sábado, 31 de dezembro de 2011

OBRIGADA, ANO VELHO!



Muitas vezes, quando chegamos ao final de um ano, cantamos: Adeus ano velho, feliz ano novo...
Desta vez recuso-me a dizer adeus ano velho, prefiro, mil vezes, dizer: Obrigada! Obrigada ano velho!
2011 foi um ano inesquecível.
Quando a gente passa por momentos de aflição, de risco de vida, algum trauma... é impossível sair da situação sem que algo mude em nossa vida.
Então, nesse ano que se finda, quero fazer um balanço das coisas maravilhosas que 2011 me proporcionou:
- Retomei (ainda que de forma lenta) as rédeas da minha vida. A dor não mais me imobiliza;
- Voltei a dirigir (Viva eu!!!!);
- Venci o medo de sair sozinha;
- Aprendi a valorizar as pequenas coisas, como o raio de sol que me aquece e a chuva que me molha, estou viva e não sou feita de açúcar;
- Voltei a viajar;
- Não tenho mais a pretensão de ser perfeita;
- Não tenho mais o medo de parecer ridícula;
- Ganhei novos amigos, sem nunca me descuidar dos antigos. A amizade é para ser cultivada.
- Amo, hoje, muito mais que ontem. Amo a vida, a mim mesma, ao próximo, a natureza... amo!!!
Então... não, não vou dizer adeus a 2011, vou carregá-lo comigo como dádiva Divina...
E que venha 2012, com muita saúde e amor (o resto a gente aprende com o tempo que é só resto).
Obrigada meus amigos, presentes e ausentes, conhecidos e ainda por conhecer, por estarem comigo em todos os momentos, por fazerem da minha vida uma vida mais valiosa, por me aturarem... obrigada!
Ah! E a neve? Tem gosto sim... só não sei dizer qual é! Acho que preciso voltar a comer, sem medo de parecer louca ou ridícula!
Um grande beijo a todos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

VITÓRIA, DO ESPÍRITO SANTO



Prometi, no post passado, contar um pouquinho da "minha" cidade: Vitória.
Muitos perguntam: na Bahia? Por isso quando apresento-a, sempre falo, Vitória do Espírito Santo, com muito orgulho.
Por isso resolvi transcrever parte da apresentação do meu livro "Vitória, a cidade que (não) conhecemos" para que vocês se situassem no "meu universo" porque, nas próximas semanas, irei apresentar-lhes alguns pontos da Cidade Presépio:

“Por que teriam apelidado a nossa capital de cidade presépio? Pelo seu tamanho? Pela sua apresentação completa, em que há pedaços de oceano maravilhosos, montanhas encantadoras e casas pequeninas trepando pelas encostas? Ou porque, na sua formação tudo se aglomera, acotovela, espremidamente, entre um braço de mar e contrafortes altivos, dando, de fato, a idéia de um presépio armado por mãos caprichosas? Na pequena ilha de Vitória há trechos de todos os tipos. Uns caracteristicamente modernos, onde se erguem prédios ousados, trazendo-nos em miniatura, lembranças de cidades americanas, cheias de edifícios gigantescos. Há trechos, também, evocando o nosso passado de terra colonizada por gente lusa vinda do velho Portugal.
Apenas nós, assoberbados por preocupações e afazeres, não temos tempo ou paciência suficientes para observar com olhos calmos e prazerosos, as belezas que as nossas ruas oferecem.”

 Jornal A Gazeta, edição de 29 de janeiro de 1950

APRESENTAÇÃO

Por que escrever sobre Vitória?
Principalmente, por que escrever sobre lugares que as pessoas mal conhecem?
Se tantos escritores já descreveram, e bem, as maravilhas dessa cidade, por que, então, fazê-lo?
Eu respondo: é para realizar um antigo sonho.
Há muitos anos, desde que aqui cheguei, não me canso de admirar a beleza das paisagens, dos monumentos, das construções. E, mesmo com todas as transformações pelas quais passou, para mim não existe, no mundo, cidade mais bonita.
O grande problema é que ou por força da modernidade ou do avanço da tecnologia ou das descobertas científicas, as pessoas de hoje são treinadas a olhar sempre em frente. Ideais? Lá na frente... O futuro? Siga em frente... Sucesso? Está logo ali, na frente... e com isso esqueceram de olhar para os lados, para cima... Tudo vêem, mas nada enxergam. Não conseguem enxergar por além das aparências, não têm tempo para descobrir as histórias escondidas atrás de cada monumento, cada construção e com isso perdem o que de mais belo existe no mundo: a beleza da natureza, a magia dos lugares... a dádiva de se morar em Vitória.
Foi por pensar assim que para meu projeto de conclusão do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, resolvi fazer um livro sobre alguns pontos de Vitória que normalmente não fazem parte do roteiro turístico (excetuando Camburi, que é um caso de amor à parte). A partir da hipótese de que os moradores da cidade de Vitória não conhecem, não reparam, não observam os lugares, monumentos, paisagens e construções da cidade em que vivemos, bem como desconhecem sua história, busquei validar o trabalho realizando uma pesquisa junto aos estudantes da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Através dessa pesquisa pude constatar que a grande maioria dos moradores de Vitória não conhecem a nossa cidade.
O resgate histórico, o registro fotográfico e minha visão acerca desses pontos seriam o meu presente à cidade que tão bem me acolheu e uma forma de perpetuar parte da história desta cidade.
Se eu conseguir, com esse livro, mostrar quão bonita, abençoada e mágica é nossa cidade e com isso tocar o coração de uma pessoa que seja, então todo o trabalho terá valido a pena.
        Apresento-lhes: Vitória !

                         Kátia Corrêa De Carli


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Então é Natal...



Hoje pela manhã, ao sair para alguns afazeres, deparei-me com dezenas (juro! não é exagero!) de funcionários da limpeza pública a cortar matos e ervas dos canteiros, a pintar de cal os postes e meios-fios, a varrer todas as ruas e avenidas... Então me pergunto: onde estiveram durante todo o ano em que nossos canteiros não receberam cuidados, nossas ruas se mantiveram sujas, nossa cidade abandonada?

Vi um senhor a doar alguns pacotes às crianças no semáforo. Onde esteve esse senhor durante o ano? Ajudou em alguma creche? Contribuiu de alguma forma para que essas crianças não estivessem, hoje, na rua?

Vi muitas pessoas a entrar e sair de lojas carregadas de embrulhos de presentes. Com certeza para presentear parentes e amigos... E durante o ano? Lembraram-se de dar um telefonema? Um abraço? Foram presentes?

Vi uma senhora (muito chique, por sinal) a comprar caixas de bombons e dizer para a funcionária que a atendia que eram para os porteiros e funcionários do seu edifício. Será que essa senhora lembra, todos os dias, de dar bom dia a esses mesmos funcionários? Será que tem um pouquinho de tempo para apenas perguntar se está tudo bem? Será?

Vi a minha cidade (Vitória - ES) conhecida nos meios literários como Cidade Presépio (toda uma história que um dia ainda contarei aqui) enfeitada para o Natal de acordo com o poder aquisitivo dos moradores dos bairros. Bairros mais humildes as praças parecem que foram enfeitadas para o carnaval (talvez tenham feito um contrato do tipo "2 X 1") com profusão de lâmpadas fluorescentes das mais diversas tonalidades, verdes, amarelas, vermelhas roxas, etc. Nos postes, Papais Noéis estilizados parecendo Saci Pererê (uma só perna). Porém nos bairros de classe alta, há árvores envolvidas em luz, lágrimas luminosas a cair de seus galhos... Natal da igualdade... Será?

Por isso e mais uma porção de coisas esse ano não vou deixar nenhuma mensagem de Natal.

Mas encontrei resposta para algumas perguntas... as pessoas ainda mudam no Natal! Quiçá um dia chegará que viveremos como se fosse Natal todos os dias do ano, pois cada dia a mais é uma dádiva de Deus.

Então... é Natal!

(Sim, a foto não tem nada a ver com Natal, mas tem a ver com amizade, com esperança, com certeza de que ainda temos muito caminho pela frente... não porque é Natal, mas porque ainda acredito que o mais importante e a quantidade de amor no coração)

sábado, 17 de dezembro de 2011

MARIA ZULEIKA HADDAD FAFÁ

DONA ZULEIKA



Existem pessoas que nascem para brilhar.
Algumas ficam famosas e todos reconhecem.
Outras aproveitam sua luz para brilhar as vidas dos outros.
Tive o privilégio de conhecer uma pessoa assim: Maria Zuleika Haddad Fafá ou apenas Dona Zuleika.
Quando tento defini-la, só me vem um termo: Lady.
Dona Zuleika, sem perceber ou mesmo sem querer, mudou a vida de muita gente. Inclusive a minha.
Foi minha professora de história e despertou na criança pobre o sonho de correr mundo. Com certeza ela ficou orgulhosa das minhas peripécias mundo afora.
Depois se tornou diretora no antigo Ginásio Estadual Afonso Cláudio.
À época a minha turma era a mais encapetada da face da terra. Aprontávamos todas. Uma vez resolvemos que não iríamos cantar o Hino Nacional, então ficamos só mexendo os lábios, fingindo cantar. Ela não deixou por menos, com a maior educação chamou um a um para o “elevado” onde ficavam os professores e as bandeiras e diante de todos os alunos fez um pequeno discurso sobre o uso da voz, sobre respeito, patriotismo e convidou-nos a cantar o hino na frente de todos (como se diz hoje, maior mico).
Quando mandada para a “Diretoria” (terror para qualquer um, claro!) o que eu mais sentia era vontade de sumir do mapa. Dona Zuleika usava de toda sua cultura e sabedoria para fazer-me ver que a mais prejudicada era eu mesma, sem nunca, nunca mesmo, elevar o tom de voz ou desferir algum impropério.
Teve uma ocasião que resolvemos fugir. Matar aula. Bater perna. Subimos um baita morro atrás do Ginásio, passando por entre laranjeiras, mato, capim e descemos a ladeira todas serelepes... quando chegamos à cabeça da ponte (ligação com a cidade, ponte de madeira, linda... a enchente levou...) quem vinha do outro lado? A própria! Ela só nos olhou com aquele olhar cor de céu ou de mar, e sem fazer uma só pergunta nos indicou o caminho de volta... Precisava mais? Quanta vergonha... (nada que nos impedisse de, dias depois, aprontar mais alguma).
Agradeço a Deus de ter tido a oportunidade de, depois de adulta, estar com ela várias vezes e agradecer pela grande parcela que ela tinha na construção da pessoa que sou. De dizer o quanto a amava...
Dia 29 de novembro ela partiu... foi encontrar-se com os espíritos elevados que, com certeza, são como ela.
Deixou-nos lembranças lindas e uma saudade imensa.
Deixou também a certeza de que um dia, quando eu finalmente crescer, gostaria de ser igualzinho a ela.