Fizemos um pit-stop e retomamos a trilha.
Muruzábal é um povoado pequenino e tem uma igreja bonita, só isso!
Óbanos tem importância histórica (e muitas, muitas rosas) e um casario do século XIV muito bonito.
Em Uterga eu havia descoberto uma pequenina bolha no meu pé (a primeira, mas na minha ignorância julgava ser a única), então, durante a caminhada, meu pé começou a doer mais do que o normal. Como não tínhamos dormido quase nada, chegamos a Puente
Detalhe do Crucifixo - Cruz em forma de Y - Séc. X - Igreja em Puente La Reina
Fiz meu serviço e depois fui tomar banho. Foi minha primeira experiência com banheiro misto. Meio estranho, mas carreguei minhas coisas (inclusive uma toalha de rosto que o Mauricio me deu, porque eu esqueci a minha em Uterga, graças a Deus! menos um peso, já que a que ganhei era mais leve e apropriada!) e tomei meu banho, saí já vestida. Quando sentei no beliche e fui cuidar dos meus pés, descobri uma bolha grande na lateral. Daí não agüentei. Comecei a chorar, e muito. Foi quando chegaram o José Carlos e o Jairo, aqueles que eu citei no capítulo da Mme Debrill e eles tentavam me consolar, e eu só fazia chorar e dizer que queria a Cris e o Mauricio, eles já estavam a ponto de sair a procurá-los quando eles chegaram.
Acho que todo o choro que eu guardei nestes dias saiu de uma vez só! Chorava de dor, de impotência porque não havia nada que eu pudesse fazer a não ser “costurar” minhas bolhas (passar uma agulha limpa com linha de um lado a outro e deixar a linha, como que um dreno).
Neste meio tempo, sai um homem do banheiro, pela cor acho que era alemão, praticamente nu. Cristina quase desmaiou. O Mauricio ficou uma fera, quis brigar, disse que era falta de respeito, foi difícil contê-lo. Daí, quando conseguimos sossegar a fera, sai uma mulher, na faixa dos seus sessenta e muitos anos, enrolada numa toalha, aproxima do beliche, tira a toalha e fica nua, troca a roupa, como se estivesse sozinha no seu quarto. Foi então que nos demos conta das nossas primeiras e grandes diferenças, principalmente as culturais, e o quanto precisaríamos exercitar a paciência e aceitação do outro para que pudéssemos ter uma convivência pacífica.
Reencontramos Ana e Walter. Tivemos notícias de que Maria do Carmo e seus fiéis escudeiros estavam a caminho, e bem!
Puente La Reina (detalhe para sacolinha de compras: comida!)
Naquele dia, depois das compras (sagradas), espalhei minhas coisas na cama e comecei a descartar o peso inútil. Dei meu travesseiro para o Maurício, na caixa onde ficam os descartes do tipo "eu coloco o que não quero, você pega o que precisa", deixei shampoo, creme de cabelo, sabão de coco. A partir daquele dia era um só sabonete. Com ele eu lavava os cabelos, tomava banho e lavava roupa... e juro que meu cabelo nem reclamou!
Também abandonei o meu caderno, onde estava anotando algumas impressões e as fotos que tirava. Fiquei com apenas algumas folhas.
Foi difícil me desfazer dele... mas eu começava a aprender que no caminho, como na vida, existem momentos em que é necessário uma parada para se descartar os pesos inúteis que carregamos, sejam eles um frasco de shampoo ou uma mágoa.
Dormi sem saber como meus pés estariam no dia seguinte.
27 comentários:
Este choro que não me deixa td vez q venho aqui...
Vc, hoje, contou pouco...
...(depois de uma longa pausa pra pensar...)acho q somos duas maluquinhas...
bjo.
K.
Excelente blog. Saludos desde Indiana, USA de José T. Espinosa-Jácome (Maylo)
Quanta coisa se aprende... Estou gostando muito de acompanhar você na sua viagem!
Espero que tenha valido cada pequeno calo...
Beijos de luz e todo o meu carinho!!!
Você chorou por uma bolha, né? Sei... rs
Beijos peregrina!
mulher...
sei que a gente tem que treinar o desapego... mas, travesseiro não dá... o shampoo, até poderia ser... mas, condicionador, nunca... você não té entendendo meu cabelo rsrs sem esse "detalhezinho", eu é quem choraria...
bjs
hahaha
hilária a sua descrição da alemã saindo do banheiro... acabei rindo alto em frente ao computador.
Me lembra a viagem que fiz de trem entre frança e itália. Dormimos no trem em uma daquelas cabines com duas beliches-gavetas bem apertadas. Como éramos três (eu, uma prima, irmão e uma tia) sobrou uma cama que foi ocupada por um italiano (ou seria um francÊs?). Não é que de noite ele desce da cama de cueca e meias até o joelho e fica andando no trem praticamente pelado! ficamos assustados com aquilo... enfim, diferenças culturais.
Kátia,
Minha Doce Peregrina, se, por acaso, por loucura, ou excesso de sensatez, fores ao Himalaia, não, não te esqueças de me chamar,rsss...Pisciana e canceriana, somos semelhantes, viajantes na terra e caminhantes nas nuvens...Ninguém nos segura!
Obrigada, "moça do roseiral de Monet"... Um delicioso final de semana!Bjssss...Vou fazer teu link depois, aliás, é meu filho quem os organiza pra mim.
Uma dica de cinema:não deixe de ver o filme recente "Antes de Partir" com Jack Nickolson e Morgan Freeman. Tem tudo a ver com o que gostamos, te garanto!
Olha, colei uma imagem daqui para a nossa galeria permanente, posso? Sei que posso...
Obrigada, Kátia!
As imagens e selos ficam na lateral do post, sempre vão aparecer e para lá irá, por enquanto, essa imagem que você me presenteou (não conta pra ninguém, mas foi com a Rê que peguei essa mania,rsss). Eu tenho que voltar aqui, COM CERTEZA, para fazer um passeio por todos os teus posts, se Deus quiser, Ele há de querer! O JARDIM DE MONET? Esse não vai me escapar...Mas, não deixe de ir ao Himalaya (escrevo com y, é frescura,rsss) e se não me levar, traga-o para nós!!!
(filmaço, hein?)
Querida Kátia, fico muito feliz que minhas humildes palavras tenham falado com vc...
A luz é assim mesmo...ilumina, aquece e nos abre os olhos,
um abraço!
Risosss...E eu? O que sou? Pior, ninguém descobriu ainda...Ah, tá melhor que orkut e msn, com certeza!
Queres "Selos de Poeta"? Não existem. Drummond os teve? Pessoa? Quintana? Chico Buarque?Cecília? Por aí...Tá vendo? Estás em boa companhia...Mas, se isso te conforta a alma, vai lá, leva aqueles meus (meus?) que os queridos Rê e Anderson e agora a Sam me deram e sei lá porque! Enfim...Fica em PAZ!!!Aiiiii, essa vida...
Espero que os pés já tenham melhorado!
Passei para deixar um beijo e desejar um final de semana muito feliz!!!
Oi minha amiga Katia.
Passei para lhe desejar um final de semana com muita paz e descanso.
quanto a sua bolha, espero que tenhas se recuperado dela.
Obrigado, por seus comentários sempre alegres em meu cantinho, mas nosso amigo, acho que não gostou dos meus.
Deixa pra lá.
na próxima viagem te acompanharei, pois agora só a acompanho em blog.
Beijos amiga.
aproveite e fique na paz.
Regina Coeli.
Passei para deixar um abraço. Bonito ver você relatando suas peregrinações. A busca de si mesmo sempre rende belas aventuras... e bolhas.
Belas terras, tal como as fotos e o blog. Dá gosto.
Chega uma hora, tanto nessas caminhadas quanto na vida que é difícil fingir que não se sente fatigado, e sai tudo de uma vez só. O choro, a tristeza.
Mas o final sempre compensa ;)
Mas tem coisa pra ler..srrsrs
Nossa..delicia eses relatos....
Beijos Katia...
Val
* não lembro senha de meu blog...kkkkkkkkkkkk
Quanto mais a leio, mais a admiro, pois jamais faria isso. Amiga, acabo de publicar algo de belo. Um post feito a várias mãos, ou seja, vários colegas da Blogosfera contribuíram para esta postagem. Venha apreciá-lo.
wwwrenatacordeiro.blogspot.com
Um beijo,
Renata
Estava no blog da Vanuza e li um comentário seu, que descobriu no meu que não é poeta...
Quem disse que não?
Se você é uma pessoa que divulga as coisas belas da vida, faz de momentos insignificantes, eventos históricos...você é poeta sim..
Me explica isso direito!! Rsrs..
Um abraço!
Falei que voltava, não falei? Já colamos por lá os "chorões" de Monet, divinossss...Obrigada, de coração!
Agora, se me permite, vou passear por aqui, curtir contigo pelos caminhos por onde passaste...
Kátia, uma tarde de PAZ, minha Amiga! Bjsssss
Ei Kátia,
está sendo muito legal te acompanhar nessa viagem-recordações que você faz. E, gostoso na leitura, é sentir o que fica de bom humor, aprendizado e auto-conhecimento.
Beijos
Jacinta
Você é linda.. tuas histórias são perfeitas.. poesia por trás da prova.. mágico!
Um beijo, querida! =)
Te lendo, parece que estou viajando por aí. Teu blog é viajar. Muito bom.
Maurizio
...Numa época eu me associei ao Albergue da Juventude ja pensando em conehcer esse ambiente...qundo viajo sempre procuro ficar em um...alem de seguro e bom atendimento, tem esse convivo com diferentes culturas...Jpa fiquei no mesmoo quarto com mulheres Austriacas, Chilenas, Argentinas, Autralianas, Americanas e Neo-Zelandesa...com comportamentos bem diferente das brasileiras
..ah, tenho que conhecer a Ermida de Nuestra Señora de Eunate..ta anotado
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