de seu real caráter.
Mas ouçam o que eu digo: Setembro é mês traiçoeiro!
Levei tempo para descobrir.
Foi ele quem levou meu pai, muito cedo e que, toda vez que sua imagem me vem à lembrança, me faz recordar uma passagem de “O Pequeno Príncipe”, quando, falando da rosa, ele diz que não soube compreender coisa alguma, que devia ter julgado-a pelos atos e não pelas palavras, que devia ter-lhe adivinhado a ternura sob seus ardis... mas que era jovem demais para saber amar. Isso aconteceu comigo e meu pai... eu era jovem demais para compreendê-lo, e com toda aquela revolta, aquela dor alucinante a sufocar a minha existência, nem percebi o que setembro fazia comigo.
Vieram outros ataques: doenças graves de filhos, rasteiras na vida profissional, não contabilizadas à época, porque superados... mas setembro sempre aprontava alguma.
Para despistar chegou até a roubar de maio a preferência das noivas, só para distrair as pessoas.
Fazendo esse balanço percebo que foi ele também quem me tirou o grande amor, aquele amor que a gente sabe ser único, eterno. E deixou esse vazio que nem outros amores, que poderiam ter sido maiores ou menores, melhores ou piores, conseguiram preencher... porque ficou para sempre doendo “aquele” amor que não concretizou.
Setembro é mesmo dissimulado!
Ainda não havia me apercebido o quão daninho é, quando, num golpe, ele tomou-me a mãe. Deixou-me órfã, literalmente. Aí, apesar da dor, do sofrimento, já não era tão jovem como o Pequeno Príncipe para compreender certas coisas e foi, então, que ele se revelou por inteiro.
Setembro! Mês que me escolheu para colocar frente às piores provas (e perdas) da vida e da morte.
Mas agora eu vou às forras!
Se pensa que vou ficar aqui chorando pelo que perdi, engana-se. Não me conhece.
Pode vir!
Quando me procurar irei encará-lo de cima, do alto da Torre Eifel e te ofuscarei com meu sorriso que brilhará mais que a Cidade Luz.
Quando pensar que pode me alcançar, estarei passeando de gôndola em Veneza ou pelas ruelas de Nápoles (Ah! Se quiser pode também me procurar na casa de Julieta, em Verona).
E se insistir em me perseguir... prepare-se para a fronteira da Alemanha (dizem que são implacáveis!).
Desta vez, Setembro, a vitória é minha!