sábado, 1 de setembro de 2007

VINGANÇA


Engana-se quem se fia no mês de setembro.
Cantado em verso e prosa como o mês das rosas, da primavera, apresenta seus trunfos em uma profusão de tons de verde e flores mil desabrochando e com isso desvia a atenção de todos de seu real caráter.
Mas ouçam o que eu digo: Setembro é mês traiçoeiro!
Levei tempo para descobrir.
Foi ele quem levou meu pai, muito cedo e que, toda vez que sua imagem me vem à lembrança, me faz recordar uma passagem de “O Pequeno Príncipe”, quando, falando da rosa, ele diz que não soube compreender coisa alguma, que devia ter julgado-a pelos atos e não pelas palavras, que devia ter-lhe adivinhado a ternura sob seus ardis... mas que era jovem demais para saber amar. Isso aconteceu comigo e meu pai... eu era jovem demais para compreendê-lo, e com toda aquela revolta, aquela dor alucinante a sufocar a minha existência, nem percebi o que setembro fazia comigo.
Vieram outros ataques: doenças graves de filhos, rasteiras na vida profissional, não contabilizadas à época, porque superados... mas setembro sempre aprontava alguma.
Para despistar chegou até a roubar de maio a preferência das noivas, só para distrair as pessoas.
Fazendo esse balanço percebo que foi ele também quem me tirou o grande amor, aquele amor que a gente sabe ser único, eterno. E deixou esse vazio que nem outros amores, que poderiam ter sido maiores ou menores, melhores ou piores, conseguiram preencher... porque ficou para sempre doendo “aquele” amor que não concretizou.
Setembro é mesmo dissimulado!
Ainda não havia me apercebido o quão daninho é, quando, num golpe, ele tomou-me a mãe. Deixou-me órfã, literalmente. Aí, apesar da dor, do sofrimento, já não era tão jovem como o Pequeno Príncipe para compreender certas coisas e foi, então, que ele se revelou por inteiro.
Setembro! Mês que me escolheu para colocar frente às piores provas (e perdas) da vida e da morte.
Mas agora eu vou às forras!
Se pensa que vou ficar aqui chorando pelo que perdi, engana-se. Não me conhece.
Pode vir!
Quando me procurar irei encará-lo de cima, do alto da Torre Eifel e te ofuscarei com meu sorriso que brilhará mais que a Cidade Luz.
Quando pensar que pode me alcançar, estarei passeando de gôndola em Veneza ou pelas ruelas de Nápoles (Ah! Se quiser pode também me procurar na casa de Julieta, em Verona).
E se insistir em me perseguir... prepare-se para a fronteira da Alemanha (dizem que são implacáveis!).
Desta vez, Setembro, a vitória é minha!

3 comentários:

Kika disse...

Puxa..setembro que se cuide!!srss
Adorei teu jeito de escrever. Vc consegue colocar seus sentimentos de forma gostosa..sem ser piegas..

Bom sábado!!!
e vamos escrever mais..srrss

Mariana disse...

Deixe setembro pra lá, mostra pra ele que vc é mais!!!
Desejo que esse setembro seja espetaculoso hehehe.
Beijos!

Anônimo disse...

O que vc sente por setembro, eu sinto em agosto... ahhhh mes DESGRAÇADO mas intrigante , pq minhas melhores amizades são leoninas de agosto. Eu amo setembro, até pq ele me trouxe a vida :)
Bjo, curta bastante a viagem e faça isso mesmo, ria de tudo isso, qto mais pensamos nestas "coincidências" , mas elas "grudam" na gente.