
Astorga é uma cidade linda e respira história por toda parte.
Chegamos ao albergue e fomos muito bem recebidos pelos hospitaleiros. O albergue, apesar de simples, é muito acolhedor. A Cris estava mal. As camas eram “treliche” (rs). A Cris foi pro “poleiro” de cima (como ela dizia), o Mauricio no meio e eu embaixo. Eu fazia qualquer negócio para não ter que dormir na parte de cima. Meus pés doíam, mas como eu disse, já estava me acostumando com a dor, daí, quando a Cris disse que ia ficar no Albergue, eu e Mauricio resolvemos sair para conhecer a cidade.
Eu tinha uma lista enorme de coisas a conhecer.
Parêntesis 1: Durante todo o tempo em que sonhei fazer o Caminho, e depois, quando comecei a ler os livros onde peregrinos narravam suas histórias, eu ia anotando tudo o que tinha de interessante em cada cidade: monumentos, museus, igrejas, pessoas, etc, que depois escrevi no meu guia. Então, quando chegava numa cidade, tinha minha listinha de visitas, em ordem de prioridade (rs).


Cidade romana sob Astorga - ruínas
Depois fomos para as muralhas, as escavações da antiga cidade romana, fotografamos... e quando chegamos à Catedral Santa Maria, estava acontecendo uma exposição de arte sacra “Las Edades Del Hombre” que reunia peças e artefatos abrangendo todos os séculos desta era e alguns da era passada, porém, pela hora, já não podíamos mais entrar. Foi uma frustração!
Catedral Santa Maria
Encontramos vários amigos, inclusive a Maria, de Brasília, e a Ingrid, alemã, que também não conseguiram entrar.
Retornamos ao albergue e encontramos mais amigos... Soubemos pela Cris que a Gisela (argentina) havia caído na escada do albergue de Villar de Mazarife e que teve que ir de ônibus para Astorga em busca de ajuda médica, estava com a perna imobilizada e teria que interromper a caminhada por, pelo menos, uma semana... era hora de dizer adeus à Gisela! (mal sabia eu que voltaria a encontrá-la vivendo no México!)
Albergue de Astorga
O albergue parecia uma festa. Primeiro porque estávamos, em grande número, de já conhecidos – eu, Mauricio, Cris, Graça, Pedro Grandão, Maria, Rosa, Ângeles, Ingrid, Salvatore (italiano da terceira idade metido a galanteador, uma piada!), depois porque a banda da cidade estava ensaiando no prédio anexo ao albergue. Parecia que tocava para nós... daí o Salvatore tirou a Rosa para dançar e nós rimos bastante, pois ela bailava muito bem e não se furtou ao convite!
Conversando, descobrimos que tínhamos feito o inverso. A Cris tinha visto a exposição e nós o Palácio. Ela disse que estava linda, que não podíamos perder, etc e tal, daí decidimos que no dia seguinte a Cris seguiria com a Graça e nós ficaríamos para ver a exposição, já que a caminhada seguinte seria só (rs) de 20,6 km.
Fomos dormir sonhando com um lindo e quente sol... e não com os 8 graus daquele dia!

Detalhe da fachada da Catedral Santa Maria