terça-feira, 18 de abril de 2017

SÓ DE SACANAGEM



Em tempos tão turbulentos onde a desonestidade parece, aos olhos daqueles que deveriam representar o povo, ser a mola mestra que guia nossos políticos, de todos os partidos, nada como relembrar o poema da minha querida conterrânea Elisa Lucinda.

Só de sacanagem 

Meu coração está aos pulos 
Quantas vezes minha esperança será posta a prova? 
Tudo isso que está aí no ar 
Malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro 
Do meu dinheiro, do nosso dinheiro 
Que reservamos duramente 
Para educar os meninos mais pobres que nós 
Para cuidar gratuitamente da saúde deles, dos seus pais 
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade 
E eu não posso mais 
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? 
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz 
Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros 
Venha quebrar no nosso nariz 
Meu coração está no escuro 
A luz é simples 
Regado ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó 
E os justos que os precederam: “NÃO ROUBARÁS” 
“Devolva os lápis do coleguinha” 
“Esse apontador não é seu, minha filha” 
Pois bem, se mexeram comigo 
Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido 
Então agora eu vou sacanear 
Mais honesta ainda eu vou ficar 
Só de sacanagem 
Dirão: “deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba” 
E eu vou dizer: “não importa, será esse o meu carnaval” 
Vou confiar mais e outra vez 
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos 
Vamos pagar limpo a quem a gente deve 
E receber limpo do nosso freguês 
Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambal 
Dirão: “é inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal” 
E eu direi: “não admito, minha esperança é imortal” 
E eu repito: “ouviram? IMORTAL” 
Sei que não dá pra mudar o começo 
Mas, se a gente quiser 
dá pra mudar o final! 

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