Maria Helena (Helena, por favor, dizia ela, que odiava o Maria) ainda era uma mulher bonita, na casa dos trinta e inconfessáveis anos. Não que sempre tivesse sido uma mulher bonita, daquelas que chamam atenção por onde passa, mas tinha cabelos negros, compridos, corpo esguio, porte altivo. Mas o seu forte eram os olhos, de uma cor, ou melhor, de várias cores, pois podiam ser azuis, verdes, cinzas, de acordo com o humor, o serviço metereológico, a roupa, etc. e ela sabia usar isso a seu favor.
Como toda mulher que se preza, na história de Maria Helena havia a existência de um grande amor: o José Antônio, por quem fora apaixonada quando tinha 15 anos e abandonada, sem maiores explicações, por conta de fofocas (muito comum naquela época em cidade de interior). Sumariamente julgada e condenada, a pobre nem teve como se explicar.
Esse amor acompanhou-a incomodando por boa parte da vida. Evitava envolvimentos, fugia de compromissos, até que passou.
Maria Helena casou, teve filhos, virou executiva de sucesso.
Do passado sobraram os olhos de muitas cores e o porte altivo – talvez para parecer mais alta.
Mas de vez em quando ainda lembrava daquele primeiro amor adolescente, que nem se concretizou fisicamente (por falta de oportunidade e espaço físico).
Quando julgava ter enterrado o passado, um dia, na volta da praia, passa Maria Helena por uma farmácia. Completamente descomposta (para seus padrões): short jeans, parte de cima do biquini à mostra, cabelos presos num rabo de cavalo, sem maquiagem, - um desastre! E dá de cara com José Antônio (um pouco mais gordo, mas isso ela só foi perceber depois de passado o susto).
Veio a tremedeira, o suor nas mãos, a taquicardia – esses sinais bobos de mulher sentimental.
- Olá! Quanto tempo?
- É, quanto tempo...
(e quase que ela começa a cantar Sinal Fechado...)
Conversa vai, conversa vem, ela querendo sumir com suas pernas expostas, sua barriga exposta, seu coração exposto... e ele:
- Eu me separei, você sabia?
É claro que ela sabia, nos mais sórdidos detalhes do escândalo, mas limitou-se a responder:
- É... a vida é assim...
- E você? Continua casada?
- Sim, continuo...
Silêncio
- Bem que eu poderia ter me casado com você... quem sabe teria sido feliz?
Ela olhou-o bem nos olhos, respirou fundo – afinal havia chegado o momento pelo qual esperava há mais de 20 anos – e respondeu:
- Não casou porque não quis. Eu era apaixonada por você. Agora é tarde... Adeus, preciso ir...
Virou-se e saiu caminhando sem olhar para trás.
Mas já não era orgulho ferido. Não queria que José Antônio percebesse as lágrimas no olhar.
Só então percebeu que a vingança tem um gosto amargo demais.
(imagem: Terceira Ponte, Ilha de Vitória-ES ao fundo, foto original em sépia)
Como toda mulher que se preza, na história de Maria Helena havia a existência de um grande amor: o José Antônio, por quem fora apaixonada quando tinha 15 anos e abandonada, sem maiores explicações, por conta de fofocas (muito comum naquela época em cidade de interior). Sumariamente julgada e condenada, a pobre nem teve como se explicar.
Esse amor acompanhou-a incomodando por boa parte da vida. Evitava envolvimentos, fugia de compromissos, até que passou.
Maria Helena casou, teve filhos, virou executiva de sucesso.
Do passado sobraram os olhos de muitas cores e o porte altivo – talvez para parecer mais alta.
Mas de vez em quando ainda lembrava daquele primeiro amor adolescente, que nem se concretizou fisicamente (por falta de oportunidade e espaço físico).
Quando julgava ter enterrado o passado, um dia, na volta da praia, passa Maria Helena por uma farmácia. Completamente descomposta (para seus padrões): short jeans, parte de cima do biquini à mostra, cabelos presos num rabo de cavalo, sem maquiagem, - um desastre! E dá de cara com José Antônio (um pouco mais gordo, mas isso ela só foi perceber depois de passado o susto).
Veio a tremedeira, o suor nas mãos, a taquicardia – esses sinais bobos de mulher sentimental.
- Olá! Quanto tempo?
- É, quanto tempo...
(e quase que ela começa a cantar Sinal Fechado...)
Conversa vai, conversa vem, ela querendo sumir com suas pernas expostas, sua barriga exposta, seu coração exposto... e ele:
- Eu me separei, você sabia?
É claro que ela sabia, nos mais sórdidos detalhes do escândalo, mas limitou-se a responder:
- É... a vida é assim...
- E você? Continua casada?
- Sim, continuo...
Silêncio
- Bem que eu poderia ter me casado com você... quem sabe teria sido feliz?
Ela olhou-o bem nos olhos, respirou fundo – afinal havia chegado o momento pelo qual esperava há mais de 20 anos – e respondeu:
- Não casou porque não quis. Eu era apaixonada por você. Agora é tarde... Adeus, preciso ir...
Virou-se e saiu caminhando sem olhar para trás.
Mas já não era orgulho ferido. Não queria que José Antônio percebesse as lágrimas no olhar.
Só então percebeu que a vingança tem um gosto amargo demais.
(imagem: Terceira Ponte, Ilha de Vitória-ES ao fundo, foto original em sépia)
1 comentários:
Gostei do seu blog. Passeando por aqui chamou-me a atenção no seu REENCONTRO "A vingança tem um gosto amarco demais".
É...
Aterrisar por aqui me faz refletir que o melhor mesmo é manter o coração ocupado de sentimentos bons. O que foi foi...
Jacinta Dantas
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