Esses dias, indo a um compromisso, tive que passar pela cidade (não estranhem, capixaba mais “experiente” tem mania, dentre tantas, de chamar o centro da cidade de apenas cidade, não me perguntem o motivo...) e qual não foi a minha surpresa – para não dizer espanto, ao ver que do antigo Restaurante Universitário, na Esplanada Capixaba, só sobrou o chão, cercado por um alambrado.
Como fazem isso?
Como destroem nossa história sem nem ao menos avisar?
Foi ali, na década de 70, que aprendi que a fome não tem paladar. E com isso comi bucho, carne seca, “sururu na zona” (sobra do almoço que eles misturavam e nos serviam no jantar) e outros pratos mais que até hoje não sei o que era.
Foi ali que meu marido (até hoje) deixou de ser ficante – mesmo porque não existia este termo – para passar a ser namorado oficial.
Foi também ali que lhe preguei uma das maiores peças, desligado como ele só, a fila andou, eu fui com a fila, ele ficou parado olhando para o tempo e abraçou a boliviana gorda que estava bem atrás, tudo isso sob os olhares e as gargalhadas de toda a turma.
Ali todos se conheciam, éramos uma grande família sob a guarda e vigilância do “Seu” Fenelon. No final do mês, e sempre sobrava mês para o meu salário, sem dinheiro nem para comer, ao invés de passar pela catraca, entrava pelo portão dos funcionários, pelos fundos e ia dar no escritório do Seu Fenelon, onde vinha uma bandeja com comida quentinha para mim, com o compromisso de acertar quando saísse o pagamento. Vocês já viram comer fiado em RU? Pois é, lá nenhum estudante ficava com fome.
Sem falar do famoso suco que no cardápio aparecia como suco de abacaxi, que tinha cor de limão e sabor de maracujá...
Quanta história!
Foi lá que recebi a notícia da perda de uma pessoa muito querida e a solidariedade de amigos e desconhecidos.
Lá aprendi a conviver, sem preconceitos, com todas as tribos. Foi numa mesa do RU que ganhei o posto de vigilante para a turma de fumava na caixa d'água, só para não me deixarem de fora por eu não fumar, então ganhei um apito e avisava quando os guardas se aproximavam.
Agora demoliram o RU... demoliram parte da minha história.
E nem venham me dizer que o que conta são as recordações.
Estou revoltada!
Como fazem isso?
Como destroem nossa história sem nem ao menos avisar?
Foi ali, na década de 70, que aprendi que a fome não tem paladar. E com isso comi bucho, carne seca, “sururu na zona” (sobra do almoço que eles misturavam e nos serviam no jantar) e outros pratos mais que até hoje não sei o que era.
Foi ali que meu marido (até hoje) deixou de ser ficante – mesmo porque não existia este termo – para passar a ser namorado oficial.
Foi também ali que lhe preguei uma das maiores peças, desligado como ele só, a fila andou, eu fui com a fila, ele ficou parado olhando para o tempo e abraçou a boliviana gorda que estava bem atrás, tudo isso sob os olhares e as gargalhadas de toda a turma.
Ali todos se conheciam, éramos uma grande família sob a guarda e vigilância do “Seu” Fenelon. No final do mês, e sempre sobrava mês para o meu salário, sem dinheiro nem para comer, ao invés de passar pela catraca, entrava pelo portão dos funcionários, pelos fundos e ia dar no escritório do Seu Fenelon, onde vinha uma bandeja com comida quentinha para mim, com o compromisso de acertar quando saísse o pagamento. Vocês já viram comer fiado em RU? Pois é, lá nenhum estudante ficava com fome.
Sem falar do famoso suco que no cardápio aparecia como suco de abacaxi, que tinha cor de limão e sabor de maracujá...
Quanta história!
Foi lá que recebi a notícia da perda de uma pessoa muito querida e a solidariedade de amigos e desconhecidos.
Lá aprendi a conviver, sem preconceitos, com todas as tribos. Foi numa mesa do RU que ganhei o posto de vigilante para a turma de fumava na caixa d'água, só para não me deixarem de fora por eu não fumar, então ganhei um apito e avisava quando os guardas se aproximavam.
Agora demoliram o RU... demoliram parte da minha história.
E nem venham me dizer que o que conta são as recordações.
Estou revoltada!
3 comentários:
Ah, senti o mesmo quando meu ex-clégio virou Igreja Universal...
A propósito: aqui também muita gente ainda chama o centro apenas de Cidade!
:D
Saudade da Tia Linda!
Beijos muitos!
Derrubaram o RU!!!
É, também tenho ido pouco passear na Cidade. As vezes - de passagem -, nos domingos eu cruzo o centro com meus filhos lembrando velhas e(h)estórias.
Kátia, quanto ao seu livro, eu ficaria muito feliz em ter um exemplar. Confesso que sou bem devagar sem os teclados, mas segue meu email para que entremos em contato (eliasj@terra.com.br).
Deixei uma mensagem de fim de ano atrazada no Blog.
Abraços,
JEN
Kátia,
agora, só lembranças. E que legal que essas, para você são muito boas.
Seu relato me remete às dificuldades que tenho com as perdas na minha vida. Pensava nisso hoje.
Obrigada por sua bonita presença no florescer.
Um abraço
Jacinta
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