quarta-feira, 28 de julho de 2010

DA SÉRIE COISAS QUE SÓ ACONTECEM COMIGO!


ALHOS & BUGALHOS

Ultimamente tenho passado maus bocados por conta do Morfeu, que resolveu me abandonar de vez... passo as noites acordada e quando consigo dormir já é dia claro!

Remédios já tomei uma batelada! Só que não funciona mais...

Simpatias? Todas que me ensinaram:

- copo com três pitadas de açúcar debaixo da cama, na altura da cabeça (já pensaram se minha insônia é diabética? rs),

- acender uma vela branca na hora exata da mudança da lua (6:18h) e pedir por sono,

- tirar do quarto todos os meus cristais porque podem acumular energias deletérias,

- ouvir cd indutor de meditação (já decorei os três que tenho... preciso comprar mais para ver se funciona),

- não assistir TV antes de dormir,

- ler somente leituras edificantes,

- fazer escalda pés,

- rezar...

E por aí vai...

Aí, conversando com meu terapeuta falei que ultimamente a falta de sono é o que mais me incomoda, porque as dores eu já estou acostumando, mas ficar sem dormir é f...

Então ele me disse que era para experimentar um chá, falou o nome da erva e disse que eu não ficasse ansiosa, que tomasse uma caneca bem grande e fosse fazer alguma coisa útil, escrever, trabalhar, que não ficasse “antenada” na falta do sono.

Bom, pra quem já vinha fazendo tudo... uma coisa a mais não seria problema.

Na mesma noite, quando deu mais ou menos uma da manhã, levantei, fui até o jardim, arranquei uns galhos de Alecrim e fiz quase uma jarra de chá. Tomei uma caneca, aos pouquinhos, e fiquei trabalhando no computador. Tomei a segunda, a terceira... por volta de 5:00 já não tinha chá nem sono.

Desisti...

Quando voltei para a outra sessão de terapia comentei com ele que havia feito o chá, tomado (e ido ao banheiro) a noite toda e nadica de nada do sono aparecer.

Ele me respondeu que o chá não induz ao sono, ele apenas limpa o organismo e que o sono é consequência. Daí ele me fez a pergunta fatídica:

- Mas você fez com manjericão fresco?

No que eu retruquei:

- Manjericão? Mas não era de alecrim????

Então, para que não aconteça com alguém o mesmo que aconteceu comigo vou passar as indicações:

ALECRIM - Ele aquece e estimula o cérebro e o corpo, é ótimo como cardiotônico, estimulante, anti-reumático, resolve rapidamente dores de estômago e asias, restitui a energia dos cansados e estressados por muito esforço mental. Também é bom para tosses, bronquites, e problemas respiratórios.

Usado externamente é bom para limpar feridas, principalmente de diabéticos e pessoas que tem dificuldades de cicatrização.

Os cardíacos podem usá-lo acompanhado de Sete Sangrias e Dente de Leão.

MANJERICÃO - favorece aos que têm digestão difícil, gazes, asia, dores de cabeça em conseqüência de alimentação pesada ou inadequada. Facilita o funcionamento dos intestinos, é diurético. Ë bom para tosses, vômitos, mau hálito. Ajuda, junto com a Malva e a sálvia nas infecções de boca.

Também é ótimo para cistite.

O manjericão age como pacificador e integrador na família..

Ele transmuta a nossa energia agressiva, transformando-a em vontade e força para brigar por coisas mais importantes como metas e ideais. Ajuda a brigar pela vida e pelas coisas que nós queremos.

É ótima para os desorganizados e indisciplinados.

Ajuda-nos a ver o brilho e o perfume da vida.

Aprenderam? Agora eu também!!!!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

PALAS DE REI – MELIDE


E a saga segue seu curso... não sem antes agradecer ao meu querido Anjo da Guarda Mauricio, que mesmo quando eu xingo, não respondo, nem assim ele fica com raiva de mim... e ainda scaneia as fotos que eu não tirei!!!! ...Ah! nem adianta mandar largar do seu pé que é karma! ... Sei, também te amo, meu amigo!rs

Essa foto eu não poderia deixar de lado porque rendeu-nos boas gargalhadas... A gente passava e, às vezes, do nada, aparecia uma construção suspensa, com cruzes, elementos bíblicos, ora de madeira, ora de tijolo, e a gente tentava descobrir o que era, tentava "futucar" nas frestas, mas nada... como a maioria ficava no campo eu cismei que era onde eles colocavam os mortos. Um dia a Cris se encheu de razão, pegou um pedaço de pau e começou a tentar abrir uma fresta maior, nisso eu vim de trás, fiz "UUUUUUUUUUUUUUUU" e saí correndo fingindo estar assustada... ela disparou e só parou quando me viu me dobrando de rir... quase me bateu!

Daí nós resolvemos deixar de ser orgulhosos e perguntamos (o Mauricio, claro, a boa parte sempre sobrava para ele): Pois bem, chama-se Hórreo, também conhecido como Cabazo, Cabaceiro(a), Canastro ou Piorno é uma construção popular da região da Galícia, mas que se estende em outras zonas no norte ibérico. É destinada a secar, guardar e conservar o milho e outros cereais de ataques de ratos. Tem todo um simbolismo econômico na sua origem, quanto maior o Hórreo, maior a riqueza dos proprietários.
Este foi por fotografo por Mauricio em Gonzar, na saída de Portomarín.


Havíamos combinado percorrer só 15 km. Acredito que Cristina e Mauricio tenham feito esse acordo por piedade, mas não deixaram transparecer, e como estávamos muito bem acomodados e acompanhados nem nos preocupamos com as horas...

Erro fatal!

Acordamos com uma voz esganiçada (linguajar mineiro da Cris) aos berros, xingando e gritando que já tinha passado da hora de peregrino estar na estrada. Levei um susto tão grande que passei a juntar coisas, escovar dentes, lavar rosto, tudo ao mesmo tempo. Era a hospitaleira, que de hospitaleira só tinha o nome. Colocou todo mundo para fora, não respeitou Orlando e Micheline, um casal já “mais experiente”, tampouco o grupo de excepcionais.

Resolvemos fazer o desdejum num bar bem em frente ao albergue... segundo erro em tão pouco tempo!

As torradas vieram da parte reservada do restaurante já lambrecadas com uma coisa que parecia geléia passada da validade, rançosa. Uma senhora velha, gorda e porca, que limpava as mãos e o rosto com o mesmo pano que limpava o balcão, nos serviu rindo e mostrando os dentes todos estragados, sem contar o cheiro... A soma de tudo revolveu meu estômago e eu e Mauricio saímos sem comer, mas pagamos. A Madre Cristina de Calcutá ficou e comeu, por pena da senhora... Nós comemos em outro lugar.

E pé na estrada!

Também já eram 9 horas, isso lá é hora de peregrino sair? rs

Apesar da hora tinha muita neblina. Para nossa surpresa caminhamos muito tempo por dentro de bosques, o que foi muito agradável, mas não impediu do meu pé logo dar sinal de vida (ou de morte!). Porque volta e meia, ou melhor, subida e descida, apareciam uns atoleiros danados e difíceis de ultrapassar. Aí vocês podem perguntar, mas porque a demente não foi pelas pedras? As pedras acabavam no meio maior do lamaçal.

Chegamos cedo a Melide e pra variar a primeira coisa que fomos ver foram os banheiros. Só um chuveiro tinha porta. Eu e Cris corremos para tomar banho antes que ficássemos abertas à visitação pública nos boxes sem nem uma cortininha... água escaldante! Deliciosa!!!

Cris foi descansar e eu fui lavar roupa, comprar comida, coisa básica!

Quando voltei a Cris disse que ia sair para almoçar, eu e Mauricio já havíamos comido e ficamos no albergue.

Daí um tempo chega a Cris revoltada e rosada, para não dizer roxa, dizendo que tinha visto um anúncio num restaurante de um arroz com frango, naquela altura estávamos loucos para comer arroz, daí ela pediu... veio salada de entrada e foi só o que ela conseguiu comer, o tal arroz estava intragável, e enquanto tentava comer “encheu os chifres de vinho rosé”.

Convidei a Cris para conhecermos a cidade, calçada com Havaianas é claro!

Fachada da Iglesia de la Virgen de las Nieves - Leboreiro (caminho)

Quando estávamos de volta ao albergue só ouvi a Cris conversando em portunhol com um desconhecido e dizendo: “A Kátia sabe. Ela sabe tudo”, fiquei curiosa e fui ver. Era o marido de Ângeles que havia conseguido uma folga e estava percorrendo o Caminho de bicicleta em busca da esposa. Peguei minhas anotações, vi a última vez que estivemos juntas, mais os cálculos de bruxa e disse: Pode pedalar até Arzúa que ela está lá.

E não é que estava mesmo!!!!

A gente evitava conversar sobre o dia seguinte. Nosso tempo estava se esvaindo. Santiago chegando... e ao mesmo tempo uma vontade louca de continuar no Caminho...

Nem fotos eu queria mais tirar... era como se começasse a abrir um rombo dentro do meu peito, neste rombo tinha medo, tristeza, lágrimas não vertidas, palavras não ditas, saudade antecipada.

A chegada, ao mesmo tempo que representava nossa vitória, representava também adeus, despedida... e é tão triste separarmos daqueles que aprendemos a amar.

No coração só a certeza que nunca mais era nunca mais mesmo.

domingo, 18 de julho de 2010

PORQUE EXISTIU UM DIA, UM 18 DE JULHO...




Porque houve um dia um 18 de julho
E por um instante reconheci na multidão
Aquele que veio a este mundo para me encontrar
E vi estrelas num olhar de céu e mar
E descobri o porto seguro onde ancorar minha vida turbulenta
E senti o calor que aquece coração
Porque houve um dia em que meus olhos pararam de procurar
E minha alma se aquietou num abraço
E conheci o sabor de mel do beijo único
E nunca mais minha vida foi a mesma
Porque se encheu de luz, amor, poesia,
Que seguem comigo, aonde eu for...
E dele sempre será,
Até a eternidade, e se houver um fim,
A melhor parte de mim.
Tudo isso porque houve um dia...


(Inédita)de julho especial...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

SANTIAGO DE COMPOSTELA - O RETORNO

PORTOMARÍN – PALAS DE REI

Preâmbulo: Estava eu a contar minha (ou melhor, nossa, já que Mauricio e Cristina são companheiros de caminhada, reflexão, dores e risos) Saga pelo Caminho de Santiago de Compostela, daí adoeci e tive que interromper, já que as dores, internações, etc. impediam-me até de pensar... então, os capítulos anteriores vocês encontrarão no tag "Santiago de Compostela".
Estou reeditando o último percurso para, daqui em diante, seguir com a história.
Talvez necessitasse desse longo tempo para reavaliar valores e vivências!

Preâmbulo 2 (se é que existe rs): Quero agradecer à Vanuza Pantaleão pela linda homenagem que me prestou em seu último post. Fico emocionada e com um compromisso ainda maior em não decepciona-la.

Preâmbulo 3 (hahahaha): Pode ser que eu ainda tenha que "desaparecer" por algum tempo, essas idas e vindas para hospital já são rotina, mas prometo avisar!

Então vamos lá caminhar minha gente

Saída de Portomarín

Nesse dia acordamos cedo. Queríamos evitar o sol forte da tarde, portanto levantamos por volta de cinco da manhã, tomamos nosso café, e antes das seis já estávamos com o pé na estrada. Mas parecia noite. Lua cheia, ainda alta no céu. Não dava para ver onde pisava. Entretanto, Deus, na sua generosidade, presenteou-nos com um belíssimo amanhecer. Parecia o despertar da Terra! Indescritível!
Bem, foi só o que consegui fotografar...
Depois de três dias caminhando sem mochila até que o início não foi tão penoso, mas, à medida que os quilômetros iam ficando para trás (foram 22 naquele dia) e o sol cozinhava nossos miolos foi ficando quase insuportável. Mas eu também não podia ficar repetindo, a toda hora, que estava sentindo dor.
Primeiro: Ninguém merece uma pessoa lamuriando-se o tempo todo.
Segundo: Reclamar não vai aliviar a dor.
Terceiro: Eu tinha outra escolha... então... era fé em Deus e pé na trilha!

Caminho Portomarín - Palas de Rei

Lembro-me de ter rezado muito naquele dia. Não por mim, porque como disse eu havia escolhido ir até o fim, mas rezei por aqueles que gostariam de estar no meu lugar (mesmo com as dores) e talvez nunca tivessem a chance, pelos meus amigos, pela dádiva de ter a família que tenho, pela minha mãe que se recuperava do primeiro câncer, pela humanidade, pela paz.
Rezar ajudava-me a ter força para seguir adiante.
Por volta de duas da tarde chegamos a Palas de Rei.
O Albergue é dividido em vários quartos, subdivididos em três repartições com quatro camas cada. Eu e Cris ficamos com Orlando e Micheline, Mauricio ficou na repartição ao lado, e também tinha uma família de espanhóis conosco.
Como eram só três homens, eles tiveram a cortesia de deixar as mulheres tomarem banho primeiro, uma vez que os chuveiros não tinham nem cortininha...

Parêntesis 1: Banheiros – eu deveria dedicar um capítulo inteiro aos banheiros (ou ausência de) durante o caminho. Tinha banheiro de todo tipo. Banheiros individuais, separados por sexo, unissex, com porta, sem porta, de todos as maneiras que vocês puderem imaginar. Para nós, brasileiros, acostumados à privacidade, era meio difícil, então quando eram vários chuveiros do tipo chuveiros de sauna, sem porta, homem e mulher junto, eu e Cris escolhíamos os últimos e colocávamos o Mauricio de prontidão para que ninguém passasse! (Pobre Mauricio!)


Amanhecer

Pois bem, depois do banho eu, que já estava péssima, fiquei pior ainda, pois descobri mais duas bolhas, sendo uma exatamente ao lado da que estava infeccionada. É claro que chorona como sou, abri a torneira. A Cris, penalizada, chorava comigo e rezava dizendo que eu não merecia tanto sofrimento. Minha vontade era dormir e não acordar nunca mais.
A Cris foi lavar todas as nossas roupas (o albergue tinha máquina de lavar) e Mauricio cuidou de drenar minhas bolhas.
Fiquei descansando. A Cris me contou que tinham dois jovens acompanhando um grupo de adolescentes com Síndrome de Dawn e que ficou emocionada e encantada com o carinho e a dedicação que eles tinham para com os meninos...
Saí apenas para comer, daí não ter fotos de Palas de Rei.
Como eu não agüentaria caminhar muito mesmo, combinamos que levantaríamos mais tarde, no dia seguinte e iríamos somente até Melide, uma caminhada de 15 km.

domingo, 4 de julho de 2010

É DIFÍCIL DIZER ADEUS


A morte é a curva da estrada,

Morrer é só não ser visto.

Se escuto, eu te oiço a passada

Existir como eu existo.

A terra é feita de céu.

A mentira não tem ninho.

Nunca ninguém se perdeu.

Tudo é verdade e caminho.

(Fernando Pessoa)


Ao meu amigo Magno Alexandre de Matos, que nos deixou aos 49 anos, inesperadamente, na praia, jogando voley.

Não há fé, crença, religião que nos prepare para esse adeus súbito...

Ninguém me ensinou como faz para tampar esse rombo que está no meu coração.