quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

MORRE MARIEN CALIXTE


Com toda tragédia que está acontecendo no Estado do Espírito Santo, já não tenho ânimo para ver telejornais, ler jornais... 
Meu coração anda um tanto cansado de padecer (vida de poeta não é fácil, parece que poeta sofre mais, ou intensifica a dor, que pode ser sua ou alheia).
Depois deste que foi o Natal mais triste que me lembro, hoje amanheço com a notícia da partida do Marien Calixte. Carioca de nascimento, filho de um paisagista francês (que ele insistia em frisar que era jardineiro) que lutou na 1ª Guerra Mundial, desde os 10 anos de idade ele morava em Vitória. Durante mais de 50 anos, ele se dedicou ao jornalismo, rádio, literatura, pintura, música, foi produtor cultural, diretor de teatro, e diretor de redação do Jornal A Gazeta. Publicou dezenas de livros, entre biografias, ficções e haikais.
Foi uma das mentes mais brilhantes com quem convivi e sua generosidade tinha o tamanho exato da sua cultura.
Tive o privilégio de ter um livro prefaciado por ele e, das nossas conversas, quanta coisa aprendi e carrego comigo.
Nós todos ficamos um pouco mais pobres sem a presença, entre nós, de Marien Calixte.
Vitória perde mais um pedaço importante da sua história!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

E JÁ É NATAL OUTRA VEZ...


Queridos Amigos,

2013 não foi um ano perfeito. Mas houve, algum dia, algum ano perfeito?
Um ano em que todo amor, felicidade, paz, saúde que nos desejamos mutuamente, tenha se realizado? Acho que não... Mas, a despeito de tudo, a gente resiste, insiste, persiste.
Este ano foi de muitas provas, muitas dores, muitas perdas... e o que fazer de tudo isso além de sofrer? Eu decidi tirar algumas lições.
Na tristeza, aprendi a valorizar meus momentos de alegria.
Na dor, aprendi o significado da aceitação.
Na perda, aprendi que nada é eterno, estamos só de passagem.
Nos momentos mais difíceis reconheci que o maior tesouro que Deus nos concede são Família e Amigos: Vocês.
Vocês que me ampararam, que ouviram meus lamentos, que me acolheram, que me incentivaram a seguir adiante, que se colocaram, em todos os momentos, a meu lado.
Vocês, amigos próximos e distantes, antigos e recentes, reais e virtuais, desejo a todos um 2014 repleto de realizações e que as dores que aparecerem no caminho (porque nunca haverá um ano perfeito) sirvam de incentivo para aprendizagem de novas lições.
Que o Natal seja feliz, lembrando sempre de que o aniversariante é JESUS, portanto, que Ele esteja no coração de cada um de nós, em todos os dias de nossas vidas.
Obrigada por existirem.
Que Deus os ilumine, um grande beijo a todos, extensivo aos familiares.


Kátia Corrêa De Carli

quinta-feira, 11 de abril de 2013

EU E O CÂNCER

 DÊ ATENÇÃO A SEU CORPO




Quando estava percorrendo o Caminho de Santiago, todos os dias, quando chegávamos ao albergue, depois do banho, eu sentava na varanda ou pátio (sempre havia um e na falta desses, o passeio público servia, sem constrangimentos) e ia cuidar dos ferimentos daquele dia: costurar as bolhas dos pés (consistia em passar uma agulha com linha e deixar a linha para que funcionasse como dreno), passar creme de arnica nas pernas, álcool de peregrino nos pés, etc. e havia uma senhora cujo nome se perdeu no tempo, que sempre se aproximava de mim e dizia “Hay que mimarlo siempre”. Guardei comigo essa frase... meu corpo precisa de cuidado e carinho.
Por isso aconselho a todos: Deem atenção ao seu corpo!
Além de cremes, massagens, hidratação, etc. que é importante, mais importante é olhar para dentro de si mesmo, observar seus órgãos, fazer exames periódicos.
Meu marido é do tipo que acha que não se deve procurar doença, porque se o faz, encontra!
Eu sou da tese que se a ponta do meu dedo está doendo é porque tem alguma coisa errada e recorro ao serviço médico.
Muito se fala sobre o câncer de mama, somos assolados de propagandas em todas as mídias, passeatas, atos de “chamada de atenção”... isso é muito importante pois o câncer de mama lidera o índice de mortalidade no Brasil, só ficando atrás dos acidentes automobilísticos, atropelamentos e assassinatos. A cada ano morrem de câncer no Brasil dez mil mulheres e a faixa etária está acima dos 35 anos. E também é importante alertar que homens também desenvolvem câncer de mama. Para cada 100 casos de câncer de mama em mulheres, existe um em homem. Embora seja bem mais raro entre o sexo masculino, a doença é um risco para pacientes menos preocupados com a qualidade de vida e histórico familiar. O maior motivo de detecção da doença em estágio avançado é o preconceito e a falta de conscientização sobre a importância da realização dos exames de rotina. A demora no diagnóstico também dificulta o tratamento do câncer de mama em homens. O principal sintoma do câncer de mama no homem é o aparecimento de nódulo indolor na região da auréola, (bico do peito), onde o tecido mamário se concentra, podendo provocar coceira e irritação.
Mas não podemos esquecer que não somos compostos somente de mamas, temos órgãos – muitos!, ossos, pele, sangue... e tudo isso está sujeito a desenvolver algum tipo de câncer.
E muitas vezes a gente se pergunta, câncer é predisposição familiar? Já nascemos com o “grãozinho” que se tornará câncer? Como desenvolvi esse câncer? E muitas outras.
Eu pesquisei bastante e o Instituto Oncoguia (http://www.oncoguia.org.br/) me forneceu informações muito boas, como, por exemplo, as que listo abaixo:
- Todo câncer é causado por uma alteração nos genes. Isto não significa que seja hereditário. Isto apenas significa que esta alteração nos genes causou uma sequência de eventos nas células de um órgão que acabou causando o aparecimento de um tumor maligno. A grande pergunta é se esta alteração nos genes ocorreu ao acaso (o que ocorre na grande maioria dos casos de câncer, especialmente quando o câncer ocorre em pacientes idosos) ou se foi herdada (ou seja, a alteração genética passou de pais para filhos).

- Na grande maioria dos casos de câncer, trata-se de uma alteração genética adquirida ao longo da vida pelo indivíduo doente. Raramente a alteração genética foi herdada. O indivíduo que adquiriu esta alteração genética ao longo da vida não irá passar esta alteração para seus filhos. Apenas entre 5% e 10% de todos os casos de câncer são consequência de alteração genética hereditária, ou seja, transmissível de pais para filhos.

- Casos de câncer precoce (em pacientes abaixo de 50 anos) merecem uma maior preocupação e a discussão com o médico do paciente, quanto ao risco de se tratar de um câncer hereditário.

- As exceções a esta regra acima (câncer em indivíduos jovens) são: tumores de testículo, linfomas e leucemias. Estas doenças frequentemente ocorrem em pacientes jovens sem que eles tenham qualquer predisposição hereditária. Portanto tumores típicos de gente jovem, quando ocorrem em gente jovem, não devem desencadear uma investigação familiar.

- Nos casos de alterações genéticas hereditárias, não são todos os filhos e netos que herdam estas alterações, e frequentemente é impossível saber qual filho ou neto tem a alteração, a não ser que seja feito um teste genético bastante sofisticado. Dependendo do tipo de alteração genética, a transmissão da alteração genética hereditária pode afetar desde alguns por cento até 100% dos filhos.

- Nem todo indivíduo que herda uma predisposição genética irá desenvolver o câncer. Há inclusive alterações genéticas predisponentes que apenas raramente acabam desencadeando câncer.

- Os testes genéticos para detectar uma predisposição hereditária ao câncer são extremamente caros e a simples discussão quanto à indicação de fazê-los pode gerar um quadro de ansiedade trazendo mais problemas que a própria doença. Portanto, nenhum paciente ou parente de paciente deve ser submetido a teste genético de predisposição ao câncer sem antes ser amplamente orientado quanto às implicações do teste (seja ele de resultado positivo ou negativo).

Mas o que considero de extrema importância é a atenção que damos ao nosso corpo... no próximo post contarei como foi a descoberta do meu câncer, que não era de mama.
Até mais!

segunda-feira, 25 de março de 2013

SÚPLICA

Antes de iniciar meu relato gostaria de postar um poema feito no hospital.
Em homenagem ao Dr. Walker Penedo Monteiro, anjo que Deus colocou no meu caminho




Esta mulher refletida no seu olhar límpido,
Sabe, Doutor? Com a face encovada,
Palidez constante, olhar embaçado,
Necessita tanto do seu cuidado.
Necessita nutrição, antibióticos, analgésicos,
Proteína, sódio, potássio,
Alguém que lhe pense as feridas,
Alivie suas dores,
Console seus temores.
Mas – sabe, Doutor? – essa mulher não sou eu.
Embora faça parte de mim.
Por isso lhe peço,
Não deixe de atentar à outra,
Àquela que se encontra oculta
Por trás de dores, suturas, doença.
Essa, Doutor, também necessita ser cuidada,
Muito bem amparada,
Nutrida de doses de carinho e atenção,
Frascos de sonhos,
Cápsulas de esperança,
Um leve toque de mão.
Porque é essa, Doutor, a que sonha,
Que não permite que a outra, a que sofre,
Desista.

quarta-feira, 20 de março de 2013

EU CONTRA O MONSTRO



O Dr. Dráuzio Varela diz que se não quisermos adoecer precisamos falar dos nossos sentimentos.
Não deu certo comigo, pois embora eu seja generosa na hora de dividir meus sentimentos com meus amigos, mesmo assim, vira e mexe, aparece alguma doença.
São as provas pelas quais preciso passar, só espero que esteja tirando boas notas!
Como eu sempre uso a escrita para exorcizar minhas dores, preocupações, alegrias, vitórias, etc. resolvi contar sobre a minha última prova: o Câncer! (Assim mesmo, com letra maiúscula, pois é prova de doutorado).
Quero, além de colocar para fora meus sentimentos, refletir sobre minhas reações e ações, do meu enfrentamento, mas também ajudar, com o meu relato, a outras pessoas que estejam passando pelo mesmo problema ou alertá-las para que não passem.
Portanto, se estou aqui escrevendo é sinal que estou ganhando essa batalha!
Voltarei em breve!
Com muita alegria, “tá” amiga Vanuza?

(O motivo da foto dos meus cabelos compridos vocês entenderão mais a frente)

sábado, 5 de janeiro de 2013

A DOR DE CADA DIA



Tem dias que doem... não deveria ser assim. Eu acho.
Os dias, mesmo os mais nublados, deveriam cair em nós qual roupa do tamanho certo, sem nem precisar de bainha.
Mas não é assim...
Então, no dia que traz consigo a dor, eu me recolho e choro... choro a tristeza, o medo, a incerteza.
Lavo, com minhas lágrimas, minh'alma.
E depois, no outro dia (que pode ser azul ou cinza) eu cato meus cacos, colo direitinho, olho-me no espelho, sorrio para mim mesma e sigo em frente!