Em janeiro, tão logo passado o Natal, a gente começava a se preparar para o carnaval. Não que fossem necessários meses para bordar as fantasias. Como não existia dinheiro, era necessário tempo para fazer a “garimpagem”. Uma roupa velha, desde que fosse de menino ou de mulher. Roupa de menina não servia. Como não tenho irmãos, era preciso percorrer as casas das amigas que os tinham, ver se havia alguma roupa velha, descaracterizar (porque pobre usa roupa até puir de tanto lavar) porque todo mundo conhecia as roupas uns dos outros, ir às costureiras pedir retalhos para fazer alguns remendos, colar de fuxico (hoje é luxo! Vejam só!), etc.
Depois vinha a vez da máscara.
Alguns tinham máscaras, daquelas de papel, mas a maioria não tinha. Então arranjávamos uma fronha velha, amarrávamos duas pontas, como se fossem orelhas de gato ou costurávamos pedaços de pano ou lã para simular cabelos e pintávamos a frente, com tinta gauche, batom, lápis de sobrancelha, tudo que fizesse cor, porque naquela época não existia “canetinha” e mesmo que existisse nós seríamos aqueles que não as teriam.
Então, quando começava o carnaval, arrumávamo-nos com tudo que havíamos preparado e lá íamos para o “Bloco Sujo” assim que ouvíamos os primeiros acordes da bandinha na rua.
Eu devia ter uns seis anos... me arrumei toda, o coração aos pulos e saí correndo em direção à praça. Estava só, encontraria a minha turminha atrás da bandinha. Quase chegando, logo na esquina, dou de cara com uma pessoa adulta toda fantasiada e mascarada (máscara mesmo, dessas que hoje fazem de látex), quase morri de susto e medo, dei meia volta e na mesma correria voltei para casa. Lá chegando, o coração na boca, minha mãe pergunta o que aconteceu. No que eu respondo: “dei de cara com um mascarado”. E ela, às gargalhadas, disse: “Só você mesmo! Um mascarado com medo de outro! Venha, vou com você!”
E lá fui serelepe brincar pelas ruas da cidadezinha.
É deste carnaval que tenho saudade.
Depois vinha a vez da máscara.
Alguns tinham máscaras, daquelas de papel, mas a maioria não tinha. Então arranjávamos uma fronha velha, amarrávamos duas pontas, como se fossem orelhas de gato ou costurávamos pedaços de pano ou lã para simular cabelos e pintávamos a frente, com tinta gauche, batom, lápis de sobrancelha, tudo que fizesse cor, porque naquela época não existia “canetinha” e mesmo que existisse nós seríamos aqueles que não as teriam.
Então, quando começava o carnaval, arrumávamo-nos com tudo que havíamos preparado e lá íamos para o “Bloco Sujo” assim que ouvíamos os primeiros acordes da bandinha na rua.
Eu devia ter uns seis anos... me arrumei toda, o coração aos pulos e saí correndo em direção à praça. Estava só, encontraria a minha turminha atrás da bandinha. Quase chegando, logo na esquina, dou de cara com uma pessoa adulta toda fantasiada e mascarada (máscara mesmo, dessas que hoje fazem de látex), quase morri de susto e medo, dei meia volta e na mesma correria voltei para casa. Lá chegando, o coração na boca, minha mãe pergunta o que aconteceu. No que eu respondo: “dei de cara com um mascarado”. E ela, às gargalhadas, disse: “Só você mesmo! Um mascarado com medo de outro! Venha, vou com você!”
E lá fui serelepe brincar pelas ruas da cidadezinha.
É deste carnaval que tenho saudade.
6 comentários:
Tão bonita sua crônica. Uma viagem.
Adicionei seu blog na minha lista no "essapalavra".
Um abração.
Oi Kátia,
Bom relembrar experiências que tivemos. Melhor,ainda, é esse jeito bonito que você tem de transformar sentimentos em palavras.
Um beijo
Jacinta
Como era bom o tempo em que um simples e velho lençol virava uma fantasia. Depois uma bela pintura me transformava numa palhacinha - que ironia, hoje não preciso de pintura para isso diante do tal Presidente da República, hahaha.
Mas voltando...
Certa vez saímos até na capa do jornal. Eu de pirata. Algumas odaliscas e tudo mais. Juntos, os amigos eternos. Passávamos um bom tempo preparando as fantasias, colando paetês em formas de máscaras no rosto... uma ótima época!
Até chegar o momento em que minha mãe me transformava em baiana. Eu odiava me vestir de baiana. Mas ainda assim, era um bom carnaval. Invadíamos o Alváres Cabral, catávamos confetes do chão para jogar de novo...
Não era preciso marcar encontro. Todos se reencontravam em mais um baile.
Essa sua crônica me fez lembrar de vários carnavais...
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Quanto ao que você escreveu no meu blog:
É, tia Kátia... essa saudade é constante. E eterna. E uma coisa boa. A saudade do guaraná quente, do bolo gelado enrolado no papel alumínio, cachorro-quente frio, presentes desnecessários, e todos os meus amigos que também passaram por isso e muito mais, bem como seus respetivos pais, que hoje e desde sempre, não eram simplesmente pais dos amigos, mas também tornaram-se amigos, desses que tudo sabem sobre nós. E ainda assim, continuam amigos. Esses são os amigos verdadeiros. Os que quero para sempre por perto, junto. Mesmo se de alguma forma, por coisas da vida, por batalhas, tentativas, lutas, vitórias, conquistas, estamos separados. São vocês meus eternos amigos. E verdadeiros.
No meu caso, 1/4 de século com adição de mais três anos. Ê, laiá...
E você acompanhou TUDO!
Beijos,
:)
Certamente, eram bem melhores: o carnaval de alegria genuína.
Saudade de vc. Sempre venho te ler, mas sempre também na correria. Por isso a falta de comentários.
Vou te mandar e-mail.
Beijos!
Os blocos de sujo e mascarados...
Não é nostalgia, é uma constatação (a superioridade dos antigos carnavais).
Kátia, meu email é> eliasj@terra.com.br.
Aguardo seu contato.
Um abraço,
JEN
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