quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

ALGUÉM ME ESCUTA?

Alguém aí fora?
Alguém me escuta?
Me ajude, então,
A sair deste poço onde me encontro
Que não tem água,
E quanto mais me debato, mais afundo.
Que não tem terra,
Mas me sufoca.
Poço que me traga,
Engole,
Afoga,
Esmaga.
Que me suga,
Me faz perder os quilos
Que já não os tenho.
Alguém venha me ajudar!
Me jogue uma escada,
Uma corda qualquer,
Dê-me uma mão.
Preciso sair daqui, desta escuridão.
Mas não me digam,
Como os médicos,
Que é só depressão.
Isto aqui é um poço,
A estreita morada da solidão.

Livro: Múltiplas Faces
Autora: Kátia Corrêa De Carli

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

FELICIDADE NÃO SE COMPRA

Dia desses eu percebi que estava ficando diferente.
Aquela diferença que nos torna mais tristes a cada amanhecer, mesmo que tudo esteja igualzinho ao dia anterior.
É a melancolia que poderia ser conhecida como o leão de chácara da depressão, porque ela está sempre à porta, esperando, e nem exige convite, deixa todo mundo entrar.
Como estou cansada desse “demônio do meio dia” como descreveu Andrew Solomon, não dei muita bola... pensei: Vou fazer como a maioria das mulheres que espantam a tristeza com uma tarde de compras no shopping.
Mas preciso confessar: sou muito miserável! Eu acho um absurdo pagar mais de mil reais numa bolsa, quinhentos num vestido que não vai me deixar nem mais magra! Não, recuso-me a gastar dinheiro com essas coisas para mim tão banais! É claro que tenho meus fracos, não economizo quando se trata de livro, CD, viagem, coisas que acrescentem algo, que agreguem conhecimento, cultura e mesmo lazer...
Daí, como coincidiu com a devolução do IR, resolvi comprar um notebook. Fomos em bando, eu e meus filhos, mesmo porque eu não entendo nada de hardware, só queria que fosse bonitinho. Depois de muita escolha compramos o dito cujo! Ainda ganhei bolsa, fone e mouse! Um negócio e tanto, porque sou boa em negociar...
Na volta pra casa minha filha perguntou:
- E aí mãe? Tá mais feliz?
E eu descobri que não... continuava tudo igual. Antes eu tivesse tomado uma sertralina, fluoxetina e outros inas que existem. Teria me saído menos dispendioso.
Como não dava para devolver. Agora estamos desenvolvendo uma relação amigável.
Eu e o Happy (nome que dei a ele).
E ainda voltei para a sertralina. Êta vidinha!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

ESTÃO DEMOLINDO MINHA HISTÓRIA

Esses dias, indo a um compromisso, tive que passar pela cidade (não estranhem, capixaba mais “experiente” tem mania, dentre tantas, de chamar o centro da cidade de apenas cidade, não me perguntem o motivo...) e qual não foi a minha surpresa – para não dizer espanto, ao ver que do antigo Restaurante Universitário, na Esplanada Capixaba, só sobrou o chão, cercado por um alambrado.
Como fazem isso?
Como destroem nossa história sem nem ao menos avisar?
Foi ali, na década de 70, que aprendi que a fome não tem paladar. E com isso comi bucho, carne seca, “sururu na zona” (sobra do almoço que eles misturavam e nos serviam no jantar) e outros pratos mais que até hoje não sei o que era.
Foi ali que meu marido (até hoje) deixou de ser ficante – mesmo porque não existia este termo – para passar a ser namorado oficial.
Foi também ali que lhe preguei uma das maiores peças, desligado como ele só, a fila andou, eu fui com a fila, ele ficou parado olhando para o tempo e abraçou a boliviana gorda que estava bem atrás, tudo isso sob os olhares e as gargalhadas de toda a turma.
Ali todos se conheciam, éramos uma grande família sob a guarda e vigilância do “Seu” Fenelon. No final do mês, e sempre sobrava mês para o meu salário, sem dinheiro nem para comer, ao invés de passar pela catraca, entrava pelo portão dos funcionários, pelos fundos e ia dar no escritório do Seu Fenelon, onde vinha uma bandeja com comida quentinha para mim, com o compromisso de acertar quando saísse o pagamento. Vocês já viram comer fiado em RU? Pois é, lá nenhum estudante ficava com fome.
Sem falar do famoso suco que no cardápio aparecia como suco de abacaxi, que tinha cor de limão e sabor de maracujá...
Quanta história!
Foi lá que recebi a notícia da perda de uma pessoa muito querida e a solidariedade de amigos e desconhecidos.
Lá aprendi a conviver, sem preconceitos, com todas as tribos. Foi numa mesa do RU que ganhei o posto de vigilante para a turma de fumava na caixa d'água, só para não me deixarem de fora por eu não fumar, então ganhei um apito e avisava quando os guardas se aproximavam.
Agora demoliram o RU... demoliram parte da minha história.
E nem venham me dizer que o que conta são as recordações.
Estou revoltada!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A PESSOA ERRADA

Eu recebi este texto como se fosse de autoria do Luis Fernando Veríssimo, tentei comprovar mas não consegui, entretanto, por ter achado tão lindo resolvi compartilhá-lo com vocês...

A PESSOA ERRADA
(Luis Fernando Veríssimo)
Pensando bem, em tudo que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, não existe a pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa que, se você for parar pra pensar é, na verdade a pessoa errada.
Porque a pessoa certa faz tudo certinho. Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.
Aí é hora de procurar a pessoa errada. A pessoa errada te faz perder a cabeça. Fazer loucuras. Perder a hora. Morrer de amor. A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar, que é prá na hora que vocês se encontrarem, a entrega ser muito mais verdadeira.
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas. Essa pessoa vai te tirar o sono, mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível.
Essa pessoa talvez te magoe e depois te enche de mimos pedindo seu perdão. Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você. Vai estar o tempo todo pensando em você.
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo porque a vida não é certa, nada aqui é certo. O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, agindo, querendo, conseguindo. E só assim é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças a Deus deu tudo certo!".
Quando na verdade, tudo o que ele quer é que a gente encontre a pessoa errada para que as coisas comecem realmente funcionar direito pra gente.
Nossa missão: Compreender o universo de cada ser humano, respeitar as diferenças, brindar as descobertas, buscar a evolução. Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas...

domingo, 13 de janeiro de 2008

RESOLUÇÕES DE BIA

Todo final de ano era o mesmo ritual. Isso começou na adolescência. Beatriz, em princípios de dezembro, começava a pensar em suas resoluções para o ano que ia começar. E não pensem que ficava só no pensamento! Ela anotava tudo em sua agenda para, ao final de cada ano, poder aferir as metas alcançadas, fazer um balanço, traçar novas estratégias, aprimorar novas metas. Um observador mais atento veria, com certeza, a alma da grande administradora que ela viria a ser.
No início eram poucas, escritas com sua letra bonita cunhada em cadernos e mais cadernos de caligrafia:
1 – Aprender a fumar
2 – Arranjar um namorado lindo e rico
3 – Conhecer o Rio de Janeiro
Não se preocupava com as coisas corriqueiras como fazer dieta, ganhar dinheiro, etc. Mas quem com 13 anos iria preocupar-se com isso em pleno início da década de 70?
Os anos foram passando e sim, aprendeu a fumar!, conheceu o Rio aos 17, mas nada de aparecer o namorado lindo e rico.
Aos 17, estava lá na agenda de Bia:
1 – Passar no vestibular
2 – Mudar para a Capital
3 – Arrumar um emprego
4 – Arrumar um lugar para morar
5 – Arranjar um namorado lindo, rico e que goste de MPB
E mais uma vez ela cumpriu quase todas as metas: continuava faltando o tal namorado!
Daí ela incluiu comprar apartamento, carro, conhecer Salvador, ir à Argentina, mas persistia em incluir, no final da lista, a tal resolução, que a cada dia ficava mais exigente:
- Arranjar um namorado lindo, rico, que goste de MPB, de viajar, de ler, de teatro, de ir ao cinema e que não jogue futebol aos domingos.
A cada ano que Bia acrescentava um novo item, mais distante ela se tornava do seu objetivo.
Não que ela não tentasse com outros que não preenchiam todos os requisitos. Até tentava! Mas sempre faltava alguma coisa...
O tempo foi passando. Bem sucedida na vida profissional, agora Bia tinha seu apartamento, carro do ano, viajava para o exterior quase todo ano, tinha tudo que uma mulher sonhava, só a falta do “bendito” namorado é que incomodava. Pois, apesar de todo o sucesso, o grande sonho de Bia era casar e ter filhos.
Foi então que ela conheceu Gabriel numa exposição de fotografias. Não era lindo, mas chamava atenção pela sobriedade, pelos olhos verdes, pelo modo como chegou com o flute de Proseco... Então, conversa vai, conversa vem, saíram dali para jantar num restaurante aconchegante que Bia conhecia.
No ato do primeiro encontro, as perguntas inevitáveis, algumas só, porque ninguém quer um interrogatório nestas circunstâncias, Bia já sabia que ele não era lindo, ficou sabendo que também não era rico...
Os dias foram passando, a cada encontro ela gostava mais de Gabriel, até que descobriu que os únicos livros que havia lido foram os exigidos para o vestibular, que gostava de rock, cinema sim, mas nada de dramas (grande paixão de Bia), só filme de ação, “teatro é um saco” ipsis literis, tinha uma turma que jogava futebol aos sábados desde a faculdade e que adorava viajar.
Tudo isso coincidiu com o fim de ano. Bia abriu a agenda, riscou todas as resoluções do ano anterior, pela primeira vez não fez lista para o ano que chegava e pensou, como a raposa do Pequeno Príncipe:
“Nada é perfeito ... minha vida é monótona Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros.”
E saiu, toda perfumada, encontrar aquele cujo barulho de passos acelerava seu coração.

Imagem: Torre do Relógio - Veneza - Itália

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

SOBREVIVI

Fim de ano sempre é época de revisões, proposições, promessas...

Este meu afastamento involuntário, do computador e da vida, me levou a rever muita coisa. Mais uma vez valeu o ditado: Há males que vêm para o bem.

Refleti sobre o papel da família. No dia a dia, muitas vezes não nos damos conta do valor inestimável da presença física, do segurar, do saber-se acompanhada. Incapacitada, passei a valorizar, ainda mais, os pequenos/grandes gestos que brotam do coração e não do "preciso fazer".
Família, há que se apertar sempre este laço.

Refleti sobre a dádiva que é ter amigos. Amigos que sempre aparecem nas horas mais precisas: quando estava com dor e necessitava de Reiki, quando não suportava mais a solidão e apareciam para visitar, quando, desesperançada, recebia uma mensagem, um telefonema, um "estou aqui"...
Amigos são jóias raras! E, mais uma vez, descobri que possuo um tesouro.

Refleti que não nasci para ficar parada. É um tormento! Então, preciso desenvolver a paciência...

Descobri que a dor física, por maior que seja, dói muito menos que as dores da alma... por isso precisamos fugir delas.

Descobri que podemos continuar amando mesmo as pessoas que não nos amam mais (esta foi uma ótima descoberta, trouxe-me muita paz).

Ah! Redescobri que a prece é um lenitivo para passar o tempo de forma saudável (vale orar por nós mesmos, família, por quem se foi, por quem não vemos, pelos que não nos amam, pela humanidade, etc.). Tive bastante tempo para isso!

Aprendi a dar mais ouvidos à minha voz interior. Ela sempre está certa, eu é que, às vezes, a interpreto mal. Principalmente quando ela me mandar procurar algum amigo, com certeza ele está necessitando de mim.

Com todo esse aprendizado, não vi que um ano acabou e outro começou...
Não me dei conta, ainda, de que iniciou um novo ciclo.
Não fiz promessas, não pulei as sete ondas na praia, não fui à missa nem fiz oferenda à Iemanjá, não passei nem a agenda nem a vida a limpo, não fiz balanço do ano que acabou.

Acho que ainda estou parada em 2007.

Mas Sobrevivi!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

RECADO PARA FLORA

Por motivos alheios à minha vontade (fiz uma cirurgia dia 19), fui obrigada a me afastar do computador por uma eternidade... e quando vi seu comentário já não restava tempo hábil para sua necessidade.
Realmente eu tenho um texto com a frase que você cita, só não sei se é o texto que você procura. Quis mandar-lhe assim mesmo, mas você não me deixou alternativa de contato (e-mail, blog, fotolog... nada).
Então, se você vir esta mensagem, entre em contato comigo.
Abraços