Alguém aí fora?
Alguém me escuta?
Me ajude, então,
A sair deste poço onde me encontro
Que não tem água,
E quanto mais me debato, mais afundo.
Que não tem terra,
Mas me sufoca.
Poço que me traga,
Engole,
Afoga,
Esmaga.
Que me suga,
Me faz perder os quilos
Que já não os tenho.
Alguém venha me ajudar!
Me jogue uma escada,
Uma corda qualquer,
Dê-me uma mão.
Preciso sair daqui, desta escuridão.
Mas não me digam,
Como os médicos,
Que é só depressão.
Isto aqui é um poço,
A estreita morada da solidão.
Livro: Múltiplas Faces
Autora: Kátia Corrêa De Carli
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
ALGUÉM ME ESCUTA?
Postado por Katia De Carli às 11:14 4 comentários
Marcadores: Poemas
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
FELICIDADE NÃO SE COMPRA

Aquela diferença que nos torna mais tristes a cada amanhecer, mesmo que tudo esteja igualzinho ao dia anterior.
É a melancolia que poderia ser conhecida como o leão de chácara da depressão, porque ela está sempre à porta, esperando, e nem exige convite, deixa todo mundo entrar.
Como estou cansada desse “demônio do meio dia” como descreveu Andrew Solomon, não dei muita bola... pensei: Vou fazer como a maioria das mulheres que espantam a tristeza com uma tarde de compras no shopping.
Mas preciso confessar: sou muito miserável! Eu acho um absurdo pagar mais de mil reais numa bolsa, quinhentos num vestido que não vai me deixar nem mais magra! Não, recuso-me a gastar dinheiro com essas coisas para mim tão banais! É claro que tenho meus fracos, não economizo quando se trata de livro, CD, viagem, coisas que acrescentem algo, que agreguem conhecimento, cultura e mesmo lazer...
Daí, como coincidiu com a devolução do IR, resolvi comprar um notebook. Fomos em bando, eu e meus filhos, mesmo porque eu não entendo nada de hardware, só queria que fosse bonitinho. Depois de muita escolha compramos o dito cujo! Ainda ganhei bolsa, fone e mouse! Um negócio e tanto, porque sou boa em negociar...
Na volta pra casa minha filha perguntou:
- E aí mãe? Tá mais feliz?
E eu descobri que não... continuava tudo igual. Antes eu tivesse tomado uma sertralina, fluoxetina e outros inas que existem. Teria me saído menos dispendioso.
Como não dava para devolver. Agora estamos desenvolvendo uma relação amigável.
Eu e o Happy (nome que dei a ele).
E ainda voltei para a sertralina. Êta vidinha!
Postado por Katia De Carli às 12:15 3 comentários
Marcadores: Confissões
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
ESTÃO DEMOLINDO MINHA HISTÓRIA

Como fazem isso?
Como destroem nossa história sem nem ao menos avisar?
Foi ali, na década de 70, que aprendi que a fome não tem paladar. E com isso comi bucho, carne seca, “sururu na zona” (sobra do almoço que eles misturavam e nos serviam no jantar) e outros pratos mais que até hoje não sei o que era.
Foi ali que meu marido (até hoje) deixou de ser ficante – mesmo porque não existia este termo – para passar a ser namorado oficial.
Foi também ali que lhe preguei uma das maiores peças, desligado como ele só, a fila andou, eu fui com a fila, ele ficou parado olhando para o tempo e abraçou a boliviana gorda que estava bem atrás, tudo isso sob os olhares e as gargalhadas de toda a turma.
Ali todos se conheciam, éramos uma grande família sob a guarda e vigilância do “Seu” Fenelon. No final do mês, e sempre sobrava mês para o meu salário, sem dinheiro nem para comer, ao invés de passar pela catraca, entrava pelo portão dos funcionários, pelos fundos e ia dar no escritório do Seu Fenelon, onde vinha uma bandeja com comida quentinha para mim, com o compromisso de acertar quando saísse o pagamento. Vocês já viram comer fiado em RU? Pois é, lá nenhum estudante ficava com fome.
Sem falar do famoso suco que no cardápio aparecia como suco de abacaxi, que tinha cor de limão e sabor de maracujá...
Quanta história!
Foi lá que recebi a notícia da perda de uma pessoa muito querida e a solidariedade de amigos e desconhecidos.
Lá aprendi a conviver, sem preconceitos, com todas as tribos. Foi numa mesa do RU que ganhei o posto de vigilante para a turma de fumava na caixa d'água, só para não me deixarem de fora por eu não fumar, então ganhei um apito e avisava quando os guardas se aproximavam.
Agora demoliram o RU... demoliram parte da minha história.
E nem venham me dizer que o que conta são as recordações.
Estou revoltada!
Postado por Katia De Carli às 11:09 3 comentários
Marcadores: Confissões
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
A PESSOA ERRADA
Eu recebi este texto como se fosse de autoria do Luis Fernando Veríssimo, tentei comprovar mas não consegui, entretanto, por ter achado tão lindo resolvi compartilhá-lo com vocês...
Porque a pessoa certa faz tudo certinho. Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.
Postado por Katia De Carli às 10:50 5 comentários
Marcadores: Poetas - Escritores
domingo, 13 de janeiro de 2008
RESOLUÇÕES DE BIA

No início eram poucas, escritas com sua letra bonita cunhada em cadernos e mais cadernos de caligrafia:
1 – Aprender a fumar
2 – Arranjar um namorado lindo e rico
3 – Conhecer o Rio de Janeiro
Não se preocupava com as coisas corriqueiras como fazer dieta, ganhar dinheiro, etc. Mas quem com 13 anos iria preocupar-se com isso em pleno início da década de 70?
Os anos foram passando e sim, aprendeu a fumar!, conheceu o Rio aos 17, mas nada de aparecer o namorado lindo e rico.
Aos 17, estava lá na agenda de Bia:
1 – Passar no vestibular
2 – Mudar para a Capital
3 – Arrumar um emprego
4 – Arrumar um lugar para morar
5 – Arranjar um namorado lindo, rico e que goste de MPB
E mais uma vez ela cumpriu quase todas as metas: continuava faltando o tal namorado!
Daí ela incluiu comprar apartamento, carro, conhecer Salvador, ir à Argentina, mas persistia em incluir, no final da lista, a tal resolução, que a cada dia ficava mais exigente:
- Arranjar um namorado lindo, rico, que goste de MPB, de viajar, de ler, de teatro, de ir ao cinema e que não jogue futebol aos domingos.
A cada ano que Bia acrescentava um novo item, mais distante ela se tornava do seu objetivo.
Não que ela não tentasse com outros que não preenchiam todos os requisitos. Até tentava! Mas sempre faltava alguma coisa...
O tempo foi passando. Bem sucedida na vida profissional, agora Bia tinha seu apartamento, carro do ano, viajava para o exterior quase todo ano, tinha tudo que uma mulher sonhava, só a falta do “bendito” namorado é que incomodava. Pois, apesar de todo o sucesso, o grande sonho de Bia era casar e ter filhos.
Foi então que ela conheceu Gabriel numa exposição de fotografias. Não era lindo, mas chamava atenção pela sobriedade, pelos olhos verdes, pelo modo como chegou com o flute de Proseco... Então, conversa vai, conversa vem, saíram dali para jantar num restaurante aconchegante que Bia conhecia.
No ato do primeiro encontro, as perguntas inevitáveis, algumas só, porque ninguém quer um interrogatório nestas circunstâncias, Bia já sabia que ele não era lindo, ficou sabendo que também não era rico...
Os dias foram passando, a cada encontro ela gostava mais de Gabriel, até que descobriu que os únicos livros que havia lido foram os exigidos para o vestibular, que gostava de rock, cinema sim, mas nada de dramas (grande paixão de Bia), só filme de ação, “teatro é um saco” ipsis literis, tinha uma turma que jogava futebol aos sábados desde a faculdade e que adorava viajar.
Tudo isso coincidiu com o fim de ano. Bia abriu a agenda, riscou todas as resoluções do ano anterior, pela primeira vez não fez lista para o ano que chegava e pensou, como a raposa do Pequeno Príncipe:
“Nada é perfeito ... minha vida é monótona Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros.”
E saiu, toda perfumada, encontrar aquele cujo barulho de passos acelerava seu coração.
Imagem: Torre do Relógio - Veneza - Itália
Postado por Katia De Carli às 14:42 2 comentários
Marcadores: Crônicas
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
SOBREVIVI
Fim de ano sempre é época de revisões, proposições, promessas...
Postado por Katia De Carli às 11:24 5 comentários
Marcadores: Confissões
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
RECADO PARA FLORA
Postado por Katia De Carli às 12:25 0 comentários
Marcadores: Diversos