Durante décadas acalentei três grandes sonhos: fazer o Caminho de Santiago, fazer a Trilha Inca e conhecer as Ilhas Gregas, os dois primeiros eu já realizei, o terceiro, com certeza, ainda não chegou o momento, porque descobri que nunca sou eu quem escolhe, mas os destinos que escolhem por mim.
Mas para explicar isso tenho que voltar no tempo (voltar muito, rs).
Quando eu era criança, pobre, sem grandes perspectivas de futuro, eu vinha com meus sonhos mirabolantes e meu pai sempre dizia: - Minha filha, pobre honesto, como quero que vocês sejam, só têm um caminho para vencer na vida: Estudo!
Com isso eu estudava com afinco, sempre tirava as melhores notas, mesmo tendo começado a trabalhar com 12 anos (se fosse agora estávamos “no sal”, seria trabalho infantil) nunca me faltou tempo para nada. Principalmente para ler todos, literalmente, os livros da pequena biblioteca do nosso Ginásio. Lá eu me apaixonei pelas Ilhas Gregas, porque paixão a gente não esquece, guarda dia, hora, lugar.
A Trilha Inca caiu no meu colo em 1979, assistindo a uns slides (naquela época em ainda existiam slides projetados na parede) sobre a viagem de um amigo - Marcus, que no futuro viria a ser pai-irmão-confidente-conselheiro, que ama viajar e que tinha ido a Cuzco e Machu-Picchu. Daí falei: - Um dia eu vou, mas quero fazer a trilha, porque comigo é assim, nunca pela metade.
Mas para explicar isso tenho que voltar no tempo (voltar muito, rs).
Quando eu era criança, pobre, sem grandes perspectivas de futuro, eu vinha com meus sonhos mirabolantes e meu pai sempre dizia: - Minha filha, pobre honesto, como quero que vocês sejam, só têm um caminho para vencer na vida: Estudo!
Com isso eu estudava com afinco, sempre tirava as melhores notas, mesmo tendo começado a trabalhar com 12 anos (se fosse agora estávamos “no sal”, seria trabalho infantil) nunca me faltou tempo para nada. Principalmente para ler todos, literalmente, os livros da pequena biblioteca do nosso Ginásio. Lá eu me apaixonei pelas Ilhas Gregas, porque paixão a gente não esquece, guarda dia, hora, lugar.
A Trilha Inca caiu no meu colo em 1979, assistindo a uns slides (naquela época em ainda existiam slides projetados na parede) sobre a viagem de um amigo - Marcus, que no futuro viria a ser pai-irmão-confidente-conselheiro, que ama viajar e que tinha ido a Cuzco e Machu-Picchu. Daí falei: - Um dia eu vou, mas quero fazer a trilha, porque comigo é assim, nunca pela metade.
O Caminho de Santiago foi em 1984. Lendo uma revista sobre aventuras, ele estava lá, na lista das aventuras pelo mundo. Numa época em que a internet não existia, comecei a pesquisar escrevendo cartas à revista, buscando enciclopédias, etc.
Com o advento da internet as coisas ficaram mais fáceis, depois Paulo Coelho fez do Caminho o que fez. Tudo bem que foi ele quem disseminou entre 99% das pessoas o conhecimento da existência do Caminho, mas ficar sete dias andando em círculos nos Pirineus, nem eu com toda a minha demência!
Mas a vida nunca segue nossos planejamentos. No princípio eu tinha tempo mas não tinha dinheiro, quando vim a ter um pouco dinheiro, não tinha tempo, e assim os anos foram passando, nunca coincidindo tempo e dinheiro. Mas nunca deixei de estudar sobre esses três lugares. Comprava revistas, livros, conversava com pessoas e, assim, ia me preparando porque sabia que um dia eu iria.
Neste ínterim, minha professora de ioga desistiu de dar aulas e me indicou outra – Cristina, que viria a se tornar uma grande amiga.
Com o advento da internet as coisas ficaram mais fáceis, depois Paulo Coelho fez do Caminho o que fez. Tudo bem que foi ele quem disseminou entre 99% das pessoas o conhecimento da existência do Caminho, mas ficar sete dias andando em círculos nos Pirineus, nem eu com toda a minha demência!
Mas a vida nunca segue nossos planejamentos. No princípio eu tinha tempo mas não tinha dinheiro, quando vim a ter um pouco dinheiro, não tinha tempo, e assim os anos foram passando, nunca coincidindo tempo e dinheiro. Mas nunca deixei de estudar sobre esses três lugares. Comprava revistas, livros, conversava com pessoas e, assim, ia me preparando porque sabia que um dia eu iria.
Neste ínterim, minha professora de ioga desistiu de dar aulas e me indicou outra – Cristina, que viria a se tornar uma grande amiga.
Um dia, já nos anos 90, conversando com a Cris falei do Caminho e ela me disse que também era o grande sonho dela, mas que também não tinha dinheiro. Naquela época eu ainda era meio imediatista, esperar para mim era um tormento. Eu achava que estava sendo castigada por Deus (naquele velho conceito católico apostólico romano).
Aposentei-me, o tempo foi passando... E sempre conversávamos, eu e a Cris, sobre nossa ida. Ela me dizia: - O dia que conseguirmos vender a casa que recebemos por herança (ela e os irmãos), nós vamos, nem que eu pague sua parte.
Eu contestava: - Preocupa não, na hora certa o dinheiro vai aparecer.
Foi então que em dezembro de 1999 eu recebi um telefonema de uma agência bancária pedindo meu comparecimento. Fui ver o que era. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que, na correria para minha aposentadoria, eu havia aberto uma poupança “a regularizar” (coisa de gente que trabalha em banco) e me esquecido completamente! Resultado: Ali estava o dinheiro para a viagem, ou melhor, o dinheiro para me manter na Espanha, porém ainda faltava o da passagem.
Na mesma semana fomos a uma festa e ficamos na mesma mesa, eu e meu esposo, Marcus (aquele dali de cima) e esposa, e eu, toda eufórica, contei para ele os meus planos. Parêntesis: Marcus já deu não sei quantas voltas ao mundo, para ele nada substitui a cultura que se adquire com as viagens. Ele amou e então seguiu este diálogo:
- Quer dizer que você quer fazer o Caminho de Santiago e só falta a passagem?
- É Marcus, mas na hora certa eu vou conseguir, quem sabe no final do ano que vem, com o 13º salário...
- Então pode marcar já. Não falta mais nada. Vou te dar a passagem.
Eu caí num pranto que não conseguia nem falar. Como assim? Ninguém dá uma passagem para Europa a um amigo! Foi quando sua esposa me disse: - Kátia, Marcus te ama como a uma filha, aceita!
No final aceitei com a condição de pagá-lo quando pudesse (não se preocupem, eu paguei sim, tá?).
Isso aconteceu numa madrugada de sábado para domingo (14 de dezembro de 1999), estávamos em recesso da ioga e Cris tinha ido para Belo Horizonte visitar parentes. Ou seja, estava incomunicável, pelo menos para mim.
Meu estômago dava voltas de tanta ansiedade. Mas eu sabia que teria que esperar, que a melhor época era maio-julho, etc.
Quando a Cris voltou, em janeiro, não quis falar ao telefone. Fui cedo para a aula e logo contei as novidades e logo estávamos abraçando-nos e chorando e rindo... mas ela seguia sem o danado do dinheiro.
Porém o meu “faro” de bruxa me dizia que era uma questão de tempo.
Março chegou.
Fui para a aula de ioga e encontro Cris com os olhos rasos de água e um doce sorriso no rosto. Ela me olha e me pergunta: - Adivinha o que aconteceu?
Não precisei adivinhar, eu sabia: - Você vendeu a casa!
- Vendemos! Santiago, lá vamos nós!
Aposentei-me, o tempo foi passando... E sempre conversávamos, eu e a Cris, sobre nossa ida. Ela me dizia: - O dia que conseguirmos vender a casa que recebemos por herança (ela e os irmãos), nós vamos, nem que eu pague sua parte.
Eu contestava: - Preocupa não, na hora certa o dinheiro vai aparecer.
Foi então que em dezembro de 1999 eu recebi um telefonema de uma agência bancária pedindo meu comparecimento. Fui ver o que era. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que, na correria para minha aposentadoria, eu havia aberto uma poupança “a regularizar” (coisa de gente que trabalha em banco) e me esquecido completamente! Resultado: Ali estava o dinheiro para a viagem, ou melhor, o dinheiro para me manter na Espanha, porém ainda faltava o da passagem.
Na mesma semana fomos a uma festa e ficamos na mesma mesa, eu e meu esposo, Marcus (aquele dali de cima) e esposa, e eu, toda eufórica, contei para ele os meus planos. Parêntesis: Marcus já deu não sei quantas voltas ao mundo, para ele nada substitui a cultura que se adquire com as viagens. Ele amou e então seguiu este diálogo:
- Quer dizer que você quer fazer o Caminho de Santiago e só falta a passagem?
- É Marcus, mas na hora certa eu vou conseguir, quem sabe no final do ano que vem, com o 13º salário...
- Então pode marcar já. Não falta mais nada. Vou te dar a passagem.
Eu caí num pranto que não conseguia nem falar. Como assim? Ninguém dá uma passagem para Europa a um amigo! Foi quando sua esposa me disse: - Kátia, Marcus te ama como a uma filha, aceita!
No final aceitei com a condição de pagá-lo quando pudesse (não se preocupem, eu paguei sim, tá?).
Isso aconteceu numa madrugada de sábado para domingo (14 de dezembro de 1999), estávamos em recesso da ioga e Cris tinha ido para Belo Horizonte visitar parentes. Ou seja, estava incomunicável, pelo menos para mim.
Meu estômago dava voltas de tanta ansiedade. Mas eu sabia que teria que esperar, que a melhor época era maio-julho, etc.
Quando a Cris voltou, em janeiro, não quis falar ao telefone. Fui cedo para a aula e logo contei as novidades e logo estávamos abraçando-nos e chorando e rindo... mas ela seguia sem o danado do dinheiro.
Porém o meu “faro” de bruxa me dizia que era uma questão de tempo.
Março chegou.
Fui para a aula de ioga e encontro Cris com os olhos rasos de água e um doce sorriso no rosto. Ela me olha e me pergunta: - Adivinha o que aconteceu?
Não precisei adivinhar, eu sabia: - Você vendeu a casa!
- Vendemos! Santiago, lá vamos nós!
9 comentários:
Estou amando essa série do Caminho!
bjobjo
saudades!
O começo!
Uma viagem no Mundo presente
Será que o vento açoita as árvores
Ou são elas que cedem ao embalo docemente
Um doce embalo em brisa de verão para ti
Boa semana
Mágico beijo
Me emocionei com o seu relato...É incrível, como quando queremos muito algumas coisa, o Universos realmente se encarrega de nos abrir as portas!!! Parabéns pelo que conseguiu e tenho certeza que as Ilhas Gregas, logo, logo, vão surgir na sua frente!!!
Beijos de luz e o meu carinho...
ps. também sonho em fazer o caminho de Santiago...Mas, acho que ainda não sonhei direito...
Ai, amiga..
Eu espero realizar este sonho também, um dia!!
Tua história me inspirou!!
Você me causa admiração...
Você é fantástica..
Linda!
Um beijo. =)
Nossas historias ficam tão bonitas quando escritas. Mas no vão de cada palavra há anos de sonhos, desejos, anseios.
Oh querida!!!já voltei!!
e pode se dizer que estava mesmo presa numa reuniao...rsrsrs
bjoosss
Obrigada, Kátia, por partilhar suas vivências. É tão bom sonhar, melhor ainda é a concretização dos sonhos que geram outros sonhos, outras realizações, outros sonhos...
Beijos
nada como ter sonhos, amigos e agarrar as oportunidades... tudo acontece no devido tempo...
bjs
Katia, eu nem sei como vou e quando..to tentando ja fazer uam poupança...de certo receberei um dinheiro quando me aposentar, PASEP..etc..e dai penso em tirar uma parte...a passagem talvez seja no cartão...
Apesar que decidi sobre essa viagem em 1998, não sei ao certo o porquê..eu ja conhecia sobre o caminho, li o livro o Paulo, mas acho que foi meu espirito aventureiro e vontade de fazer uam grande coisa na vida, alem de ter filhos, plantar arvoes e escrrever um livro...Blog é livro?..rs
beijão
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